sábado, fevereiro 05, 2005

por muitas mãos calejadas pelo cabo da enxada.


ESCOLA FLORESTAN FERNANDES


Ano IV - nº 82 - EDIÇÃO ESPECIAL
domingo, 23 de janeiro de 2005
Caros amigos e amigas do MST,

Gostaríamos de socializar com vocês mais uma conquista da solidariedade
entre os brasileiros e os povos do mundo: a inauguração da Escola Nacional
Florestan Fernandes, no dia 23 de janeiro de 2005. Construída em Guararema
(a 60Km de São Paulo) por 1.115 trabalhadores rurais Sem Terra, a Escola é
fruto valioso de nossa luta. Foram quatro anos e meio de trabalho de
voluntários de assentamentos e acampamentos de todo país. Uma obra realizada
por muitas mãos calejadas pelo cabo da enxada.

Depois de longos anos de discussões coletivas nas diversas instâncias do
MST, a Escola surge com o propósito de fazer pensar, planejar, organizar e
desenvolver a formação política, técnica e ideológica dos militantes e
dirigentes do Movimento. Por nascer com o objetivo de capacitar jovens,
mulheres e homens do meio rural para a produção, comércio e gestão dos
acampamentos e assentamentos, a ENFF terá uma pedagogia e metodologia
adaptada à realidade dos trabalhadores do campo.

Sobre um terreno de 30 mil metros quadrados, foram construídas instalações
de tijolos de solo-cimento fabricados na própria escola. Essa técnica é
agroecológica, dispensa reboco, contribui para diminuir a quantidade de
ferro, aço e cimento na obra e é mais resistente e fácil de assentar. Ao
todo são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um
auditório e dois anfiteatros. Os recursos para a construção da escola foram
arrecadados através da venda do livro "Terra", com textos de José Saramago,
músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado, contribuições de
Organizações Não Governamentais (ONGs) européias e doações de amigos e
amigas brasileiros e internacionais.

Ao mestre com carinho

A homenagem ao mestre e sociólogo Florestan Fernandes é resultado da
admiração e reconhecimento do MST por sua trajetória de vida incansável e
coerente com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Crítico severo do
capitalismo, ele defendeu a liberdade, a democracia e uma sociedade mais
justa e fraterna. Após dez anos de sua morte, seu legado e suas idéias
orientam nossas ações.

Florestan acreditava que o maior número de pessoas deveria ter acesso ao
conhecimento, o que caminha paralelamente à nossa preocupação de que a luta
pela terra deve continuar até o dia em que cada família de trabalhadores
conquiste sua emancipação. Nesse sentido, para o MST, a luta pela Reforma
Agrária e pelo sonho da justiça social vai além da conquista da terra. A
luta dos Sem Terra é por um projeto popular para o Brasil, baseado na
dignidade, soberania e solidariedade entre todos e todas.

Gostaríamos de agradecer a todos e a todas que participaram e participam
desse processo contínuo de construção de um sonho. Convidamos vocês a
conhecer nossa Escola, ministrar cursos e compartilhar essa conquista.

Um forte abraço a todos e a todas!

Secretaria Nacional do MST




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