sexta-feira, novembro 07, 2008

vera, a macrobia andarilha

vera, a macrobia andarilha



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ela é uma andarilha. dizem que aprendeu os primeiros passos com o paulo coelho quando este ensaiva para caminhar pelo caminho de são thiago. aprendeu com nélida piñon também, pois, como podem ver na imagem acima, ela é uma pessoa letrada que carrega em seu corpo todas as palavras já escritas e pronunciadas e as que ainda serão inventadas no mundo.

ela mora em jacarepaguá, no rio de janeiro. por onde passa as pessoas perguntam sempre alguma coisa: dona vera, pode me informar o número de telefone de fulano que mora na conchinchina? como se escreve a palavra, quixeramobim, é adjetivo ou substantivo? lembra daquele poema de casimiro de abreu que fala do mar? e ela sabe, pois tem gravada em sua prodigiosa mente todas as listas telefônicas do mundo.

está sempre acompanhada por sua fiel escudeira, a karla, que de vez em quando se afasta dela, porque as palavras impressas na macróbia, por conta própria, sem qualquer comando externo , iniciam a falar umas com as outras e fazem o mesmo barulho que existia na antiga babel.

então, karla segue as borboletas, que, por sinal, seguem-na sempre.

borboleta2ff.gif


dona vera grita com as palavras, susurra, pede com carinho que calem, mas elas nada. fazem-se de surdas. quando desembestam não há cristão que as cale. o que é uma loucura, pois nunca ouvi dizer que a letra escrita pudesse emitir som.

mas desde que foi a partir da emissão do som que maquinaram a letra escrita, e a gente nem sabe porque a palavra casa quer dizer casa, tudo é possíverl neste mundo.

hoje, dona vera foi ao supermercado de manhã .mas antes , em conversa com as palavras confessou que temia pela vida do barack obama, o primeiro presidente negro dos estados unidos, pois lera no seu braço um comunicado da ku-klux-klan.

aí ela viu, na ponta do dedo indicador da mão direita, pois claro que é destra e , apesar das contradições e informações que possui, tem tendências waspianas, - ela é white, anglo-saxônica, e protestante- estas imagens que recebeu por email:

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aí sorriu. de boa charge ninguém escapa.

sentada numa cadeirinha nosupermercado, sempre à sua disposição, dada a avançada idade dela, conversou com as palavras: vejo kennedy, lincoln e martin luther king em conversa profunda com annah arendt sobre intrangigência e totalitarismo. mas não entendo porque emendaram num verso da cecília meireles:
"eu aprendi com a primavera a me deixar cortar e voltar sempre inteira" .

grandes coisas, ela disse, quem não sabe que a vida é isto?

e suspirou cansada e profundamente . ela já cansou de juntar o corpo picadinho para viver inteira!

grandes coisa, mesmo.








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