quinta-feira, abril 26, 2007

o morto que passa

o morto que passa

interessante. depois que passa um morto a vida fica mais forte. aqui em caxambu os mortos são carregados de sua casa até à igreja nossa senhora dos remédios, seja de que distância vier, pelas diversas e distantes ruas. após a missa de corpo presente, hoje assisti a uma; o altar encoberto de pano roxo, parece quaresma, ou uma alusão a de que qualquer morto pode ser jesus? não sei, seguem para o cemitério em procissão.

morreu o pai da izabel que atende no balcão da casa oriental. mas aqui é todo mundo que se dá, se encontra, se esbarra. ao lado dela o namorado, o ben-hur, bom pé de valsa , com quem dancei no sítio primavera da verônica onde sábado haverá um leilão de manga larga marchador.

pois não é que saí da igreja e a rua nossa senhora dos remédios me pareceu mais presente, pujante de vitalidade? e é somente uma rua de açougues, quitandas e farmácias e um armarinho. na esquina dele, pela primeira vez, vi a ladeira íngreme da rua de nome não sei o que joaquim.

acompanhei o enterro pelas ruas, caminhando, como todos.a ana laura estreiou o hábito e surpreendeu-se. hoje o caixão é empurrado sobre um carro com rodinhas porque o lions fez uma rifa para comprar o carrinho e comprou. mas sempre o morto era carregado pelos amigos que se revezavam nas alças do esquife. esquife, há quanto tempo não vejo usar essa palavra!

passou o morto e a rua ganhou vida. olhei e vi as coisas.
paradoxo puro.

por mais distante que fique um bairro, aqui é sempre perto, se tivermos como parâmetros as cidades grandes.



e o sempre é logo ali , depois da curva.

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