a cerimônia do adeus*
para nós que aqui estamos mas morreremos..
no livro " a cerimônia do adeus" simone de beauvoir narra os últimos momentos da vida de jean-paul sartre tornando publico o privado e desvestindo o ser público de sartre de vida.
ler suas idéias, conviver com seus textos era compatilhar do seu viver. simone nos encaminha para o momento de sua morte como se caminhássemos por um corredor de gemidos e perplexidade onde ele está mudo.
se este desnudamento que à época provocou divergência de opiniões foi correto ou não eu nunca saberia responder. mas ela nos deixa nos derradeiros parágrafos do livro suas incertezas e certezas humanas:
"há uma pergunta que em verdade não me fiz: talvez o leitor a coloque: não deveria eu ter avisado sartre da iminência de sua morte? quando ele se encontrava no hospital, enfraquecido, sem esperanças, só pensei em dissimular-lhe a gravidade de seu estado. e antes? ele sempre me dissera que em caso de câncer ou de outra doença incurável queria saber. mas seu caso era ambíguo. ele estava "em perigo" mas resistiria ainda dez anos como desejava, ou tudo terminaria em um ou dois anos? todos o ignoravam. ele não tinha nenhuma disposição a tomar , não poderia ter se tratatado melhor do que foi. e amava a vida. já tinha tido muita dificuldade em assumir sua cegueira, suas enfermidades. se tivesse sabido com mais exatidão a ameaça que pesava sobre ele, isso apenas entristeceria seus últimos anos. de toda maneira, eu oscilava como ele entre o temor e a esperança. meu silêncio não nos separou.
sua morte nos separa. minha morte não nos reunirá. assim é: já é belo que nossas vidas tenham podido harmonizar-se por tanto tempo."
para tudo há justificativa, sei. mas suely eu quero fazer as malas antes de partir. creio que esta é a vontade da maioria dos viventes. e até escolher o momento da partida . porque somos propriedade nossa.
guilherme marechal um cavaleiro andante francês que servia aos plantagenetas, lutou ao lado de joão sem tera , ricardo coração de leão e foi o regente do futuro rei da inglaterra guilherme III, quando sentiu que a vida não mais lhe interessava despediu-se dos amigos , da família e deitou-se esperando a morte. aliás este comportamento nada tinha de estravagante naqueles termpos.
ele se sabia doente e que no seu caso não existia cura. dispôs de seus bens, resolveu a vida e dedicou-se à cerimônia da morrer que é indivudual, pessoal e intransferível. assim como a de nascer. a cena pode ser roubada pelos figurantes presentes . mas a solidadão de quem chega ou parte é única e não pode ser partilhada. mesmo quando o ato é público por envolver pessoas públicas.
não há ida sem despedia. ela é fundamentais para que o rito de passagem seja bem sucedido. ao considerar a morte como passagem ou travesia os gregos e egípcios cumpriam este rito com dignidade. o morto saía da vida com seu amor próprio grarantido. e ninguém era enganado que parmanecia vivo porque era necessário ultimar a liturgia que encanta a platéia.
....."Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é."
..........
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é."
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fernando pessoal
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