Estou enviando um poema de Camilo Pessanha, poeta
português, se não me engano anterior a Pessoa e tido
como pré-modernista. Barbudão, tipo Rasputin, se me não
falha a memória visual iconográfica. Veja só que belo
escrito.
foi enviado pelo poeta ricardo augusto dos anjos. não conhecia o camilo. tão antigo e demasiado atual. além disto, como me identifico com ele. sem a barba , é lógico.
nada como o google para resolver dúvidas. leia sobre ele em a "clepsidra" e saiba aqui que ele foi um bom conhecedor da língua chinesa e colecionador da arte sínica.
Um Dia de Inúteis Agonias
Foi um dia de inúteis agonias,
Dia de sol, inundado de sol.
Fulgiam, nuas, as espadas frias.
Dia de sol, inundado de sol.
Foi um dia de falsas alegrias.
Dália a esfolhar-se, o seu mole sorriso.
Voltavam os ranchos das romarias.
Dália a esfolhar-se, o seu mole sorriso.
Dia impressível, mais que os outros dias.
Tão lúcido, tão pálido, tão lúcido!
Difuso de teoremas, de teorias...
O dia fútil, mais que os outros dias!
Minuete de discretas ironias...
Tão lúcido, tão pálido, tão lúcido!
Dia de sol, inundado de sol.
Fulgiam, nuas, as espadas frias.
Dia de sol, inundado de sol.
Foi um dia de falsas alegrias.
Dália a esfolhar-se, o seu mole sorriso.
Voltavam os ranchos das romarias.
Dália a esfolhar-se, o seu mole sorriso.
Dia impressível, mais que os outros dias.
Tão lúcido, tão pálido, tão lúcido!
Difuso de teoremas, de teorias...
O dia fútil, mais que os outros dias!
Minuete de discretas ironias...
Tão lúcido, tão pálido, tão lúcido!
CAMILO PESSANHA
Ó cores virtuais
Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas,
- Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias -,
No limbo onde esperais a luz que vos batize,
As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis.
Abortos que pendeis as frontes cor de cidra,
Tão graves de cismar, nos bocais dos museus,
E escutando o correr da água na clepsidra,
Vagamente sorris, resignados e ateus,
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite errais, doces almas penando,
E as asas lacerais na aresta dos telhados,
E no vento expirais em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.
camilo pessanha
uma poética da nostalgia
1888
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu a 13 de Junho, às 3 horas e 20 minutos da tarde, no quarto andar esquerdo do n.º 4 do Largo de São Carlos em Lisboa, em frente da ópera de Lisboa .
1867
nasceu camilo pessanha. anterior ao pessoa. tens razão, ricardo.
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