recebi este email do carlos alberto, mais uma voz a ser ouvida.
Carlos Alberto Motta Lara
Prezada Esther, (email recebido ontem)
como de costume, li hoje, logo cedo, a coluna da Cora Rónai em O Globo e me
surpreendi com o tema abordado.
Meu nome é Carlos Alberto Motta Lara, resido no Rio de Janeiro e tenho uma
casa em Baependi, a vetusta vizinha cidade mãe de Caxambu.
Gostaria de parabenizá-la pelo texto citado pela jornalista e tecer algumas
breves considerações sobre o mesmo.
Primeiramente, devo alertá-la que no caso do calote sofrido pelo azarado
artesão, a ausência de obrigação entre as partes, supostamente ocasionada
pelo fato de ser o contrato verbal, não procede.
Não se faz necessária a formalidade da escrita para que haja obrigações entre
contratantes. Farta, unânime e definitiva é a doutrina jurídica nesse
sentido.
Portanto, não obstante sua ingenuidade, comum aos artistas, o nosso Fernando
mantém dele inarredável a chance de ver seus direitos salvaguardados, se
assim os desejar.
Trata-se de uma questão de prova.
O direito não ignora tal circunstância, vez que a prevê.
Baependi é uma grande produtora e exportadora de artesanato na região.
Sofrem os artesãos, entretanto, do mesmo ataque vil, ignóbil e covarde dos
abutres atravessadores.
A falta de organização em forma de cooperativa faz deles vítimas de si
mesmos.
Não conseguem fazer preço, pois ficam, individualmente, à mercê de quem o
impõe.
Não fosse a lógica dessa filosofia cruel que banaliza a miséria, o próprio
espírito do capitalismo, eu diria que enquanto uns poucos donos dos meios de
produção se enriquecem, outros muitos donos do trabalho se empobrecem na
mesma proporção.
Aqui do lado, a quatro quilômetros, o cenário não é diferente de milhares de
pequenos lugarejos no Brasil, como Caxambu, e milhões no mundo, como Tendaho,
na Etiópia, onde o sistema, ignorando a cultura, a equidade e a isonomia,
engole os fracos e poupa os fortes numa verdadeira e macabra “seleção
natural” econômica.
É triste, mas é vero.
Para as mazelas produzidas pelos atuais políticos e as abandonadas em nosso
colo por seus antecessores, não vejo solução imediata.
Essa nossa cultura política arraigada é que afasta os bem e atrai os mal
intencionados, todos em sua maioria.
Verdadeira reforma política se faz necessária com urgência.
Vejo poucos mandatários de poder com esse discurso.
Tudo parece conveniente como está.
Tanto para a direita quanto para a esquerda e vice-versa, pois já não sei
quem é quem nessa geléia geral.
Entradas de cidades esburacadas, cinemas fechados, turismo abandonado,
riquezas seqüestradas...., certo está o povo quando, do alto de seu
incompreensível bom humor, decreta: a merda continua a mesma, só mudam os
mosquitinhos.
Grande abraço,
Carlos Alberto
mottalara@ig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário