apesar de vivermos sob as botas de gente moralmente miserável que intenta nos proibir a alma, cultivar nossas intimidades, de guardar nossas pequenas coisas ridículas, que só a nós mesmos interessam, acreditamos que no mundo virtual podemos alcançar o céu, o nirvana, a perfeição sonhada . e mais uma vez aderimos a uma religião, uma utopia.
sempre uma busca, sempre em direção à imaginação do que gostaríamos de ser, porque esta é nossa odisséia; buscar o que somos incapazes de realizar enquanto esperamos que coelhinhos nos tragam a páscoa que nos libera do luto da quaresma.
na música donal og, (o jovem donald) antiga na alma irlandesa, que nos é lembrada em um trecho de dubliness, outro maior no filme de john houston, the dead, baseado no conto do livro citado, nos fala da desesperança. canta caitlin maude.
Era tarde a noite passada. O cão falava de você.
O pássaro cantava no pântano, falava de você.
Você é o pássaro solitário na floresta.
Que você fique sem companhia até achar-me.
Você prometeu e mentiu. Disse que estaria junto a mim
Quando os carneiros fossem arrebanhados.
Eu assoviei e gritei cem vezes
E não achei nada lá, a não ser uma ovelha balindo.
Prometeu-me algo difícil:
Um navio de ouro sob um mastro prateado,
Doze cidades e um mercado em todas elas
E uma branca e bela praça à beira mar,
Você prometeu algo impossível:
Que me daria luvas de pele de peixe
E sapatos de pele de ave.
E roupa da melhor seda da Irlanda.
Minha mãe disse para eu não falar com você.
Nem hoje, nem amanhã nem Domingo.
Foi um mau momento para dizer-me isso.
Como trancar a porta depois da casa arrombada.
Você tirou o Leste de mim, tirou o Oeste de mim,
Tirou o que existe à minha frente, tirou o que há atrás,
Tirou a lua, tirou o sol de mim,
E o meu medo é grande. Você tirou Deus de mim.
Íntegra da versão em inglês
It is late last night the dog was speaking of you;
the snipe was speaking of you in her deep marsh.
It is you are the lonely bird through the woods;
and that you may be without a mate until you find me.
You promised me, and you said a lie to me,
that you would be before me where the sheep are flocked;
I gave a whistle and three hundred cries to you,
and I found nothing there but a bleating lamb.
You promised me a thing that was hard for you,
a ship of gold under a silver mast;
twelve towns with a market in all of them,
and a fine white court by the side of the sea.
You promised me a thing that is not possible,
that you would give me gloves of the skin of a fish;
that you would give me shoes of the skin of a bird;
and a suit of the dearest silk in Ireland.
When I go by myself to the Well of Loneliness,
I sit down and I go through my trouble;
when I see the world and do not see my boy,
he that has an amber shade in his hair.
It was on that Sunday I gave my love to you;
the Sunday that is last before Easter Sunday.
And myself on my knees reading the Passion;
and my two eyes giving love to you for ever.
My mother said to me not to be talking with you today,
or tomorrow, or on the Sunday;
it was a bad time she took for telling me that;
it was shutting the door after the house was robbed.
My heart is as black as the blackness of the sloe,
or as the black coal that is on the smith's forge;
or as the sole of a shoe left in white halls;
it was you that put that darkness over my life.
You have taken the east from me; you have taken the west from me;
you have taken what is before me and what is behind me;
you have taken the moon, you have taken the sun from me;
and my fear is great that you have taken God from me!
no filme os vivos e os mortos (the dead), de john huston, baseado num dos contos (os mortos) de dubliness, de joyce, com anjelica huston no papel de gretta conroy, tudo acontece na ceia do dia de reis, quando memória, afetos são relembrados. tudo o que estas datas sugerem; natal, ano novo, carnaval, páscoa, etc...
a cena é arrasadoramente delicada, assim como a vida.
no entanto, a música cantada é the lass of aughrim quando gretta chama um amor da adolescência. a cena do filme no youtube é o exato momento em que joyce escreve estas palavras: “he asked himself what is a woman standing on the stairs in the shadow, listening to distant music, a symbol of. if he were a painter he would paint her in that attitude." -" perguntou a si mesmo que simbolizaria uma mulher, imóvel na penumbra de uma escada, ouvindo uma música distante. se fosse pintor retratá-la-ia naquela postura".
if you'll be the lass of aughrim
as i am taking you mean to be
tell me the first token
that passed between you and me
o don't you remember
that night on yon lean hill
when we both met together
which i am sorry now to tell
the rain falls on my yellow locks
and the dew it wets my skin;
my babe lies cold within my arms;
lord gregory, let me in
este é um longo post. aliás, me dedico a longos porque , sei lá, uma coisa puxa outra. deve ser. ou a idade me faz prolixa. mas tudo tem sua solução.
estava falando de lugares gostosos construídos por nossa imaginação e retorno ao assunto, com youkaly, já mostrada em post anterior com ute lemper e, agora, teresa stratas.
segue abaixo a letra.
C'est presqu'au bout du monde
Ma barque vagabonde
Errant au gré de l'onde
M'y conduisit un jour
L'île est toute petite
Mais la fée que l'habite
Gentiment nous invite
A en faire le tour
Youkali Youkali
C'est le pays de nos désirs
Youkali Youkali
C'est le bonheur, c'est le plaisir
Youkali Youkali
C'est la terre où l'on quitte tous les soucis
C'est, dans notre nuit, comme une éclaircie
L'étoile qu'on suit
C'est Youkali (It is Youkali)
Youkali Youkali
C'est le respect de tous les voeux échangés (Is the respect of all vows exchanged)
Youkali Youkali
C'est le pays des beaux amours partagés
C'est l'espérance
Qui est au coeur de tous les humains
La délivrance (The deliverance)
Que nous attendons tous pour demain
Youkali Youkali
C'est le pays de nos désirs (Is the land of our desires)
Youkali Youkali
C'est le bonheur, c'est le plaisir (Is happiness, pleasure)
Mais c'est un rêve, une folie (But it is a dream, a folly)
Il n'y a pas de Youkali (There is no Youkali)
Et la vie nous entraîne (And life carries us along)
Lassante, quotidienne (Tediously, day by day)
Mais la pauvre âme humaine (But the poor human soul)
Cherchant partout l'oubli (Seeking forgetfulness everywhere)
A, pour quitter la terre (Has, in order to escape the world)
Se trouver le mystère (Managed to find the mystery)
Où rêves se terrent (In which our dreams burrow themselves)
En quelque Youkali (In some Youkali)
Youkali Youkali
C'est le pays de nos désirs (Is the land of our desires)
Youkali Youkali
C'est le bonheur, c'est le plaisir (Is happiness, pleasure)
Youkali Youkali
C'est la terre où l'on quitte tous les soucis (Is the land where we forget all our worries)
C'est, dans notre nuit, comme une éclaircie (It is in our night, like a bright rift)
L'étoile qu'on suit (The star we follow)
C'est Youkali (It is Youkali)
Youkali Youkali
C'est le respect de tous les voeux échangés (Is the respect of all vows exchanged)
Youkali Youkali
C'est le pays des beaux amours partagés (Is the land of love returned)
C'est l'espérance (It is the hope)
Qui est au coeur de tous les humains (That is in every human heart)
La délivrance (The deliverance)
Que nous attendons tous pour demain (We await for tomorrow)
Youkali Youkali
C'est le pays de nos désirs (Is the land of our desires)
Youkali Youkali
C'est le bonheur, c'est le plaisir (Is happiness, pleasure)
Mais c'est un rêve, une folie (But it is a dream, a folly)
Il n'y a pas de Youkali (There is no Youkali)
Mais c'est un rêve, une folie (But it is a dream, a folly)
Il n'y a pas de Youkali (There is no Youkali)
e por falar em passagem para xanadu, a pasárgada de manuel bandeira, poeta que morreu em 1968, portanto há 40 anos. os temas de seus poemas são solidão, dor e o medo da morte. o cotidiano de santa tereza, bairro do rio de janeiro onde morava, era transformado em crônicas.
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
e, finalmente, somewhere de leonard bernstein e stephen sondehein, do filme west side history de 1961.
e repetir somwhere é quase uma oração. neste caso com kiri te kanawa e placido domingo.
uma oração que deseja a todos um novo planeta, novos seres humanos ou, se ainda for possível, que tenhamos a capacidade de salvar o nosso.
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