segunda-feira, junho 28, 2004

um céu para oscar






oscar morreu. hoje de manhã. ainda estava vivo quando acordei. respirando com dificuldade no fundo da gaiola. gelado. eu o aninhei em minhas mãos quentes do sono. era muito pequeno. a mãe o abandonara faminto e tremulo de frio. durante este mês de junho foi alimentado com conta-gotas onde a comida era diluída. de 15 em 15 minutos.

uma perna era maior do que a outra. as asas também não eram iguais. tinha duas grandes verrugas perto do olho esquerdo. faminto, comia muito, o papo enchia e oscar não se firmava nas pernas. tombava para o lado. chamava quando sentia fome. foi feliz, vivia tentanto saltar de um poleiro para o outro, caindo sempre, levantava sacudia as ralas penas , reiniciava o aprendizado.

tinha um ídolo. o francisco frederico a quem ele seguia para todos os lados e procurava imitar.isto irritava o francisco frederico que vez em quando o bicava. hoje adulto e já ensaindo canto, como aturar uma criança insistente como oscar que pulava de alegria quando ele voltava para gaiola depois de passear ao sol?

a morte dele não foi de passarinho. sofreu. respirava com dificuldades mas eu sentia seu coração pulsando forte em minhas mãos. nutria esperanças. de repente os olhos lacrimejaram, tremeu o corpo inteiro e a cabeça pendeu no descanso de minhas mãos. olhei para seu bico imenso. bem maior do que a cabeça. descansou.

este céu é teu, oscar. tem um galho para você pousar após o vôo que agora, liberto do peso do corpo torto, poderá ousar. leve meu amor contigo para nos momentos em que estiver só saber-se sempre amado. lembranças da mirian e do francisco frederico. este vôo, menino passarinho, é só teu. aproveite-o ao máximo.

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