viu agrestino, ou manoel carlos pinheiro?
quando a alma desencosta
do corpo ferido
do sentido em pânico
quando você pede volta
ao gesto antigo
de fala branca
é quando o pedido
esfarela na escarpa,
a tristeza estampa
o momento insabido.
quando se perde a alma
seja no agreste
ou na macieza doce
de mata submetida
ela fica perdida,
irremida . como codas
de cordas cordeando
o triste bandido
que matou a vida
contou um tango
sangrou mais a ferida.
tirado do agreste o abaixo
"Qual é o jogo?
Podemos não saber exatamente qual é a jogada do governo ou da mídia neste episódio envolvendo jogo e corrupção. Sabemos apenas que nós, povo brasileiro, perdemos o jogo, sem estarmos participando da jogatina.
Há pouco mais de um ano, nós votamos contra o candidato de FHC na esperança de dias melhores.
Votamos na perspectiva de mudança radical das políticas públicas, notadamente a política econômica.
E, desolados, vimos serem reafirmadas e aprofundadas as políticas do governo anterior.
É cópia de filme antigo; com um agravante: a cópia é muito inferior ao original.
O Prepone Lula e seus aspones conseguiram mais do que um mau governo, mais do que nos decepcionarem; conseguiram deixar-nos desesperançados.
O mal maior deste governo (ou desgoverno?) foi matar, temporariamente, a nossa esperança.
Mataram, temporariamente, nossa crença na organização popular para lutar.
Qual a novidade? qual a mudança?
A arrogante pretensão de interferir em outros poderes? a liquidação do que resta do patrimônio público? o descarado favorecimento do capital financeiro internacional?
Os sindicatos, quase todos, tornaram-se pelegos.
As ONG agora são, em sua maioria, Organizações Neogovernamentais.
E o que temos?
A fome, a carestia e o desemprego aumentaram.
A corrupção, o favorecimento de parlamentares em troca de apoio e a pressão descabida sobre opositores permanecem.
O próprio governo desrespeita o que resta de legislação de proteção ambiental.
Em síntese: temos um governo antipopular, antinacional e antidemocrático.
Até quando? Quando nós, povo brasileiro, assumiremos as rédeas do nosso destino?
Até quando ficaremos sem lutar? Mas, lutar para quê?
Lutar por um Brasil dos brasileiros para os brasileiros.
Para termos os frutos do trabalho para quem trabalha; a nossa terra para quem nela vive e produz; trabalho, comida, saúde e educação para todos; um processo de desenvolvimento com sustentabilidade sócio-ambiental; a garantia das liberdades individuais e o respeito às diferenças... "
que apresenta como sugestão de leitura
Quando se perde a alma
Fonte: Folha de S. Paulo
Página: A2
Data: 20.02.2004
CLÓVIS ROSSI
PARIS - Quando você chama Orestes Quércia de ladrão de carrinho de pipoca e depois pede e recebe o apoio dele; quando você passa a vida chamando Paulo Salim Maluf de tudo quanto é nome e depois incorpora o partido dele a sua base de apoio no Congresso; quando você inferniza o governo JOSÉ SARNEY e toda a herança dele, inclusive a candidatura de sua filha à Presidência, e depois o transforma em um sábio conselheiro de seu governo; quando você diz o diabo de Antonio Carlos Magalhães e depois aceita o apoio dele.
Quando você ataca feroz e vigorosamente a política econômica do seu antecessor e depois pratica política idêntica; quando você sataniza toda a sua vida o Fundo Monetário Internacional e depois aplica condições (não pedidas) ainda mais draconianas para o acordo com o ex-Satã; quando você passa a vida ensinando os outros quais são as políticas sociais certas e depois não consegue fazer a política social certa, a ponto de ter que demitir, em apenas um ano, dois dos responsáveis por elas.
Quando você se alia aos antigos inimigos e expulsa antigos companheiros cujo único crime foi o de continuar defendendo o que você defendia até a véspera; quando você faz campanha eleitoral prometendo mudanças e inicia o discurso de posse com uma única palavra (exatamente "mudança") e depois muda muito pouco ou nada.
Quando você faz tudo isso, você rifou seus princípios, vendeu a sua história e tornou-se um ser amorfo, sem alma, sem projeto, a não ser o projeto de permanecer no poder. Enterra o orgulho pela história já vivida porque não pode permitir que investiguem a sua nova história.
Nem você mesmo sabe se existe ou não "conduta irregular" de um funcionário seu, como admite agora até o seu líder no senado, Aloizio Mercadante.
Enfim, tem de jogar o jogo como quase todos jogaram antes de você. E fracassaram.
Temo que seja tarde para voltar atrás e re-reescrever a história e que um filme velho e triste está sendo reencenado com novo elenco. Novo?
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