domingo, fevereiro 15, 2004



no tempo quando o vento tinha onde,
as beiras diziam de eiras
e tanger cordas agradava
mais do que puxar gatilhos
fazer sair à força, tirar, arrancar,
não era escolhido, muito pelo contrário
contemplar havia dito o ferreiro
que forjou a primeira espada
contemplo o fogo que azuleia no aço
mesmo que para as eiras haja o escravo
cimentado de banzo o peso dos gritos
que urram em silêncio nas antigas fazendas
de paredes com mais de metro e meio de espessura
lá, quando o quando não era tempo
bem lá longe aonde o vento
escandia cordas soprava nuvens
e o som do perfume da terra
inundava a terra, está lá que a memória
não lembra mais de música
o pipoco de armas a pulverizar
trobar ais ric amara alva
no tempo em que havia sangue nas veias
e óculos não protegiam os olhos
da areia tão suspiravam as moças do funchal
além do atlântico que com tupis
inventaram nova grei o ferreiro repetiu
as marcas que marcam rês não as usem
contra o escravo negro ou gentio
o som do lugar onde pousam as fazendas
cantam lágrimas e especiaria
e se elas voam, levantam asas as casas grandes
é em busca dos antigos gemidos de prazeres
que acalentava as noites nas senzalas com
o cheiro ardido do cê-cê a ferir narinas
empinar grelos e falos qual navios
enfunavam no mar as pontes união de continentes
assim nasciam marias, veninas, arletes, caintinias
aprendendo a rezar ave-marias e palavras que mentem.


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