quarta-feira, março 30, 2005


van gogh no google


meu querido paulo,

não se deve recomendar a uma pessoa afeiçoada às letras lavar a roupa suja em casa. já não existem mais casas! os muros e muralhas são peças de museus, alguns foram derrubados. veja bem: o conceito de casa surgiu para proteger o ser humano das intenpéries e de assaltos de animais.

a defesa foi aperfeiçoada com a construção de muralhas, muros, fortalezas onde os reis e senhores feudais guardavam seus reinos. nesta época, para o bem ou para o mal a figura do senhor feudal, do patriarca não era questionada sequer. hoje, meu querido, este momento da história humana faz parte do passado na maioria do mundo.

é bem verdade que o feudalismo foi substituído pelo neo colonialismo econômico, diria mais, pela ditadura econômica que faz de seres suportamente libertos ( falo libertos, não livres) escravos. os patriarcas, de feições antigas caíram em desuso para dar passagem a outros de porte agressivo, já não mais o guardador de seu rebanho mas o lanceiro , o comandante que envia este mesmo rebanho à luta que por ele deveria ser travada. para o mal, que bem não é.

é bem verdade que os bafejados pela deusa fortuna, as famílias mais bem postas na sociedade preservam o culto à imagem de um e outro que ocupe o poder para que seus direitos sejam preservados em detrimento de todo um povo e da própria natureza.

mas como as casas não têm parede , não há dentro. entende? só existe este exposto osso de mundo que a cada dia que passa é cada vez mais obrigado a se desvestir de sua carnadura. e os tanques são públicos!

ademais nossa casa que não existe é o mundo. este vasto mundo tão pequeno onde aprendemos com kierkgard "lembrar para frente", como cunhou harold bloom. nunca, mas nunca mesmo assuma ares patriarcais e conselheiros com uma pessoa afeita às letras e com espírito crítico.

manchará sua biografia.

ps. desejo encerrar este assunto porque aqui escrevo para meu prazer e ele precisa ser renovado. freud explica bem como o doente vê em tudo, seja até no mais corriqueiro gesto de amor, uma pedrada. atentem para isto.

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