quarta-feira, setembro 28, 2005



"hollywood é aqui bem perto"



ó nóis aqui
puta que pariu




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nada mais gostoso no mundo do que dizer sou fulana, filha de sicrana. ainda mais se a mãe estiver viva. é preciso crescer para perceber isto. na adolescência garantimos aos amigos que nascemos espontaneamente. pai e mãe não existem, nunca existiram! afinal , estas pessoas estranhas que um dia fizeram o que sonho fazer ao me apaixonar e produzir um filho, arghhhh!!! não têm nada a ver comigo! eles se beijaram foram para a cama e se amaram, quer coisa mais indecente?

é bem verdade que farei de forma diferente, segue com seu pensar a adolescente, haverá muito romantismo, flores perfumes vinhos e gostosos beijos na boca, não o rápido beijo na face que as criaturas com quem convivo trocam rapidamente entre si; uma mulher com o avental sujo da cozinha e um homem carregado de papéis e pastas.

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acredita a ingênua que em seu tempo ninguém comerá, ela e o amado viverão de vento, como em hollywood, onde ninguém vai ao banheiro e os desencontros são resolvidos com música e sapateado.

ahhhhhh, tempos de musicais e bang-bang! adolescentes espertas cochichavam entre si as mais recentes descobertas sobre o que acreditavam ser sexo. ai, minha geração era alimentada pela ingenuidade, sonhos, laços de tafetá , anágua, combinação, lesie, organdi, cianinhas, entremeios e babados.

eu era banida, por ser a mais baixa da turma da qual faziam parte minhas irmãs mais novas e viver enterrada em livros. e tanta coisa que gostaria de saber, como elas, que ainda não haviam descoberto o sentido desta palavra, entre ouvida em algum lugar , puta que pariu.

era minha grande oportunidade para ser aceita! aproximei-me do grupo e disse que já sabia o que era. interesse absoluto: contei então ser puta que pariu uma prateleira que crescia na barriga das mães quando elas esperavam bebê. mal o pai acabava de fazer àquilo uma prateleira começava a nascer para receber o neném. elas me olharam e, pela primeira vez, soube o que era um olhar de pena. afastaram-se sem nada dizer deixando em minhas mãos uma bicicleta com a qual brincavam. "chorei, chorei, como é cruel chorar assim": e disse: puta que pariu é você, você, você, e eu também, bem baixinho, rilhando os dentes!

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nenhuma estrela de cinema, e nesta época eram tradicionais os seriados de super-homem no antigo cine mandaro , de tom mix, flash gordon, tarzan, e o que assobiava e o cavalo ficava na posição certa para ele cair em cima, sem machucar nada, diga-se de passagem, roy roger, cercados por belas mulheres apaixondas desempenharia este ridículo papel.

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a bela lois lane nunca faria isto, de mostrar raiva e dizer um nome daqueles, ainda mais se estivesse voando pelo universo nos braços dele. mas, sem querer, eu havia descoberto para que servia a tal palavra que nunca mais pronunciei, era meu estígma. se nossos pais soubessem!

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