quarta-feira, outubro 26, 2005









brasileiro: cidadão caixa dois



no brasil, toda ilegalidade é premiada e incentivada. a começar por quem deveria dar o exemplo: o governo. para chegar ao congresso nacional, à presidência da república, para se eleger um simples vereador, de.. por exemplo um município singelo como varre-e- sai, no norte do estado do rio, -terra de baden powel e que ganhou este nome, dizem as más línguas porque a dona de casa ao varrer seu lixo para a rua, já está em outro município- é preciso a tal caixa dois, que até a vendinha ali na esquina usa. na vendinha o método é simples, o agricultor, que não possui nota fiscal, passa por uma tutaméia sua produção ao vendeiro, que a repassa ao consumidor final, nós, tu, eles, pelo quádruplo ou mais do valor pago e não registra o recebimento. este é um exemplo simples, pois os métodos são vários.

mas imaginar que um vereador é peça fundamental para eleger um presidente da república, um senador, pois ele arregimenta em sua localidade os votantes e que, mesmo não tendo sido eleito, este ex ou futuro vereador, pelo seu trabalho ganha desde um carro de presente ou verba para sua próxima campanha, e nisto alicia também até pequenos vendeiros que podem contribuir com grana, com a promessa de que os fiscais nem passarão por seu estabelecimento, ou que os trabalhadores ilegais, que vendem desde verdura até sianinha ou bomba atômica serão retirados de sua porta; imaginar que a cada estatal vendida ao capital internacional, com auxílio do bnds corresponde a um magote de desempregados que para sobreviver ............ah, esta história todo mundo conhece.

um político só pode ser eleito se usar caixa dois na campanha, ou seja receber dinheiro por fora, àquele que não pode ser declarado; uma empresa para sobreviver precisa lesar o fisco, pois se cumprir sua obrigação fiscal tem muito menos lucro; as universidades sonegam informações sobre seus funcionários, informações para que recebam na justiça o devido pelo governo federal; sonega o melhor ensino toda a escola, o aluno sempre precisa do explicador: uma maneira dos professores terem seus salários aumentados é dar aula para fora; as editoras sonegam dos autores, com raras exceções, o número exato da tiragem de seus livros. e o pobre sempre pouco tem a receber, pois a tiragem não declarada é a que fica valendo; e está bem escondidinho agindo contra nós, monitorando nossas contas bancárias e toda a movimentação financeira que fazemos o hal, o eficiente computador do banco central.

somos cidadãos caixa dois. ilegais, sempre, vivemos na informalidade , pois as leis nunca funcionam à nosso favor. o profissional liberal que mantém sua escrita contábil em dia recebe violentas dentadas do leão e quase morre até aprender que precisa esconder informações; as empresas que vendem serviço médico desrespeitam o contrato assinado e a cada ano inventam novas fórmulas para prejudicar seu credenciado e é comum uma pessoa , com a conivência do médico, emprestar seu cartão para alguém da família que não tem a saúde coberta, - cada cunhagem de termo interessante, que te conto: saúde coberta! - pois nem todo mês a pessoa está doente e os médicos precisam da miséria que lhes é paga pelo sistema de saúde,mais correto seria dizer: de doença. conheço alguns médicos que ao auxiliar numa cirurgia recebem apenas 25 reais.

falamos so indivíduo ser humano, cidadão caixa dois que mesmo com cic, rg, título de eleitor, carteira de motorista, ipva, iptu, condomínio, contas de luz, água, gás, telefone a pagar, mesmo cumprindo todas suas obrigações não têm nenhum de seus direitos salvaguardados. assim é o viver do cidadão caixa dois, indivíduo subalterno, súdito escravo. para que esta nação consiga, ...se.... vingar será preciso , antes de mais nada, que cada habitante do oiapoque ao chuí reclame seu direito ao destino previsto pela carta de direitos humanos. mas pensando bem, até reclamar seus própios direitos não é uma deslavada utopia?

melhor então não será reconhecer o estado babá, despedi-lo e assumirmos nossas vidas, e levá-las com todo o cuidado, o mesmo que tem o piloto de fórmula um, que próximo da curva da vitória, dirige na ponta dos dedos, pisando em ovos?

ah antes que esqueça : é bom não reclamar do referendo sobre desarmamento, nem que o estado jogou a responsabilidade da decisão para nós. precisamos crescer, minha gente, fazer escolhas ! pedimos ao estado que crie leis contra o fumo, o alcóol, a droga , mas esquecemos que há os consumidores destas drogas e com este leque de opções nos tornamos refém da marginalidade e da violência. é um paradoxo, não? pedimos que o estado proíba o que não coragem para escolher usar ou não. cara, envelhecer é inevitável. crescer, uma escolha! que tal escolher?

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