terça-feira, julho 13, 2004


olympia



estava revendo "olympia" e "o triunfo da vontade" documentários sobre
os jogos olímpicos da alemanha do terceiro reich e sobre a figura de
hitler e do nazismo de leny riefenstahl.
cada frame, cada take, é maravilhoso. já ouvi cineastas comentando que
leny riefenstahl deu colorido ao preto e branco, da mesma forma
preconceituosa com que se diz que fulano é um negro de alma branca.ela
utilizou o cinza, o preto e o branco de modo a não restar dúvidas de
que o fotografado era a emoção que ela nos passava. viveu intensamente
a busca pela aventura e pela representação da beleza física. após
completar 100 anos ela ainda continuava mergulhando para fotografar
tubarões e outros animais e paisagens submarinas, uma de suas paixões.
morreu aos 101 anos de idade em sua casa em pöcking (baviera, sul da
alemanha). conhecida, banida e indesejada, apesar de negar o rótulo de
nazista é impossível não saudar a beleza de sua arte. procurar separar
o artista do criador sei que é tema de imensas discussões. mas para
banir leny teremos de fazer o mesmo com wagner, ezra pound,heideger e o
papa de hitlerI. dentre tantos.

capturei alguns takes de olympia.




ao ler "outros escritos"de jacques lacan recolhi em seu discurso sobre marleau-ponty, momentos que ilustram , a meu ver, o que sinto em ver as fotos feitas por leny riefenstahl.



"pois, para além desse jogo, o que meu gesto articula, sim, somente aí,
é o eu (je) evanescente do sujeito da verdadeira enunciação.




com efeito, basta que o jogo se reitere para constituir esse eu que,
por repetí-lo, diz o eu que aí se faz.




mas esse eu (je) não sabe o que diz, rejeitado que é, pelo gesto, como
que para trás, para o ser que a ejeção coloca no lugar do objeto que
ele rejeita.




assim, eu quem diz só pode ser inconsciente daquilo que eu faço, quando
não sei o que, fazendo, eu digo."

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