sexta-feira, setembro 12, 2008

fabrício carpinejar e pinheiro junior no décimo encontro nacional de escritores em caxambu

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pinheiro júnior

décimo encontro nacional de escritores em caxambu. começou hoje. "produção literária no brasil de lula" foi um dos temas. fez parte da mesa o jornalista pinheiro júnior que apontou joão ubaldo ribeiro como um escritor digno de ser citado, "caso o deixassem escrever, em vez de tomar seu tempo absoluto com crônicas bem pagas pelo jornal "o globo" '. a jornalista ana laura diniz fez a pergunta: que escritor brasileiro poderia ser apontado hoje como exemplo?

depois, Quinta (11/9), 15h
10º Encontro Nacional de Escritores
Caxambu (MG)
Palestra: A poesia de Carlos e o sentimento de Carpinejar
Local: PALACE HOTEL
Rua Dr. Viotti, 567 – Centro
Telefone: (35) 3341-3341 com o poeta e blogueiro fabrício carpinejar

fabrício é um performático. tem perfeita consciência do palco e faz de suas palestra um desafio, como diz.

olhe como sua cabeça lança seu novo livro : "Canalha"

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o cabelo faz a escrita: canalha.

em 24 de agosto de 2004 postei esta entrevista : "conversa de pássaros para tapeçaria de árvores" 4 anos depois o abraço:fabroeu.jpg
fabro e eu

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fabro e ana

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a palestra no encontro nacional de escritores sobre carlos nejar

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"conversa de pássaros para tapeçaria de árvores"

bati na porta do poeta fabrício carpinejar para pedir uma conversa . acabara de ler "caixa de sapatos" e seu último livro de poemas "as cinco marias".

ele respondeu:

oi
Esther, amiga,
claro que aceito conversar contigo. não se pede licença para viver. que a voz seja nossa forma de saltar para dentro do cotidiano.
beijos
do teu
Fabrício

:
obrigada, fabrício
fiquei feliz . eu converso pelo msn. é só marcar dia e hora para ficarmos leves com a lição do vôo, ouvirmos sonhos com sabor à terra e nos sabermos raízes do ar. tudo pela voz poeta.
um grande abraço.
esther


ele respondeu:

oi
Esther, amiga,
espero tuas instruções. só não tenho msn no meu correio. poderia ser por telefone ou de outra forma?
beijos
Fabrício

:
amigo,
caso você não possa instalar o msn em sua máquina será então por e-mail. alinharei as perguntas e as enviarei. perderá na dinâmica. mas... agradeceria se visitasse www.porcaseparafuss.blogbrasil.com. veria como as entrevistas são desenvolvidas. já corro a providenciar a linha para a escrita da pauta.
um abraço

:
oi
minha máquina não é muito nova, antiga como minha sobrancelha esquerda.
acho melhor deslizar na relva das mensagens. pisar devagar para não
afugentar a neblina.
beijos
Fabro


disse:
há um delito : ao não estar à janela perderá a luz do outono. a de final de março, início de abril é especial. mesmo porque, neste momento em que a terra gira não se sabe em que direção, pois o eixo pode variar, há uma certeza ; a da suavidade da luz.
nem bem suavidade. alguma coisa que reluta em se desvendar insinuando que a luz se veste de macios para introduzir a lã. há neblina pela manhã . da varanda é impossível ver as galinhas pastando no galinheiro . nenhum sopro pantagruélico conseguiria demovê-la de chorar sobre o resto das goiabas que despencam das árvores.
numa caixa de sapato. cato palavras às noites. é um termo de conversar sons. me apraz ouvir poeta.


ele :
as goiabas fazem o pátio virar uma única árvore. tudo é semente de uma polpa inchada de luz. o cheiro já é mastigar a fruta.
beijos. fabrício

:
meu amigo,

e ser assim como oco
a inventar entranhas?

abraço-te,
esther



.......
corria março em direção à abril . terminara a enchente das goiabas. o chão cravejado delas exibia a polpa bicada por pássaros e bichos que um dia poderiam ser goiabeiras, quem sabe? olhar era a lucidez . foi quando eu fiz a primeira abordagem temendo que o poeta considerasse atrevimento excessivo. ele deu nome a entrevista: "conversa de pássaros para tapeçaria de rede". à vontade fiquei.

após à ultima pergunta nenhuma resposta. aguardei. bater os fios, secar, separar para tecer aguça os dedos como punhal. era urdir a espera para que arredondassem suaves. enfim, juntei todos os argumento e os enviei de uma golfada . dia primeiro de agosto , por estar perdido em um quadro de el greco , como ele mesmo explica, resolveu o enigma. eu só li a resposta hoje. estava desconectada do mundo.
como a conversa desmanchava como doce na boca !

caro fabrício,

volto eu a importuná-lo tenho amado as cinco marias, tanto!
eu tomara para mim que a "conversa de pássaros para tapeçaria de árvores" seria encadeada como você sugere " pisar devagar para não afugentar a neblina". iria enviando pergunta por pergunta e você respondendo. como a última ficou sem resposta, suponho eu por seus múltiplos afazeres com o livro novo ou quem sabe, talvez, tenha considerado petulância conversar vagos com mal escrito, envio todas as perguntas de um feito só. caso considere incoveniência entenderei. mas o que caminhamos , graças à você tecendo palavras ,está bonito. pena seria perder.


oi

desculpe a demora. entrei dentro de algum quadro de El Greco e não me deixavam sair. sempre há trabalho de circo lá.


1-quando a mão esgrime
a vida, e não há vida.
quando os lábios
formam as palavras
não soam cordas,
a ferida arregaça e morde
na linha de junção
a perspectiva . quando,
a cinza derruba o véu
da fumaça, escorre
a mensagem. diga,
não foi falada, sequer
entendida. quando
sutura o olhar aguda
ávida a linha ? respira?

( aqui me reporto à luta de criar e seus mal entendidos. e tentativas
de dissecamentos de textos)


Não tenho interesse pelos meus interesses. O que não está prometido chegou antes. Prefiro me desacostumar para morder a vida diferente. O milagre da poesia está em não ser inventada, mas descoberta. Os cabelos das pedras não são cortados, porque o musgo é sabedoria.

2-você lá vem em verbos.
genealogia de palavras,
instante rebelde dos pingos
construindo hífens. parenteses
como cangas nos olhos
já reparou na poeira do sol?
ou verteu letras no continente
a inventar conteúdos?

(aqui me refiro à herança das palavras e cito canga e genealogia de
palavras, livros de carlos nejar )


Minha herança é um par de botas ortopédicas, com metal na ponta. Aprendi a caminhar carregando uma carroça. Tudo era muito pesado na infância. Hoje parece mais leve porque o peso entrou para o sangue.

3-amanhecer é fácil.
saturar-se é inventar o dia

(aqui sobre o sobreviver, o cotidiano, a luta do dia a dia, o pão
nosso)


Fui mais incerteza do que posse. Não cumpri nada para ficar livre a discordar. Desconfio do que prometo, minhas mentiras querem investigar como brincadeiras de crianças. Desmontar o rádio para procurar a voz.

4-a desconversa é
sobre grampos
clipes e pregos.
dagerreótipos
escutam água.

(aqui, trato do que falamos em conversa/entrevista e da precisão de
catalogar e derivar para sobreviver, principalmente acordar com a
lucidez os camihos em fios de seda afiados como navalha)


Meu avô se barbeava com faca. Ele me deu de presente e ela enferrujou em meu bolso. O idioma é para ser usado, não para irritar o tempo. Um idioma parado não é potável. A poesia fornece velocidade para a linguagem. Quer ser rápida como o vento, mas ainda perde a corrida para a respiração.

5-cambaleou a voz
campeava silvos
enterneceu delírios.

(seus momentos de dúvidas e in/ certezas. o encontro com temas e as
palavras desenhando sons e soando imagens. enfim, seu ópio. seu
vício, sua carnadura: a poesia)


Meu vício é não mudar o lugar do esconderijo: meu corpo.


sobre fabrício carpinejar

poemas do livro "caixa de sapatos", publicado pela "companhia de letras"estão publicados no número 20 da revista norte-americana slope esta breve antologia da poesia brasileira contemporânea foi organizada pelos escritores mauro faccioni filho e ademir demarchi.
Fabrício Carpinejar was born in Caxias do Sul in 1972, and lives in São Leopoldo. A journalist and poet, he received a Master’s in Brazilian Literature from UFRGS University. He is the author of As Solas do Sol (1998), Um Terno de Pássaros ao Sul (2000), Terceira Sede (2001), Biografia de uma árvore (2002) and Caixa de sapatos (2003). carpinejar@terra.com.br.

O que o fogo já leu de cartas. É o derradeiro confidente.
Recolhe os rascunhos, o que escondemos no fojo.
Desfia os amantes, os desafetos, os crimes.

A sina do fogo é soprar cinzas. Nossa sina é sobrar nas cinzas.
Sou capaz de aniquilar um amor
para ver o que repousa em seu fundo.

O mundo é alheio, nos portamos como visitas.
Cresce a vergonha de minhas dúvidas.

Experimento a agressividade nos pequenos gestos,
espanco o cigarro até apagar. Meu bem-estar
é estar de bem com toda a gente
e isso é impossível.
Nem em minha família fui unânime.

***

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adolfo maurício, presidente da associação de municípios, escritor e promotor do décimo encontro nacional de escritores com fabrício carpinejar.





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