quinta-feira, fevereiro 01, 2007

um não sei quê que nasce não sei onde

"Busque amor novas artes, novo engenho"


Luís de Camões.





Camões. Retrato de Fernão Gomes.
IAN/Torre do Tombo





um não sei quê que nasce não sei onde



Busque Amor novas artes, novo engenho
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes, nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como e dói não sei porquê.

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