quinta-feira, setembro 08, 2005
o mundo em 20 quilômetros
márcia bacco, veterinária daqui , às terças-feiras trabalha em campanha, um município que dista uns 60 kms de caxambu. no final da tarde, de volta para casa, já nos últimos 20 kms ela passou por todos os transes da natureza; ventos fortes, chuva grossa e finalmente a estrada coberta por folhas e árvores derrubadas. mais em frente derrapou no gelo que já caíra . aguardou que árvores fossem retiradas da pista, conseguiu, como muitos, passar com seu carro em baixo de uma tão grossa que não encostara no asfalto e esperou que o fog provocado pela evaporação do granizo , pois o dia fora de sol e muito calor, permitisse ver pelo menos um palmo adiante do nariz. os dias têm sido assim . a natureza em revolta nos assusta com seus roucos gritos, faíscas pontiagudas, nuvens enlouquecidas e negras.
enquanto comíamos uma tilápia recém pescada ela contou a aventura ou desventura, não sei. faltou uma câmera para registrar esta multiplicidade de acontecimentos durante 20 kms. em alguns momentos parecia a ela um outono europeu tal a atura que o tapete de folhas atingia na estrada. em outros deu para perceber a eficiência municipal, pois, máquinas já haviam amontoado o gelo no acostamento da estrada. mais adiante, em pouso alto, uma chuva de granizo, com pedras maiores do que bolas de tênis, acertaram e feriram um motoqueiro, destruíram carros, pára-brisas, destelharam casas.
e entre estas duas cidades estão caxambu e são lourenço que escaparam do terror. até quando? é preciso que abracemos as árvores, acarinhemos o chão, conversemos com riachos e riachões palavras de amor para acalmar a terra necessitada de carinho. que nosso pisar nela seja macio e que tenhamos a sabedoria de a afagar com passadas. esta terra que nos ama e a quem nunca dissemos, eu te amo, terra. EU TE AMO, PLANETA TERRA. não por desespero ou temor digo isto. é que nunca te fiz uma declaração de amor com palavras em alto e bom som como agora, nesta noite em que olho seu céu nervoso e uivo para entabular conversa e confessar minha animalidade.
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