a ponte de aço , concreto, madeira deve ter sido inventada porque o ser humano descobriu que suas relações dependiam delas para vingar. seja entre duas pessoas, seja quando surge uma terceira, que após a ponte vira caminho. pois foi assim; no meio do caminho encontrei ana laura diniz, jornalista, escritora, produtora musical, só porque uma pinguela me encaminhou a ela: um grupo no link do estadão sobre marília medalha.

marilia medalha em foto de carolina andrade e arte de ana laura
então o distante ficou próximo e ganhei uma amiga a me lembrar a vida vivida com muito prazer : marly, marilia. esta a ponte do chão, quando interpretava rainha quelé, sobre a vida de clementina de jesus, em são paulo, produção executiva de ana laura diniz: marilia medalha. a outra, profunda, é ponte de sangue, a poeta marly, etérea, pingo d'água em meus olhos. em minh' alma , alegria e beleza.
Ana Laura diz:
Existem prostitutas que ensinam os clientes a eliminar manchas de batom
com miolo de pão, pois acreditam que "a outra que está em casa não tem
obrigação de lavar batom de puta", como elas mesmo dizem.
Ana Laura diz:
Não beijar é uma das regras mais tradicionais entre as garotas de
programa, pois o beijo facilita o envolvimento emocional. Mas Valesca,
nossa personagem principal, beija. Ela diz que respeita o dinheiro do
cliente.
Ana Laura diz:
Algumas garotas de programa se oferecem nos cinemas da região e aproveitam
a excitação dos homens para levantar dinheiro mais facilmente e economizar
tempo, uma vez que os expectadores já estão estimulados pelos filmes
pornográficos
Ana Laura diz:
Embora intermediários do sexo, como cafetões e cafetinas, ainda transitem
na região, eles são poucos, pois perderam espaço para a presença
predominante de teatros e cafés.
Ana Laura diz:
Os riscos corridos pelas prostitutas giram principalmente em torno de
doenças sexualmente transmissíveis, agressões físicas e drogas, cuja
presença na região é marcante.
Ana Laura diz:
E pra finalizar...
Ana Laura diz:
Hoje, o que é chamado de centro velho já foi centro novo, quando a
construção do viaduto do Chá facilitou a ocupação da área em direção à
Praça da República, em 1892. Um novo núcleo urbano foi se consolidando com
o surgimento de cassinos, cafés-concerto, teatros de variedades e
confeitarias freqüentadas por famílias todas as tardes. Depois iam embora,
pois chegavam as cocottes,
Ana Laura diz:
como eram conhecidas as prostitutas então. Até 1953, a "zona"
concentrava-se no bairro do Bom Retiro. Um decreto governamental extinguiu
a área oficial do meretrício, fazendo com que as prostitutas se mudassem
para o bairro dos Campos Elíseos, que desemboca na praça da República... a
região da Boca do Lixo.

as autoras do livro em frente a uma casa de show
Ana Laura Diniz fala sobre o livro "Contos de Bordel - A prostituição feminina na Boca do Lixo de São Paulo" escrito por ela ,Renata Bortoleto, e Michele Izawa , publicado pela editora canhenho com prefácio de Florestan Fernandes Jr.; orelha de Carlos Dias e Crítica de Heródoto Barbeiro e Marcelo Coelho.
nesta conversa de final de tarde em horário de verão, horário estabelecido por decreto governamental, a prostituir nosso relógio biológico, ana levantou o tapete e , sem pudor, exibiu o chamado resto social, tão antigo quanto e humanidade que denomina lixo o que a assusta.
As moças, quando escreveram o livro, faziam jornalismo na faculdade Cásper Líbero em são Paulo, onde moram. A pesquisa de campo foi realizada por meninas entre 20 e 24 anos.
o livro "Contos de Bordel - A prostituição feminina na Boca do Lixo de São Paulo" venceu o 3º Prêmio Volkswagen de Jornalismo, categoria livro-reportagem.

capa do livro
para começo de conversa,
Ana Laura diz:
Minha linda, seja bem-vinda, sempre
esther diz:
oi ausente, como vai esta presença?(ela constava como ausente no msn, onde
converso este tipo de informação que divido com quem passa por aqui)
Ana Laura diz:
Hahaha, bem, obrigada
Ana Laura diz:
Me pus ausente para me fazer presente para poucas e boas.
tenho presentinhos pra você... vai querer? ou deixa pra outra hora?
esther diz:
quero. quero sim. imagina! e agradeço
Ana Laura diz:
estava mesmo à sua espera... feito a raposinha de Exupéry
Ana Laura diz:
lá vai, docinho.../i>
ela enviou marilia medalha e edu lobo cantando ponteio. ontem já havia chorado
de saudades com marta saré. a vida, esta vida que atropela as afeições mas
não as consegue matar.
esther diz:
este lance de cativar e ser responsável pelo cativado nos obriga a fazer
contas. hoje estou pagando minhas dívidas com eliane estoducto, marcia
maia, mariza lourenço, um ror sem tamanho mensagens que ainda não
respondi. visitas que quero fazer. a lyl bar, a sonja, deus meu! (e
continuo em falta comigo.nenhuma visita feita, nenhum mail respondido.)
esther diz:
fale-me de você. como está a vida?
Ana Laura diz:
mas me tenha sem peso, sem compromisso... apenas como uma coisa boa
.
esther diz:
os amigos não pesam, ana. sinto a falta. e acabei de ganhar você também.
Ana Laura diz:
eu estou completamente enrolada com matérias pra fechar. mas bem.
minha vida é um tanto louca, porque sou freelancer... ora chove na horta,
ora passo meses na seca
Ana Laura diz:
em pouco tempo de profissão já vi, lutei e passei por situações que não
tenho saudades.
Ana Laura diz:
e minha vida virou de pernas para o ar
Ana Laura diz:
em suma, para pagar as contas......... tenho penado
Ana Laura diz:
mas isso passa, um dia passa, hahahaha
esther diz:
hoje fui até são lourenço. na estrada um carro levava escrito no vidro traseiro:
"cuidado, janeiro está chegando. ponha as barbas de molho."
pensei: meu deus outro ano de lástima não suporto. mudo pra portugal a
plantar azeitonas
Ana Laura diz:
estou fazendo matéria para o Instituto Ethos - Responsabilidade Social de
Empresas-, para o site cultural CAPITU, www.capitu.com.br que pra mim ainda é novidade. além da organização do livro de antologia poética de
marly medalha, a poeta e produção musical de Marília e Marvio Ciribelli.
Ana Laura diz:
quero firmar em coisas que, mesmo à longo prazo, acredito e que me
satisfazem como pessoa
Ana Laura diz:
falo de projetos jornalísticos dos quais que bolei a base, mas não
decolei...

as meninas comemorando o lançamento do livro. por ordem : michele, renata e ana laura diniz, a ana!
esther diz:
o que te levou a escrever sobre a boca do lixo?
Ana Laura diz:
A idéia era escrever algo que fosse polêmico no sentido de mostrar um
mundo que todos preferem ignorar, seu peso na sociedade, que tivesse
relevância e estivesse comprometido diretamente com o social.
Ana Laura diz:
acredito no jornalismo como canal para discutir, refletir, mostrar a todos
o que ocorre mundo afora
Ana Laura diz:
mas quis ser jornalista por essas e outras
esther diz:
vocês três defendiam alguma tese?
Ana Laura diz:
Não aguento essa coisa de as pessoas olharem e não ver.
Ana Laura diz:
Foi mais ou menos assim
Ana Laura diz:
ainda estudávamos qdo eu disse: qdo sairmos daqui, vamos escrever um livro?
esther diz:
não verem o quê, se poucos vêem alguma coisa? e sequer escutam.
Ana Laura diz:
pois é, Esther
esther diz:
como vocês focaram o tema prostituição?
Ana Laura diz:
todas aceitaram... mas no decorrer do curso atinamos para o projeto
experimental, que é o trabalho de conclusão de curso (tese)
Ana Laura diz:
e resolvemos adiantar o futuro.
Ana Laura diz:
Dentre várias modalidades havia o livro-reportagem, e nos enquadramos ali
Ana Laura diz:
Renata trabalhava na revista Imprensa, naquela época, e comentou com a
gente do movimento das prostitutas... logo pela manhã qdo entrava na
redação, na hora do almoço e no fim do expediente
Ana Laura diz:
apesar do tema ser "batido", achamos que poderia ser trabalhado e partimos para pesquisa. Para a nossa surpresa não encontramos nada com o viés que queríamos, jornalístíco
esther diz:
como?
Ana Laura diz:
o que fizemos Esther foi freqüentar durante quase 2 anos, todos os dias, a
Boca do Lixo. Entramos em cada boate, danceteria, café-teatro, puteiro que
imaginar
Ana Laura diz:
e contamos tudo que envolve a prostituição na Boca do Lixo de São Paulo,
com base nesse período
Ana Laura diz:
o livro é todo embasado em pesquisa de campo, apesar do parecer romance
pelo estilo narrativo-descritivo que adotamos
Ana Laura diz:
"Contos de Bordel - A prostituição feminina na Boca do Lixo de São Paulo"
esther diz
qual a idade de vocês na época?
Ana Laura diz:
falamos da prostituição feminina pq curiosamente nessa região oficialmente
determinada como Boca do Lixo só há prostituição feminina
Ana Laura diz:
as meninas tinham 22 e eu 24
Ana Laura diz:
qdo terminamos, eu tinha recém-completado 25 anos
Ana Laura diz:
estou com 28 anos
Ana Laura diz:
fizemos no período de 2000 e 2001
esther diz:
na lapa, no rio, em cada beco é uma especialidade. os drags etc e o que
acho bacana é ninguém invadir o território do outro
esther diz:
lá era só prostituição feminina?
Ana Laura diz:
e atualizamos em 2003 antes de lançar o livro
Ana Laura diz:
sim, só prostituição feminina
esther diz:
vocês então romancearam a cena?
Ana Laura diz:
citamos algumas histórias cariocas no livro, por conta de um dos
personagens, um dos principais clientes
Ana Laura diz:
adotamos uma unidade, mas tudo que ali está exposto, sem tirar nem por, é
real
Ana Laura diz:
adotamos a linguagem narrativa-descritiva para contar fatos reais
esther diz:
a abordagem foi difícil?
Ana Laura diz:
Inicialmente pensávamos que sim, mas na prática, não foi não
Ana Laura diz:
as prostitutas são muito carentes
esther diz:
como vocês se introduziam?
Ana Laura diz:
fomos na Boca do Luxo pra fazer um contraponto para o leitor... e pra mim
ficou a única essência de ligação entre as meninas ricas e as pobres: a
carência, a solidão
Ana Laura diz:
Cada menina, uma abordagem diferente
esther diz:
não entendi a diferença entre ricas e pobres
Ana Laura diz:
é o seguinte: se eu fosse traçar um paralelo entre as prostitutas da Boca
do Luxo e as prostitutas da Boca do Lixo, eu diria que a carência é o elo
de ligação entre os dois mundos
Ana Laura diz:
Muitas vezes na hora de entrevistá-las, ouvi: "O que? Você quer falar
comigo?", e olhavam para o lado achando que queria falar com outra pessoa
esther diz:
deu para sentir por que são mais carentes? é característica da profissão
ou elas demonstram mais do que nós que, em tese, não somos prostitutas?
Ana Laura diz:
e na hora que eu dizia naturalmente: "Sim, é com você mesma", o mundo
então se abria... e elas diziam coisas que nem imaginava que fosse
conseguir com facilidade
Ana Laura diz:
A carência vem do fato de serem muito desrespeitadas... de ninguém estar
alí para ouvi-las, mas para "consumí-las", creio
esther diz:
mas isto não acontece com todos nós? só que não queremos tomar
conhecimento? a mulher que vai para cama por obrigação? o homem que cede
princípios, a mulher que pactua e se omite, etc....
Ana Laura diz:
sim, Esther. Ao meu ver, e isso não tem nada a ver com o livro, vivemos
numa prostituição generalizada
Ana Laura diz:
quer coisa mais prostituida que a política?
esther diz:
seriam elas mais sensíveis, mais desarmadas, mais corajosas?
Ana Laura diz:
a prostituição ocorre de várias formas, em todas as profissões, todos os
dias, todas as horas
Ana Laura diz:
elas conseguem ser tudo isso, muito mais que isso, muito menos e nada
disso
Ana Laura diz:
elas conseguem ser o que desejam
esther diz:
e o que não desejam
Ana Laura diz:
sim, porque são muitos os motivos que as levam a se prostituirem
Ana Laura diz:
há muito drama por trás de cada história, mas tomamos o cuidado - e isso
ressalto - de não fazer nenhum juízo de valor
Ana Laura diz:
como mulheres, e ainda jovens também, nós, autoras, tivemos que vencer
primeiro nossos preconceitos antes de começar o trabalho
Ana Laura diz:
mas eu diria que em uma semana qualquer estereótipo que tínhamos foi por
terra

as autoras na esquina das avenidas ipiranga com são joão
esther diz:
derrida, em uma entrevista fala da precisão de rever o sentido família.
isto com relação aos homosexuais que desejam ter filhos e usam métodos
como inseminação e mãe ou pai de aluguel. sobre este ângulo, um novo
olhar, você conseguiu ver na prostiruição apenas uma forma de trabalho, ou
vai mais além?
Ana Laura diz:
Passamos a chamar informalmente de "o quadrilátero do sexo" a região da
Boca do Lixo, que é formada pela rua Aurora e pelas avenidas São João,
Ipiranga e Rio Branco, no centro de São Paulo.
Ana Laura diz:
Englobamos: mapeamento e ambientação do local, a perda da virgindade e o início na prostituição, a família, os romances, os clientes, a violência,
a bebida, o falso glamour (como muitos ali se referem), os proprietários,
a polícia, etc
Ana Laura diz:
Tentamos traçar uma visão geral
Ana Laura diz:
Tanto que descobrimos cinemas que têm "quartos" atrás das telas de
projeção...
Ana Laura diz:
conversamos com traficantes...
Ana Laura diz:
com tudo que envolve e engloba prostituição... dentro desse universo "Boca
do Lixo"
esther diz:
como vocês saíram desta experiência? de ver o mundo por debaixo do tapete?
Ana Laura diz:
essa é uma das perguntas mais difíceis pra te responder... não sei
dimensionar a mudança interior, mas sei que se antes as respeitava, hoje
respeito muito mais
Ana Laura diz:
acho que a chave de tudo não é "vitimizá-las" ou "heroizá-las", mas
tê-las como humanas... e como todos... capazes de atos bons e atos ruins
esther diz:
elas têm o mesmo anseio que todos? família, filho, amor ?
Ana Laura diz:
Nessa região, circulam prostitutas, empregados e empregadores do que
chamamos de "indústria do sexo", além, é claro, dos clientes, que estão
ali em busca de prazer. Esse mundo à parte da capital paulista é a
essência deste livro, que, sem procurar vítimas ou réus, apresenta uma
radiografia sem distorções da prostituição feminina da região. Contamos
apenas o que vimos, ouvimos, checamos.
esther diz:
a clientela da boca do lixo pertence a que classe econômica e social?
Ana Laura diz:
e presenciamos. Foram cerca de 150 entrevistadas. Histórias excelentes que
ficaram de fora qdo alguém se negou, geralmente por medo
Ana Laura diz:
elas têm o mesmo anseio, claro, família, filho amor ? a clientela pertence
a que classe econômica, a da boca do lixo? (vou responder as duas)
Ana Laura diz:
elas têm anseio pela vida, por dias melhores... mas não sonham com
castelos no céu
Ana Laura diz:
elas recebem prposta de casamento todos os dias, e a maioria nega
veementemente porque não querem ficar presas financeiramente a uma pessoa.
querem ser independentes
Ana Laura diz:
mas muitas são casadas, e seguem na profissão. Muitas vezes os maridos
dependem daquela renda para manter a casa...
Ana Laura diz:
muitas dizem que estão ali porque gostam. outras, porque necessitam
Ana Laura diz:
a maioria se prostitui não porque é "vida fácil". Mas por conseguir
dinheiro alto e rápido
Ana Laura diz:
Quanto à clientela, se vê de tudo
Ana Laura diz:
o cliente que virou o principal no livro, por exemplo, é um milionário
conhecido de uma importante instituição financeira
esther diz:
ele foi entrevistado?
Ana Laura diz:
em suma, encontra-se gente deveras simples e deveras abonada nesse
local...
Ana Laura diz:
sim, ele foi entrevistado... é com ele que abrimos o capítulo IV, "O
comedor"
Ana Laura diz:
no geral, a classe média (se é que isto ainda existe em nosso país) e
baixa lidera a população desses locais
Ana Laura diz:
mas os fetiches são muitos, e a clientela também
esther diz:
qual o mais comum fetiche?
Ana Laura diz:
mulher que faz strip e faz programa de salto alto
Ana Laura diz:
mas é difícil generalizar
esther diz:
vocês passaram por perigos?
Ana Laura diz:
tem gente que se realiza, que goza quando a prostituta urina em sua
boca... ou defeca...
Ana Laura diz:
Na primeira semana a Rê chamou um amigo, mas não deu certo. Não
conseguíamos aproximar de ninguém, e ninguém se aproximava pq julgavam
estarmos acompanhadas
Ana Laura diz:
depois dessa experiência, fomos as três, sozinhas
Ana Laura diz:
às vezes entrávamos em duas e uma ficava do lado de fora... pq se alguém
se queimasse, tínhamos ainda quem salvasse...
Ana Laura diz:
mas sim, os perigos foram muitos
Ana Laura diz:
foi um instante em que paramos para analisar, respiramos fundo e eu disse:
"Desculpe, meninas... mas não escolhi jornalismo de boutique. A fala é
meio ou totalmente preconceituosa, mas espelha muito do que sinto e penso
sobre a profissão... sobre a minha forma de existir no e para com o mundo
Ana Laura diz:
Ali não havia meio termo... ou parávamos ou seguíamos... e seguimos
Ana Laura diz:
até contamos no making off no livro...
Ana Laura diz:
perseguição de skinhead, que não tem a ver com a prostituição, mas está
tudo ali no meio em que tudo ocorre
Ana Laura diz:
cheguei a levar facada na barriga
esther diz:
não brinca?
esther diz:
e aí?
Ana Laura diz:
graças a Deus, pegou de raspão
Ana Laura diz:
sapecou de fora a fora... rasgou minha blusa hering...
esther diz:
por que foi?
Ana Laura diz:
conversava com uma prostituta de rua (ahhh, sim... importante: o que uma
prosti de rua faz, nem sempre a de boate faz)
Ana Laura diz:
e ouvi um grito de uma garota mais adiante: "Olha a faca". Entre olhar pra
trás e pra frente, cadê as meninas??
Ana Laura diz:
O cara que vinha correndo com uma peixeira na mão estava tão próximo de
mim, que pensei em milésimos de segundos: "Se ele quiser uma prostituta
qualquer, não vou ter tempo de dizer que não sou uma" (afinal, estava no
meio delas).
Ana Laura diz:
Se ele estiver atrás de alguém, com certeza não é de mim... (porque
traficante mata, mas é a bala, na maioria das vezes)
Ana Laura diz:
se eu corresse, perderia a dimensão da cena. fiquei parada e a lâmina
desfilou um pouco abaixo do seio até a barriga
Ana Laura diz:
cena de "crocodil dundee" (não sei a grafia correta do filme)
esther diz:
deixou marca?
Ana Laura diz:
saiu...
Ana Laura diz:
três meses depoi fiz teste de HIV
Ana Laura diz:
e repeti depois
esther diz:
afinal, o que ele queria?
Ana Laura diz:
mas isso eu não contava pra ninguém
Ana Laura diz:
ele queria matar justamente a menina que estava conversando comigo
Ana Laura diz:
nessa dele passar a faca em mim, a gente se olhar, ele continuou correndo
Ana Laura diz:
daí, dei nó na minha blusa (bustiê na região da Luz, tem noção? ali não é
boca do lixo, mas a cracolândia)
Ana Laura diz:
e corri atrás dele... pq tinha que descobrir o que era
Ana Laura diz:
em suma: um cliente que tinha pedido a mão da garota em casamento. ela
negou. ele disse que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém.
Ana Laura diz:
naquele dia, pelo menos, ela conseguiu escapar.
esther diz:
ana, diz a editora e onde comprar o livro, por favor
Ana Laura diz:
Editora: Carrenho Editorial
ISBN: 85-88371-10-3
Formato: 14 x 21 cm
Nº páginas: 160
Preço: R$ 29
onde comprar: Livraria Cultura, Saraiva, Siciliano, Fnac, Nobel, Espaço
Unibanco de Cinema, Livraria Belas Artes, etc, respectivos sites - além do
Submarino e Americanas.com
Ana Laura diz:
Isto sem falar dos laçadores, que assediam os pedestres para que entrem,
vejam os espetáculos e gastem em bebidas.
Ana Laura diz:
uma das curiosidades e surpresas para a gente, que nunca tinha entrado
nesta região, nesse mundo, foi descobrir que a prostituição, o que
acabamos por chamar de indústria do sexo, não é movimentada pelo sexo em
si, mas pela venda de bebidas alcóolicas
Ana Laura diz:
Muitas nem fazem sexo, só strip e bebem juntas com os clientes
Ana Laura diz:
Quem faz strip recebe 50% do que é vendido para os clientes
Ana Laura diz:
Quem não faz, 40%
Ana Laura diz:
na região da Luz, onde levei facada, não entramos a fundo pq oficialmente
está fora da boca do lixo... ali é conhecida como a "cracolândia"... e
apesar de as pessoas se prostituirem em troca de um sanduíche ou um passe
de ônibus, sai fora do traçado
Ana Laura diz:
prostituição infantil não foi encontrada nesses locais
Ana Laura diz:
nós não vimos n Boca do Lixo (na região da Luz, tem)
Ana Laura diz:
(aliás, lá, tem famílias inteiras: avó, filha, neta..)
Ana Laura diz:
O lucro das garotas de programa nem sempre vem dos programas. Muitas
vezes, elas faturam bem mais com as comissões recebidas pela venda de
bebidas. Uma cerveja pode custar até R$ 12 na Boca do Lixo, e uma dose de
whisky nacional é cotada a mais de R$ 25.
Ana Laura diz:
Se um cliente se recusa a pagar a conta das bebidas, o problema nem sempre chega na delegacia e muitas vezes é resolvido no próprio estabelecimento.
Há casos até de clientes que apanham das próprias garotas.
Ana Laura diz:
O preço médio de um programa na região é R$ 50,00
Ana Laura diz:
O preço dos programas é negociado diretamente com as garotas e o hotel é
sempre por conta do cliente.
Ana Laura diz:
Há prostitutas casadas que fazem programas com o consentimento do marido; outras, escondem da família. Há casos de prostitutas que fazem programas mesmo estando grávidas.
Ana Laura diz:
É isto. Basicamente.
esther diz
a vida, a vida arde. não é hi-fi nem high-tec. é vida, pois não?
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