quarta-feira, abril 13, 2005




quem lembra da marjô dos cavalos?




quando se encontra um ser humano e as cordas tocam num mesmo diapasão o mundo ganha a dimensão do imensurável. hoje conheci marjô, artista plástica mas acima de tudo um imenso ser humano. suas obras percorrem o mundo inteiro. vive da arte e vai bem, muito bem. tanto que dispensa aposentadoria pelo inss. "quero ser livre para xingar o governo".
este raciocínio transcende. a gente xinga, mas recebe para xingar. hoje saquei a sutileza. conta ela sobre os prazeres do trabalho:


"eu gosto de trabalhar em cedro. começo a tirar as lascas da madeira e tudo

perfuma como se a madeira ainda fosse árvore e eu ferisse sua casca.


a empregada vem limpar digo que deixe: em volta de mim nasce uma floresta de

cedro, a que não mais existe neste planeta.


e cercada pelo perfume dele esculpo meus cavalos disformes nas patas como

eu. que tive paralisia infantil e tenho o pé inchado.


porque todo artista deixa a marca que seu corpo carrega em sua obra, como di

cavalcanti que só pintava mulatas, portinari, que tinha um pé enorme, as

lágrimas gordas...


o pinho de riga não existe há 300 anos. é duro de trabalhar. quando a goiva

bate nele sai fogo, mas fiz peças com ele e também em canela que é macia."




e assim , aos poucos esta artista a marjô, marjô dos cavalos, da cerâmica e das tapeçarias será aos poucos relembrada aqui no porcas.

mora em caxambu. nunca viajou pelo mundo... ops..., engano. viajou, nas patas de seus cavalos. com excessão da rússia.

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