quinta-feira, fevereiro 03, 2005

conversa de pássaro para tapeçaria de árvores

desejos de horizonte a entender a natureza agredida




este poema abaixo foi uma resposta tardia a um poema augurando um ano pleno do poeta fabrício carpinejar que assina como fabro. il migglior fabro, diz ezra pund de arnaut daniel, poeta provençal. e dante em uma cena do paraíso tem como hóspede o autor de l'aura amara, o arnaud, junto aos artesãos . após estudos sobre sua obra em "en arnaut e o de vulgari eloquio" dante fechou o livro, já em idade avançada e disse "il miglior fabro".

esta resposta proposta vale para todos os meus amigos, e todos poetas o são. é o que desejo neste ano que se apresenta dífícil ao reclamar sobre a natureza agredida.



il migglior fabbro, ainda que tardio,
pois caminho há luas pelas rotas secas
onde até pedras se afastam do caminho
em ameaças que combalem minhas plenas.

janeiro bem andadado em passo dissolvido
rogo à natureza que um ano, este dois mil
e cinco,
comporte todos os demais de seu caminho;
a rota.
e sejam amáveis, doces e suaves plenos
a quem tem garganta afeita ao canto
e solos que dissolvem duras penas;
há nota.
e delas como se rocha fossem retirassem
água de sedentas fontes, sombras líquidas
que aliviam a sola das poeiras.

eis-me chegada enfim ao ponto em que regada
imploro a quem não sei, mas há os ecos,
milhares de horizontes nesta fronte
fronde
para os múltiplos olhares que carregas.



"conversa de pássaro para tapeçaria de árvores"

oi Esther, minha amiga,

o verbo não tem altura. o verbo ondula com a grama. ele gosta de pisar no
rio e caminhar onde os homens esquecem sua fé.
o vento é uma carta que se pode abrir dos dois lados.


beijos do teu
Fabro

carpinejar

Nenhum comentário: