sábado, março 26, 2005


recebi este email do carlos alberto, mais uma voz a ser ouvida.


Carlos Alberto Motta Lara to me


Prezada Esther, (email recebido ontem)

como de costume, li hoje, logo cedo, a coluna da Cora Rónai em O Globo e me

surpreendi com o tema abordado.


Meu nome é Carlos Alberto Motta Lara, resido no Rio de Janeiro e tenho uma

casa em Baependi, a vetusta vizinha cidade mãe de Caxambu.


Gostaria de parabenizá-la pelo texto citado pela jornalista e tecer algumas

breves considerações sobre o mesmo.


Primeiramente, devo alertá-la que no caso do calote sofrido pelo azarado

artesão, a ausência de obrigação entre as partes, supostamente ocasionada

pelo fato de ser o contrato verbal, não procede.


Não se faz necessária a formalidade da escrita para que haja obrigações entre

contratantes. Farta, unânime e definitiva é a doutrina jurídica nesse

sentido.


Portanto, não obstante sua ingenuidade, comum aos artistas, o nosso Fernando

mantém dele inarredável a chance de ver seus direitos salvaguardados, se

assim os desejar.


Trata-se de uma questão de prova.

O direito não ignora tal circunstância, vez que a prevê.

Baependi é uma grande produtora e exportadora de artesanato na região.

Sofrem os artesãos, entretanto, do mesmo ataque vil, ignóbil e covarde dos

abutres atravessadores.


A falta de organização em forma de cooperativa faz deles vítimas de si

mesmos.


Não conseguem fazer preço, pois ficam, individualmente, à mercê de quem o

impõe.


Não fosse a lógica dessa filosofia cruel que banaliza a miséria, o próprio

espírito do capitalismo, eu diria que enquanto uns poucos donos dos meios de

produção se enriquecem, outros muitos donos do trabalho se empobrecem na

mesma proporção.


Aqui do lado, a quatro quilômetros, o cenário não é diferente de milhares de

pequenos lugarejos no Brasil, como Caxambu, e milhões no mundo, como Tendaho,

na Etiópia, onde o sistema, ignorando a cultura, a equidade e a isonomia,

engole os fracos e poupa os fortes numa verdadeira e macabra “seleção

natural” econômica.


É triste, mas é vero.

Para as mazelas produzidas pelos atuais políticos e as abandonadas em nosso

colo por seus antecessores, não vejo solução imediata.


Essa nossa cultura política arraigada é que afasta os bem e atrai os mal

intencionados, todos em sua maioria.


Verdadeira reforma política se faz necessária com urgência.

Vejo poucos mandatários de poder com esse discurso.

Tudo parece conveniente como está.

Tanto para a direita quanto para a esquerda e vice-versa, pois já não sei

quem é quem nessa geléia geral.


Entradas de cidades esburacadas, cinemas fechados, turismo abandonado,

riquezas seqüestradas...., certo está o povo quando, do alto de seu

incompreensível bom humor, decreta: a merda continua a mesma, só mudam os

mosquitinhos.


Grande abraço,

Carlos Alberto

mottalara@ig.com.br

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