domingo, novembro 30, 2003



em baixo, do lado direito, algumas esparsas casa do vale. o cupinzeiro nos lembra a pobreza da terra.

forasteiros

todas as tardes eu saía para passear com meu cavalo. andava por brenhas descobrindo as pedras, anunciando verdes e lavando o suor no frescor de alguma fonte.

aí veio a ordem do síndico do condomínio. proibido andar pelas ruas ou manter cavalo nas chácaras. comprei briga. a convenção me garantia o direito. comprei briga com o secretário de obras da prefeitura que mora aqui e me mandava bilhetes. (a prefeitura fez um calçadão, com óxido vindo da austrália e não terminou por falta de grana. )

briguei tanto que cansei. afinal não estou para isto. vendi o cavalo a sela o sonho e o prazer. ele aparava a grama como nenhuma máquina consegue. estava quase conseguindo um gramado inglês.

agora morro de rir: num condomínio rural de terceiro mundo eu não podia andar pelo asfalto mal traçado cavalgando o meu cavalo. e hoje uma parada eqüestre toma as ruas de paris, cavalos, pôneis e burros,

"A procissão de 300 montarias, ponto ato da exposição eqüestre anual, passou por alguns dos mais famosos locais de Paris num trajeto de 14 km pela Torre Eiffel, sobre o Sena, ao redor da Bastilha e pela frente do Louvre. "

tudo isto lá no primeiro mundo. aqui em caxambu , cidade perdida nas grotas do país, onde o desenvolvimento passa ao largo, os cavalos das charretes tradicionais andam com fraldões. e até pouco tempo quem vinha da roça providenciar mantimentos na cidade não podia entrar montado num cavalo que levaria o peso das compras.

morro de rir justo agora que volto a brigar com o condomínio que qpretende fugir ao padrão rural transformando -o numa cidade artificial. o lugar é lindo mas quando a gente olha de cima vê que nada se move aqui. somente o vento nas folhas . não há cachorro nas ruas, é proibido. não há crianças brincando. também foi proibido. aliás tudo aqui é pribido: galo cantar, vaca aparecer na divisa e mugir, tudo é proibido.

somente o vento nos lembra que isto não é um cemitério, com suas casinhas e jardins simétricos como em pleasentville, o filme em que tudo na cidade é em preto e branco. até que uns entram pela televisão e vão provocando sentimento nas pessoas. e as cores aparecem.

em breve vou mudar. para paris. amarrar meu cavalo no arco do triunfo. onde o maire irá me perguntar se preciso de água e farelo. e com toda a educação e delicadeza do mundo.

o mais engraçado é que aqui só mora quem veio do rio, excetuando um dentista que construiu uma casa de três andares, proibido pela convenção, afinal não são lotes e sim chácaras e o secretário de obras da prefeitura. os demais somos todos forasteiros.

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