amanheceu o dia 25 de dezembro. mesmo sem ter ingerido alcóol parece que a ressaca da cruz pesa sobre os ombros. há um silêncio desmedido. a natureza prepara uma hecatombe de nuvens escuras e raios que explodirão dentro de 33 anos.
tempo que decorre em poucos dias para nós. em breve será reis, depois o entrudo e a quaresma a cobrir com seu roxo, não só de flores, as campinas e os morros por onde passamos. amigos se abraçam, se reencontram, em nome do nascimento de uma pessoa que sabe será martirizada.
as vozes nos chegam por fibras óticas; luilce, amiga querida da avenida sete, em niterói, vera minha irmã, da barra, no rio, minha sobrinha do recreio, outras vêem de curitiba, portugal, e as letras esparramam-se como taça derrubada sobre toalha de linho branco sussurrando feliz natal.
procuro pelos cantos a tal felicidade a que devo brindar à meia noite. não encontro nem ela nem a infelicidade, sua parceira inseparável. é apenas um dia comum para o qual foi criada uma simbologia cristã na tentativa de substituir costumes pagãos.
eleger um só dia para sermos cristãos é de uma ferocidade cínica da qual poderíamos prescindir. e que tipo de cristianismo devemos escolher? o pregado por paulo, o primeiro grande marketeiro de que se tem notícia; o que em ações, o jesus histórico acreditou transmitir; ou o fundado em pedro para os princípios hieráticos do vaticano?
nenhuma nuvem, nenhuma pedra, flor, água ou vegetação me responde a esta pergunta que faço olhando para um dia indeciso que não sabe se escolhe o sol ou a chuva para se definir.
afinal a natureza não está aqui para dar respostas. nada pode apontar caminhos ou soluções que estão inscritas em nosso interior. a pedra é só pedra, a água somente água. e na certeza delas busco fundar o humano que eu sou. não desejo saber se hoje choverei ou farei sol. importa sentir que me amo e, em decorrência disto posso amar a humanidade.
para mim a simbologia do natal é esta; renascer a cada dia amando o próximo como a si mesmo. como fazem as flores e seus espinhos. sabendo que o tempo, ah! o tempo...
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