sexta-feira, junho 18, 2004



porque afinal, pedimos respeito e participação igual


conversa com mariza lourenço do proseando


Apelo

Mariza Lourenço

Faça em mim um carinho

que me acorrente à vida
sem me prender, em demasia,
a alma:
quero-a livre
para pousar em qualquer canto
desde que seja
en'canto e calma



este poema de mariza lourenço foi capturado em plataforma para a poesia
onde mariza é uma das colaboradoras.
advogada, escritora e poeta, conselheira do conselho municipal dos direitos da mulher, ex representante da comissão mulher advogada de valinhos, é uma das editoras adjuntas do PD-Literatura PD Criança e das Trilhas Literárias . seu blog é o proseando com mariza.


esther diz:
como foi sua infância, mariza?
mariza diz:
tive uma infância e uma adolescência cheias de coisas bonitas, tinha um pai que amava, mas do qual morria de medo.às vezes me pego pensando o que um bom analista não faria com meu caso de culpa eterna.eu fico entre a cruz e a caldeirinha o tempo todo. meu irmão acha que sou boa advogada quando se trata dos casos alheios, mas
que faço corpo mole pra tratar dos meus problemas pessoais. é aquela tal história de ter que provar o tempo inteiro e pra todo mundo que se é capaz.

esther diz:
pois e, mariza, nós precisamos do olhar do outro para referendar nossos atos. é sempre o outro que nos reflete. você é de onde?
mariza diz:
ah, valinhos. é a terra do figo roxo, uma verdadeira delícia, Esther. Moro numa chácara que papai nos deixou ao falecer. É pertinho da capital (uns 72 km) e bem ao lado de Campinas. A temporada de figo roxo é em janeiro, mas costumamos fazer doce de figo verde fora de temporada. Gostoso demais. Ouço os passarinhos e a vida é tranqüila,
quando não complica.
Particularmente gostei muito de Niterói, quando a conheci há muitos anos atrás, com papai. pensei que você fosse mineira. Morei em Belo Horizonte e se eu pudesse escolher um lugar pra morar seria lá, sem sombra de dúvidas. Sou paulista (de Bauru), mas mineira de coração, nem o sotaque perdi. Caxambu deve ser uma delícia *:) moro no vale verde. mas acabei de chegar em casa, estava em audiência... (mariza, como advogada penal, divide sua vida entre a
chácara, o fórum, a literatura, os filhos e a oab. acabou de ser nomeada para defender uma pessoa num processo). Desde ontem estou correndo atrás dos meus processos, O fórum é minha segunda morada... rs...
Inúmeras vezes cheguei a questionar o poder da justiça e seu alcance.
Tenho questionado igualmente meu papel de operadora do direito, porque, afinal de contas, toda essa morosidade da justiça é minha velha conhecida.
Na sexta-feira fui coordenar os debates da plenária municipal de Valinhos, preparatória para a 1º conferência nacional de políticas para mulheres. E, claro, as propostas sempre têm a mesma finalidade, garantir à mulher igualdade em direitos. Ouvindo as debatedoras, cada qual com suas propostas, comecei a pensar no tanto que já se lutou e no tanto que ainda precisa ser feito.
Coisas básicas, na verdade, porque afinal, pedimos respeito e participação igual nas decisões que nos afetam e ao nosso país.

Talvez o homem tenha medo da mulher no poder, justamente porque os olhares sobre as problemáticas sejam, substancialmente, diferentes. Porque eu duvido, Esther, que algum homem tenha a capacidade de recomeçar tantas vezes, como a gente.


antes de mariza lourenço se afastar da rede para resolver seu trabalho ela iniciou este papo comigo. no entanto, sobre poesia, contos, crônicas, falamos nada. ficou combinado para seu retorno, que será em breve,outra rodada de conversa. enquanto isto, uma amiga dela está postando no proseando com mariza, conforme ela explica no blog .
enquanto isto, certamente, estará em viagens mentais chegando à casa de todos e oferecendo figo roxo, lá de valinhos, no proseando.


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