sábado, abril 12, 2008

o vazio do pensamento



o vazio do pensamento





li na cora ronai que : "No "Prosa e verso" do sábado passado, José Castelo descreveu a crônica como "o gênero da leveza, que combate o tédio e repudia o desgosto".

esta semana "a capa do Prosa & Verso do 12 de abril trata do ciclo "Vida Vício Virtude", organizado por Adauto Novaes. O ciclo começa segunda-feira na Academia Brasileira de Letras com palestra às 19h de Franklin Leopoldo e Silva, professor de filosofia na USP, sobre o vazio do pensamento." e por aí vai, com palestras sobre a "sabedoria, liberdade, justiça, amizade, intemperança, intolerância, vergonha e passividade".

o que pausou meu tempo e olhei como quem observa uma formiga carregar a folha para o formigueiro, com toda atenção, minha e da formiga, foi que falariam sobre o silêncio do pensamento. entendo que tudo pode ser metáfora e por mais que tramasse este silêncio calei-me pelo indizível.

os orientais praticam e dizem que conseguem, acredito que sim, o vazio do pensamento. mas nós, que vivemos em um mundo tão barulhento nem podemos exercitar o silêncio interior pois ele já existe; pensamos o que outros nos induzem , ou melhor, com a boca aberta sequer sabemos mais da existência do pensamento .

ele existe nos momentos da decisão entre eletroeletrônicos de ponta, um carro novo, uma roupa deslumbrante, e por aí ficamos. o pensamento reduziu-se a isto. e as palavras minguaram porque elas são construçãos do pensar. e a vida mingou porque as palavras que a movimentam secaram. as palavras que expressam o pensar, o sentir, o ver. ver.... o que vemos hoje?

o cheiro da terra molhada inundou a varanda, a chuva e o frio chegaram violentos, as árvores , quase de joelho expulsavam passarinhos de seus ninhos e respingos molharam meus pés em sandálias havaianas. um cheiro de folhas maceradas, curtidas impregnou a casa. senti frio. o que pensei? ai, que minha garganta piora. melhor entrar.

o rio fazia marulhos num lá embaixo que o fim da tarde não deixava vislumbrar. o lago , aí imaginei, deveria estar com o espelho bexiguento , marcado pelos pingos a cair. pingos grossos como moedas de um real.

caso morasse na cidade e levantasse os olhos do televisor, do computador ou do livro veria correr pela vidraça os fios de chuva a formar poças no peitoril. quem mora no campo precisa sentir a tensão das árvores, mesmo que nada possa ser feito, mas augurar que ela não se parta e voe com o vento sobre o telhado. acontece e muito por aqui. mas só reparei vôos distantes, nada de assustar. de manhã as saracuras corriam agitadas avisando chuva. no final da tarde, sapos coaxaram no lago, avisando chuva,. e orlando , o fox paulistinha tremia como vara verde; sinal de chuva.

olhei pro céu e lembrei de josé cândido de carvalho. ele tem um livro que se chama: "olha para o céu frederico". li este livro em paraty, enquanto josé vicente que voltava da frança, por ter ganho o prêmio molière pela peça "hoje é dia de rock" costurava botões no quarto vizinho. depois sentaríamos num banco do hotel para a conversa da tarde.

lá longe, ainda em paraty, leila diniz e arduino colassanti filmavam "como era gostoso o meu francês" e na fazenda do zé kleber, de noitinha, a gente sentaria na árvore que caiu sobre o rio e molharia os pés na água. sem pensamentos, apenas palavras curtas trocadas após um dia cansativo.

aí.... como as lembranças me levaram longe. deixa voltar com esta pergunta: lembrança é pensamento? para aproximar ou retomar ao tema, temos wittgenstein, numa discussão filosófica em cambridge ( primeira parte) , submetido a questinamentos sobre a filosofia, linguagem e onde é checada a sua sanidade e seus trabalhos que extrapolam os pensamentos da época. ou a extratificação deles.



e em seguida o beatles afirmam que nada mudará o universo que conhecemos e como refrão eles falam de sua busca por modificações cantando na música "across the universe"o refrão jay
guru deva"na realidade um mantra. o que nos remete a pleasantville. uma cidade em preto e branco, aferrada a seus costumes estreitos e que se torna colorida pela ousadia do pensamento de alguns que introduzem na vida de todos cores, chuva, arco-íris, sol e felicidade que acompanha a realidade.



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