sexta-feira, outubro 14, 2005
porque sou contra o desarmamento
não usava armas, pregava dar a outra face. ensinava a paz. crucificaram-no!
corri hoje até a casa que vende ração para animais e comprei cartuchos para minhas espingardas ilegais, uma 32 e outra calibre 36. sei lá se depois do dia 23 ficarei sem munição! já é difícil encontrar cartucho para elas, saíram de fabricação tem tempo. depois, então calha de não conseguir mais nada!
a primeira comprei quando morava num sítio em pendotiba, em niterói.
houve fuga de um presídio no rio e os fugitivos resolveram acampar na terra vizinha, semi-abandonada. alimentavam-se com os bezerros mal nascidos,as vacas que acabavam de parir de minha criação; as galinhas da raça negra, enormes, os patos, gansos e um leitão de estimação que atendia pelo nome de rabicó.
a polícia foi avisada por todos os moradores da região, mas não compareceu. soubemos que os fugitivos pertenciam ao comando vermelho e que se instalaria na região, como o fez , posteriormente. a vizinhança se revezava na vigias das casas. meu filho de 17 anos, presenciou a isto. e mesmo que eu lhe dissesse : meu filho, arma não é um bem, e conseguida desta maneira rápida, ilegal e comprada à peso de ouro me iguala aos bandidos, e aos policiais que fornecem armas para eles.
ele viu, entretanto, que as palavras não casavam com os atos de sua mãe que colocou um peão , a cada noite, dentro da sala, com a espingardinha na mão, olhando pelas frestas da janela , se alguém nos invadiria. Parecia cena do velho oeste americano quando os brancos que roubaram a terra dos índios defendiam-se destes ao ser atacados. quando os fugitivos abandonaram a casa destruí a espingardinha que tinha . ela era mesmo assim: inha. tinha feitio, aparência de arma, mas era dar um tirinho de nada, de chumbinho, e sair correndo.
mas impunha respeito.
tristes dias em que para ser respeitado o cidadão precisa retornar à barbárie .
precisei novamente de arma para defesa quando construí uma casa num condomínio rural em caxambu.
no fundo da chácara tem um lago onde nadavam, além de traíras, gansos, marrecos de pequim e alguns patos e a garotada da favela de santa teresa , que em nada lembra as favelas das grandes cidades.
vinham banhar-se neste lago nos dias quentes. digo nadavam porque conseguiram roubar todos os emplumados. e mais roubaram: invadiam o cômodo nos fundos do terreno onde guardava as ferramentas, material de construção, inclusive uma maquita , cortador de grama, capineira para podar a braquiária, selas e o que mais existe nestes quartos de guardados.
para quem não sabe, explico; maquita é uma máquina que corta pedras, azulejos etc...e capineira é uma máquina, a minha tinha dois cavalos, movida à óleo, que serve para a poda de galhos e de capim.
para o fim de semana seguinte reservei uma bela surpresa para a garotada - dentre eles vinham adultos também- . consegui comprar de um lavrador uma espingarda antiga , de cartucho, destas que espalham chumbo para todos os lados. mas também é dar um tiro e sair correndo. tendo vivido o problema que tive com a primeira consegui comprar outra que funciona da mesma mandeira.
é bem verdade que já me cansara de conversar com eles, de explicar que se não roubassem poderiam continuar com os banhos. mas como a gente é ridícula nestas horas em acreditar que argumentação, conversa, gentileza e educação resolvem! eles riram na minha cara e o roubo continuou. não levavam a comida plantada na pequena horta, portanto, não era fome, pegavam o que poderia ser vendido e trocado quem sabe por droga. uma vez esqueci a bolsa na sala. pendurei-a numa cadeira e fui tomar um banho quando cheguei à casa. procuro por esta bolsa até hoje.
encurtando a conversa: quando os banhistas apareceram , de arma em punho, na varanda, gritei que fossem embora pois atiraria. riram da minha cara! aí ta!, manda bala que a gente quer ver! diziam. mandei, para cima é bem verdade. bastou. foram embora e àquele grupo nunca mais retornou. vieram outros que ainda não sabiam que a tia estava armada.
nada disto impediu que minha casa de niterói fosse arrombada por quatro vezes o que me fez mudar definitivamente para o sul de minas. e nem que esta aqui o fosse por duas vezes.
a polícia, bem a polícia, da ultima vez, quando lhe comuniquei o arrombamento da casa pediu que eu não entrasse para que recolhessem as provas necessárias na captura dos meliantes. nós os aguardamos por mais de duas horas na varanda, num dia chuvoso.
desistimos, enfim, fizemos um bom café, lamentamos algumas peças destruídas, por serem raras, e nos preparamos para arrumar a bagunça .
a polícia chegou no dia seguinte.
aqui em caxambu, sempre fresca, os dias andam quentes e me dou o direito de dormir com a janlea do quarto aberta. não colocarei grades pois quem ficará prisioneira serei eu, em baixo da cama fica de sentinela a espingarda calibre 32. confio sempre que terei tempo para usá-la. direi não ao desarmamento no dia 23 porque os dias esquentaram e quero dormir de janela aberta , mais um motivo. na região todos sabem que tenho arma e sei atirar. duvido que invadam aqui novamente.
ontem soube de um acontecido aqui perto: devido a um litígio de cerca uma lavrador acertou o outro com a enxada com que trabalhava. o atingido está vivo. mas perdeu um braço. nenhum dos dois têm armas de fogo!
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