ode à berleza e suas variações
a única causa da morte é a vida. buda ensinou. só posso morrer enquanto viva estou. ela, a vida, é meu passaporte para a morte, com visto definitivo e irrevogável autorizando passagem de ida, sem volta. e, depois de morta, conhecerei o nunca mais: estarei impossibilitada de morrer para todo o sempre. às vezes creio que a verdadeira angústia humana é conseguir, ser autorizada, poder morrer apenas uma vez. não acumular experiências... quem sabe?
algumas palavras nem sei porquê são usadas em vida....nunca é uma delas. tudo bem que nunca nascerei novamente. interessante! única=nunca! não falo disto de nascer e morrer a cada minuto, não falo de outro tempo, outro espaço, outra dimensão. digo do que meus olhos vêem esta manhã, incrustrados num corpo de flesh and bones e que não verei nunca mais. nem oa piscadela passada poderei recuperar, nem o sorver de ar, nada.... esta é uma forme de nunca, é verdade, mas, seis lá , este nun de nunca me remete ao corpo caíndo num abismo e enquanto cai, nem apenas cai, pois pensa em como escapar da queda, num átimo. tudo é átimo e se pensar bem, nem átimo ou tudo existem. afinal, por quê falo? ih... que conotação fálica! o que denota uma linguagem carregada de símbolos e signos... páro por aqui! ler lacan dá nisto!
hoje,via páris acompanhar a mãe, tróia, da varanda. os olhos parecem que exercitam o pensamento. então, pensava sobre isto: na feliciadade fugaz de uma mãe que acompanha o filho recém parido. na realidade minha manhã foi preenchida somente pela visão. como se eu fosse só olhos! usei-a apenas para fazer com que íris viajasse, a vista longe a olhar e ficar olhando. vi borboletas que se casalaram, uma taturana imensa, e a felicidade de tróia com páris, nome sugerido por servio tulio: páris de tróia! e vi, vi.... ou suponho que vi, que a manhã é linda, o mundo é lindo, as flores são lindas e você, que se dá ao trabalho de chegar até aqui, é lindo!
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