segunda-feira, agosto 15, 2005
tenho medo
sinto medo de mim quando leio isto que o kleverson neves escreveu. é um medo que me encolhe e emudece. falo sobre ele até para ver se descubro como sou e se este medo é meu, como a carne que me veste ou se somente, às vezes, ele me visita. breve. uma vez senti o maior medo do mundo que coube dentro de mim. tranquei as portas e as janelas porque coisas surpreendentes penetravam pelos poros dos tijolos.
hoje tenho muito cuidado e emudeço pois uma letra fora do lugar faz com ele retorne.
é com este quase não respirar que visito a casa dos amigos. leio seus textos e como é difícil, meu deus! quando comento. o que faço raramente, raramente. a mim me basta a lucidez deles e a dor com que fecho os olhos após uma frase ou palavra que enunciaram mas que reconstroem luzes. por isto fecho os olhos. de puro prazer. costumo falar como se há muito os conhecesse. é que para mim as palavras tornam íntimas as pessoas. só em lê-las fico flagrada até para mim mesma.
suponho que como os atores, os cantores, os bailarinos que se encontram consigo mesmo no palco eu só consigo ficar inteira quando pergunto. e, se algumas vezes extrapolo é que não nasci gente, mas repórter, que é outra formatação de gente. não, nunca perdi o hábito infantil das perguntas.
só explico estas coisas para que eu mesma também possa entender. eliane sabe das trapalhadas que apronto, mas com ela fico quase em casa quando grita num email: " ô mulé maluca"! e como ela me conhece diz as palavras na gradação apropiada para que não virem espinhos. quem sabe dos medos , quem os sentiu ou ouviu falar entende o que digo. um dia é uma coisa. no outro já não é nada.
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