sábado, agosto 13, 2005



arraes e millani morrem


duas mortes, duas matáforas?


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franciaco millani , anjo trapalhão

"didi - renato aragão-chega na vila esperança, um típico vilarejo do interior, onde logo se encontra com o sapateiro zé e sua filha tetéia. impressionado com a tristeza e a falta de fé dos dois, didi promete a ambos o que parecia impossível: a visita de papai noel e a presença de deus na noite de natal. a partir de então, didi conhece os demais moradores da cidade e busca quebrar a desesperança geral com palavras de ânimo e incentivo." sinopse do filme "um anjo trapalhão "infantil de 2002 de renato aragão.


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arraes,

político cearense com atuação marcante em pernambuco (16/12/1917-). nasce em araripe, no ceará, sétimo filho e único homem de uma família de pequenos agricultores. em 1932 conclui o curso secundário em sua cidade natal e, em seguida, vai para o rio de janeiro estudar direito. com dificuldades para se manter na cidade, presta concurso para o Instituto do açúcar e do alcool (IAA) no recife, pernambuco. aprovado, começa a carreira de funcionário público. entra na política em 1947, indicado para a chefia da secretaria da fazenda pernambucana pelo ex-presidente do IAA. em 1950 elege-se deputado estadual pelo partido social democrático (PSD). assume novamente a secretaria da fazenda em 1959 e, no mesmo ano, vence as eleições para a prefeitura do recife pelo rartido social trabalhista (PST). chega ao governo do estado em 1962, apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), e faz uma administração popular. é responsável, por exemplo, pelo acordo do campo, uma negociação entre as ligas camponesas e os usineiros que estende o salário mínimo aos trabalhadores rurais. em 1964 é deposto pelos militares e vai para o exílio na argélia. só volta ao brasil com a anistia, em 1979. retoma a atividade política no -partido do movimento democrático brasileiro (PMDB). é o deputado federal mais votado do nordeste em 1980 e, quatro anos depois, torna-se governador de Pernambuco. em 1990 deixa o PMDB e filia-se ao partido socialista brasileiro (PSB), pelo qual se elege deputado federal no mesmo ano. de 1994 a 1998 ocupa pela terceira vez o cargo de governador de Pernambuco.


Especulações em torno da palavra homem


Carlos Drummond de Andrade



Mas que coisa é homem,
que há sob o nome:
uma geografia?

um ser metafísico?
uma fábula sem
signo que a desmonte?

Como pode o homem
sentir-se a si mesmo,
quando o mundo some?

Como vai o homem
junto de outro homem,
sem perder o nome?

E não perde o nome
e o sal que ele come
nada lhe acrescenta

nem lhe subtrai
da doação do pai?
Como se faz um homem?

Apenas deitar,
copular, à espera
de que do abdômen

brote a flor do homem?
Como se fazer
a si mesmo, antes

de fazer o homem?
Fabricar o pai
e o pai e outro pai

e um pai mais remoto
que o primeiro homem?
Quanto vale o homem?

Menos, mais que o peso?
Hoje mais que ontem?
Vale menos, velho?

Vale menos morto?
Menos um que outro,
se o valor do homem

é medida de homem?
Como morre o homem,
como começa a?

Sua morte é fome
que a si mesma come?
Morre a cada passo?

Quando dorme, morre?
Quando morre, morre?
A morte do homem

consemelha a goma
que ele masca, ponche
que ele sorve, sono

que ele brinca, incerto
de estar perto, longe?
Morre, sonha o homem?

Por que morre o homem?
Campeia outra forma
de existir sem vida?

Fareja outra vida
não já repetida,
em doido horizonte?

Indaga outro homem?
Por que morte e homem
andam de mãos dadas

e são tão engraçadas
as horas do homem?
mas que coisa é homem?

Tem medo de morte,
mata-se, sem medo?
Ou medo é que o mata

com punhal de prata,
laço de gravata,
pulo sobre a ponte?

Por que vive o homem?
Quem o força a isso,
prisioneiro insonte?

Como vive o homem,
se é certo que vive?
Que oculta na fronte?

E por que não conta
seu todo segredo
mesmo em tom esconso?

Por que mente o homem?
mente mente mente
desesperadamente?

Por que não se cala,
se a mentira fala,
em tudo que sente?

Por que chora o homem?
Que choro compensa
o mal de ser homem?

Mas que dor é homem?
Homem como pode
descobrir que dói?

Há alma no homem?
E quem pôs na alma
algo que a destrói?

Como sabe o homem
o que é sua alma
e o que é alma anônima?

Para que serve o homem?
para estrumar flores,
para tecer contos?

Para servir o homem?
Para criar Deus?
Sabe Deus do homem?

E sabe o demônio?
Como quer o homem
ser destino, fonte?

Que milagre é o homem?
Que sonho, que sombra?
Mas existe o homem?


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