terça-feira, janeiro 20, 2004




nada é nosso. nada nos possui. é temerário supor que algum
pedaço do outro possa ser arrancado de nós quando nem pedaços temos.sequer fragmentos. supomos que ganhamos, supomos que perdemos. não temos nem a nós mesmos. somos varais de galhos onde o vento pode depositar nossa antiga casca para secar. cumprimos a obrigação de permitir que as fases nos atravessem, que as dissoluções nos dobrem como punhal cravado na garganta. tudo é transparência e obstáculo. a certeza precisa vir do vôo, do rabisco, do traço na areia, e de que a onda que quebra hoje lá quebrará amanhã aqui. o mesmo iodo o mesmo sal. o vôo permite observar toda a perspectiva.


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