a sombra joga-se contra a parede. como quem dá a bordoada com as costas da mão.
depois toda recolhida renova forças . se atira. a mão já sangra.
se num momento está contida em si mesma, em outro revoa em círculos pelo chão e novamente se espatifa inteira contra a parede. a mão está em tiras.
o vento satisfeito de barriga cheia, rindo gargalhadas como quem gorgoleja, parte discutindo consigo mesmo, sua voz estremecendo as nuvens que correm à sua frente.
é final de tarde. a luz da tempestade seguiu o vento.
na sombra, as folhas amparam a mão desfeita em fiapos sanguinolentos de seiva. com outras mãos arrumam o cabelo desfeito.
escurece tanto que não há como distinguir o horizonte. o que há no fim do fim e no meio do meio.
ah! as primaveras são assim. como os de gêmeos. um perfume só quando a tarde é quente. um esparramo de braços e pernas gritos trovejantes pelo ar, subitamente. a voz gutural a rugir cerrando a raiva entre os dentes.
ela toda cicios ainda agora.
até se comenta: será que a primavera não mais suporta flores, crias de passarinho, brotação nova das plantas, as sombras macias. e por não suportar as arrebenta?
com o perfume do jasmim ela providencia um carinho. no chão molhado, num brilho de gotas, sussurra a chuva que chove, tranqüilamente.
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