sábado, maio 14, 2005
noite de sinuca
bar de seu orlando à noite. no rio seria chamado de bdf. mas lá dentro , num amplo espaço , três belas mesas de sinuca com trabalhos de marcheteria nos lados e em cima incrustrações de losangos em madrepérola nas bordas indicando os ângulos apropriados. foram adquiridas por orlando, o proprietário, em 1958 . compradas do antigo hotel vitória que ficava onde hoje é o supermecado eldorado.
a saída do hotel dava para o chapa, localizado no estranho calçadão de caxambu. ao lado do chapa uma loja de cds , do outro , uma loja de roupas e um beco, - toda cidade que se preza precisa ter um beco- este tem um bom restaurante, uma praça com bancos, sorveteria e academia de balé.
as mesas parecem novas de tão bem tratadas. cinza de cigarro no chão que é muito limpo não pode; nenhuma sujeira. seu orlando permite apenas a poeira do giz que marca os pontos. depois de cada partida encerrada, a mesa livre, ele a limpa com carinho e a deixa coberta. ficamos até o bar fechar .
local de homens e nós as únicas mulheres no pedaço. eles constragidos, nós à vontade. nenhum palavrão foi dito, nenhum saco foi coçado, só um levantou o dedo para tirar alguma coisa do nariz, mas desistiu. no final da noite apenas um sonoro car..... mas um shiiiiiii generalizado ecoou. marcia bacco explicou para que ficassem tranqüilos pois poderia ser também um componente de um veleiro.
sinuca, onde a democracia foi inventada, quem disser grécia ou roma engana-se. sinuca: a verdadeira pólis, tida como território de macho que xinga e cospe para o lado e que ontem aqui em caxambu recebeu o sangue alegre e descontraído do sagrado feminino. foi banhada por nossa felicidade em errar as búlicas... perdão, caçapas. temiam que eu ragasse o pano da mesa mas não o fiz e marquei gloriosos 60 pontos a menos.
na primeira mesa, um famoso cirurgião do rio jogava com um eterno canditado à vereador, um vendedor de loja e um homem alto de barba branca que, não sei porque, lembrou-me dom quixote. meu professor de alemão entrava num jogo e em seguida parava. fala e escreve fluentemente oito idiomas, dentre eles o japonês. viajou o mundo inteiro e hoje, jovem ainda, vende salgadinhos na cidade. weber, seu nome, quase wherter de göethe.
no final da noite chega rex que dormiu o tempo inteiro. um akita mixado com pastor belga. olhos doces, o pelo branco e verdadeiro cavalheiro. lambeu marcia, que é veterinára com mil afagos, carinhos na mirian, a arquiteta que nos ganhou . bem, na realidade foi quase empate de menos pontos. mas ela tem conheceimento de ângulos. maria do céu, esta pouco ficou. território muito estranho. foi embora cedo. e com antárticas, rex bailando com seu orlando um balé de arrepiar nós fechamos o bar às 23.40.
na rua, sob as estrelas, com a música do carro dançamos na calçada da cidade. mas dançamos mesmo, com total descontração, a nossa alegria. a bem da verdade o cristo de braços abertos - parecido com o do rio- que as cidades do interior erguem para as proteger até ensaiou uns passos.
bem, se a cidade acordou ainda não sei, mas eu volto para cama com um bom livro e durmo mais um pouco porque a noite virou dia e pincei o ciático, que tolice, ao tentar relembrar um passo simples de balé. a perna andeor, a ponta do pé sobe até o joelho esquerdo, gira para o lado direito e, com o corpo deitado ou seja costas na horizontal, a perna é levada para trás onde acompanha a reta do corpo e do braço esticado.
na segunda? fisioterapia. resultado : coloquei-me em sinuca na noite.
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