terça-feira, junho 15, 2004

são várias as versões para uma mesma história. mas todos concordam num ponto: há séculos a cidade convive com seus casos de pedofilia e cala. não havia provas suficientes, dizem alguns; precisávamos cuidar da própria vida, afirmam outros. uma das versões é que uma mulher, aproveitando as próximas eleições, resolveu denunciar e abalar o poderio do pmdb na cidade. uma questão política.

outra dá conta que uma mãe que não recebeu a cesta básica combinada pelo emprétimo da filha botou a boca no mundo. outros dizem que foi um pai que pegou sua filha em flagrante num bairro pobre da cidade, em plena orgia da qual participavam meninos com menos de 10 anos e senhores ricos, públicos, e de famílias ilustres.

ontem um jornalista da cidade reclamou por eu estar divulgando o fato e mostrando a face áspera da estância hidro-mineral. ontem foi entregue à procuradoria geral do estado de minas gerais o processo com os vários depoimentos.
algumas pessoas ficaram de fora porque usam métodos diferentes. não promovem encontros públicos, não fotografam, são mais discretos, dizem.

o nome dos indiciados só poderá ser revelado pelo ministério público. mesmo toda cidade estando careca de saber quem é. a denúncia foi feita em fevereiro deste ano. em fevereiro foi iniciado o inquérito.
é principalmente fruto de jogo político a denúncia. que fere o pmdb, partido que disputará as eleições locais com o psdb. também.

enquanto os políticos discutem quem ganhou com a denúncia ou quem perdeu, as meninas e meninos, crianças, passeiam na praça aguardando pelo próximo convite para barganhar uma sandália da moda, uma bota, uma cesta básica, o que puder ser escambado em troca de orgias com menores. estou falando em orgia. em encontros públicos. não em um caso ou outro acontecido à sorrelfa. e estou falando com medo também. porque sem querer posso ser atingida por uma bala perdida, um veículo desgovernado. e minha morte, como todas as estranhas mortes ficarão por isto mesmo. como sempre ficam.

é perigoso no interior falar a verdade. e muita coisa estranha ainda precisa ser exposta para que os cidadões desta pobre cidade possam se olhar sem medo, sem culpas por sermos todos cúmplices no silêncio. aguardamos pelas ações da procuradoria geral do estado. mas pela tranqüilidade dos indiciados, a impressão que tenho, é de que nada irá acontecer.

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