indecente
enquanto era filmado "como era gostoso o meu francês" estava em paraty. exatamente na fazenda do zé kleber. e lá, no final da tarde, sentados sobre uma árvore caída sobre o rio que corria manso ouvia a turma do filme. em especial a alegria puro sol de leila diniz. de noite íamos jantar num retaurante que o zé mantinha na cidade com uma cozinheira que cantava como carmem miranda.
as noites eram assim. nem sempre. em algumas eu ficava na cidade num hotel do qual esqueci o nome e lá conversava com o zé vicente de "hoje é dia de rock" que voltava da viagem do prêmio moliérè. e eu não sabia pregar botão, ridículo. o menino de ventania quebrou o galho a pude usar a blusa. às vezes, depois do almoço lia, embalada pelo baulho do riacho que corria ao lado do hotel, o livro de josé cândido de carvalho, "o coronel e o lobisomem" que mais tarde , tendo como coronel izaak bardhavid, radiofonizei para a rádio mec.
saudades de leila que no dia 25 de março deste ano faria 60 anos, de zé kleber... gente, não é saudosismos não, mas antes o tempo era próspero, as pessoas benígnas e as conversas agradáveis. ah, sem contar que esta estadia maravilhossa que me fez conhecer o negro caintinia e o quilombo liberdade foi bancada pelo jb. eu estava à trabalho.
disse leila diniz
viver, intensamente, é você chorar, rir, sofrer, participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz.
encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para que acredite nele e o sinta intensamente.
Leila Diniz
"Acho que teatro é um saco. Mas não posso dizer isso porque nunca fiz um troço porreta em teatro. Só fiz papelzinho, papel pequeno. Eu comecei em teatro. Eu comecei com a Cacilda. Ela veio ao Rio fazer O Preço de um Homem, o Vanneau fez teste e eu fiz. (...) Quando entrei não manjava muito da coisa. (...) Foi muito fácil fazer o teste: não tinha ninguém mais concorrendo e eu passei. Entrei lá muito de alegre, chorava pra (*) em cada ensaio: ‘não sei fazer isso, que (*)’ etc. Entrava em cena morrendo de pavor" (O Pasquim, 1969).
leila nasceu em niterói, em 25 de março de 1945, onde passou a infância. formou-se como professora e deu aulas para o pré-primário numa escola no subúrbio do Rio de Janeiro. como professora aboliu em sua sala a mesa, sentando-se sempre entre os alunos. em 1961, com 17 anos, conheceu o cineasta domingos de oliveira. fez novelas na globo e foi todas as mulheres do mundo.
esta faixa na entrada da cidade de caxambu não era ainda fato banal no mundo naquela época. se fosse como teria aproveitao stanislau ponte preta, fica bem no comecinho da entrada da cidade e o visitante pode ter o benefício de ao chegar ter os demônios retirados e vir engrossar o coro dos chatos na vida. pastor waldecir, garante.
em homenagem à faixa
indecente
desenho de sóter frança junior do batata patética
chegou. formal como a tristeza intato como a solidão. cumprindo ritos. e daí? era humano. pelo menos na tela da tv. humano ! e precisava de proteção. ela, logo ela, já saciada do mundo atreveu-se: congelou a imagem, despiu-se e deitou nu seu corpo no dele, cálida tela. gozou com a mão colada no cristal líquido.
olhou as marcas dos dedos enquanto se arrumava. tremia, ainda o desejo. mas estava só em casa, a família viajando. esteja tranqüila, se disse. depois a culpa: o que dizer para mim pensou, temia suas censuras e reprimendas. gozar acom um estranho! enquanto pulsava o baixo ventre.
a imagem congelada desaprisionou-se e, enquanto ela dormia, lambeu seu corpo com a saliva do amor. cem vezes gemeu. não era o amor insipiente dos jovens e adolescentes mas o sábio, o que sabe onde a carne é mais vulnerável e quais as rugas que transtornam a emoção. pois a vida é curta e a carne boa.
procurar adjetivos para a cópula é perda de tempo.
porque chamar gozo de amor?
seguindo caminhos de mariza lourenço
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