ESTAMOS DE LUTO
notícia recebida ontem, distribuída pela goldenlist do -c.a.t.
"Transmito-lhe a triste notícia que recebi dos pais do Fervil -- Luiz e Lena.
Estive com eles há pouco. O sepultamento se dará hoje(dia 27) no Cemitério São João Batista, ainda não sei a hora.
Nosso amigo Fernando Villela se foi, ontem, segunda, às 10 da noite.
Últimos escritos em http://fervil.blogspot.com/
Arrasado,
- c.a.t.
"Cat e Laiz, o Fernando sofreu um assalto hoje à noite quando voltava do trabalho, em Santo Cristo. Ele foi interceptado por uma moto, levou 1 tiro no torax e teve morte instantanea, bjs, Lena."
esta notícia era para ter sido postada ontem mas, para variar, o provedor estava fora do ar. por isto sai hoje.
o luto não é só pelo
fervil, que não
conhecia, mas por
todos os que conheço
e não conheço
subemtidos à violência
gerada por uma
política econômica e
pela inética política
de ensinar roubando,
o povo a roubar.
de matar
sorrindo um povo
para defender
interesses
que não os
do povo.
e de sorrir
ao matar.
o luto é por
constatar,
mais uma vez,
e bradar que
vivemos sob o
horror
da impiedade
econômica,
da injustiça
social,
da impunidade
para
os que detém o
poder
que é único e
exclusivo de um
povo que ainda
não se deu conta
de sua
responsabilidade.
quinta-feira, julho 29, 2004
quarta-feira, julho 28, 2004
Subject: Viridian Room
- a Continuação de Crimison Room
esta é a continuação da fuga do quarto...essa versão é muito mais difícil!, diz o jefferson para o -c.a.t.
viridian room
em baixo a solução. mas o bom é procurar. no primeiro é preciso fazer a alma do esqueleto subir. e agora?
solução do jogo.
- a Continuação de Crimison Room
esta é a continuação da fuga do quarto...essa versão é muito mais difícil!, diz o jefferson para o -c.a.t.
viridian room
em baixo a solução. mas o bom é procurar. no primeiro é preciso fazer a alma do esqueleto subir. e agora?
solução do jogo.
terça-feira, julho 27, 2004
ONGs pedem veto a anulação do Código Florestal em áreas urbanas
Herton Escobar [ 26/07/2004 ] no paraná on line
São Paulo, 26 (AE) - Um consórcio de 161 organizações não-governamentais (ONGs) protocolou hoje em Brasília carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o veto a um dispositivo legal que anula a aplicação do Código Florestal em áreas urbanas. O artigo faz parte do Projeto de Lei 47, aprovado no início do mês pelo Congresso, que dispõe sobre o sistema imobiliário e as leis de ocupação urbana. Da maneira como está, segundo os ambientalistas, o texto, na prática, acaba com as Áreas de Preservação Permanente (APPs) no perímetro urbano e submete outras regiões protegidas à especulação imobiliária.
poemeu para....
disse drumond que a tarde
chega nos cascos dos bois
digo eu: os faróis
incediando a cidade
inventam a noite.
assim surge o vermelho
na trilha do verde
ou é flor ou lanterna trazeira.
chega nos cascos dos bois
digo eu: os faróis
incediando a cidade
inventam a noite.
assim surge o vermelho
na trilha do verde
ou é flor ou lanterna trazeira.
segunda-feira, julho 26, 2004
Ñe'êndy: Interactive Guarani Dictionary, também
é fantático. vários dicionários aqui: dicionários interativos, além de músicas de lugares os mais distantes. muitas fotos de vários períodos da história. uma preciosidade.
graças à goldenlist do -c.a.t.
domingo, julho 25, 2004
veja o vídeo
ensaio para espetáculo do municipal de 30 de agosto. quem canta é servio túlio. ao piano, glauco. enfim, o povo de roma.
NUR NICHT AUS LIEBE WEINEN
sábado, julho 24, 2004
leni riefenstahl no sudão
leni riefenstahl- uma exposição em londres, na atlas gallery, está apresentando pela primeira vez na cidade as fotos feitas no sudão por leni riefenstahl, que ficou conhecida como a principal cineasta do nazismo.
o material que ela produziu nesse período, quando viveu em uma tribo africana, é tido pelos críticos como o ensaio fotográfico mais importante de sua carreira.
após o processo em que foi absolvida da acusação de ser nazista, leni riefenstahl decidiu trocar as filmadoras por câmaras fotográficas e viajou para o sudão, para fotografar a tribo nuba.
absolvida da acusação de ser nazista, mas com a carreira de cineasta acabada, leni riefenstahl viajou para o sudão, onde passou anos fotografando os integrantes da tribo nuba. pela primeira estas fotos estão em exposição em londres, na atlas gallery.
leni chegou ao sudão em 1962. foi a primeira mulher branca a receber permissão do governo sudanês para estudar os nubas. a fotógrafa viveu com eles até 1969, nos vales do centro do país. o material que ela produziu nesse período forma o que os críticos consideram seu mais importantes ensaio fotográfico.
leni era a cineasta preferida de adolf hitler. ela morreu no ano passado, aos 101 anos, depois de passar sua vida se defendendo de suas ligações artísticas com o nazismo. a cineasta e fotógrafa sempre repetiu que era apenas uma artista e que ela e hitler jamais conversaram sobre política.
no sudão, leni estudou o modo de vida dos nubas e registrou tudo o que viu em fotos. os nubas são um povo acostumado com a adversidade. eles já passaram por fome, cercos, bombardeios e isolamento. o sudão, o maior país africano, tem estado em guerras freqüentes, desde sua independência em 1956. mas os nubas são um povo pacífico.
isolados do mundo exterior, os nubas foram pegos no fogo cruzado de uma guerra civil que começou em 1983. em maio deste ano, depois de uma maratona de esforços diplomáticos, que incluiu pressão dos estados unidos, foi assinado um acordo de paz entre o principal grupo rebelde sudanês, o spla, e o governo.
as tradições seguidas pelos nubas de paganismo, adultério e o gosto por bebidas alcoólicas não se encaixam com as normas islâmicas do sudão. o resultado do trabalho de leni na região foi transformado em livro, die nuba.
leni começou sua carreira como atriz - hitler teria gostado dela ao vê-la atuar no filme the blue light. seus documentários nazistas foram elogiados pela inovação na forma de filmagem, que incluía técnicas pioneiras de uso de gruas, trilhos e várias câmeras em funcionamento simultâneo.
as montanhas nuba, no centro do sudão, são uma área rica em petróleo. os dois lados em conflito na guerra civil sudanesa disputam o controle da região. a exposição do trabalho de leni riefenstahl, na atlas gallery, vai até o dia 31 de agosto.
leni riefenstahl- uma exposição em londres, na atlas gallery, está apresentando pela primeira vez na cidade as fotos feitas no sudão por leni riefenstahl, que ficou conhecida como a principal cineasta do nazismo.
o material que ela produziu nesse período, quando viveu em uma tribo africana, é tido pelos críticos como o ensaio fotográfico mais importante de sua carreira.
após o processo em que foi absolvida da acusação de ser nazista, leni riefenstahl decidiu trocar as filmadoras por câmaras fotográficas e viajou para o sudão, para fotografar a tribo nuba.
absolvida da acusação de ser nazista, mas com a carreira de cineasta acabada, leni riefenstahl viajou para o sudão, onde passou anos fotografando os integrantes da tribo nuba. pela primeira estas fotos estão em exposição em londres, na atlas gallery.
leni chegou ao sudão em 1962. foi a primeira mulher branca a receber permissão do governo sudanês para estudar os nubas. a fotógrafa viveu com eles até 1969, nos vales do centro do país. o material que ela produziu nesse período forma o que os críticos consideram seu mais importantes ensaio fotográfico.
leni era a cineasta preferida de adolf hitler. ela morreu no ano passado, aos 101 anos, depois de passar sua vida se defendendo de suas ligações artísticas com o nazismo. a cineasta e fotógrafa sempre repetiu que era apenas uma artista e que ela e hitler jamais conversaram sobre política.
no sudão, leni estudou o modo de vida dos nubas e registrou tudo o que viu em fotos. os nubas são um povo acostumado com a adversidade. eles já passaram por fome, cercos, bombardeios e isolamento. o sudão, o maior país africano, tem estado em guerras freqüentes, desde sua independência em 1956. mas os nubas são um povo pacífico.
isolados do mundo exterior, os nubas foram pegos no fogo cruzado de uma guerra civil que começou em 1983. em maio deste ano, depois de uma maratona de esforços diplomáticos, que incluiu pressão dos estados unidos, foi assinado um acordo de paz entre o principal grupo rebelde sudanês, o spla, e o governo.
as tradições seguidas pelos nubas de paganismo, adultério e o gosto por bebidas alcoólicas não se encaixam com as normas islâmicas do sudão. o resultado do trabalho de leni na região foi transformado em livro, die nuba.
leni começou sua carreira como atriz - hitler teria gostado dela ao vê-la atuar no filme the blue light. seus documentários nazistas foram elogiados pela inovação na forma de filmagem, que incluía técnicas pioneiras de uso de gruas, trilhos e várias câmeras em funcionamento simultâneo.
as montanhas nuba, no centro do sudão, são uma área rica em petróleo. os dois lados em conflito na guerra civil sudanesa disputam o controle da região. a exposição do trabalho de leni riefenstahl, na atlas gallery, vai até o dia 31 de agosto.
erros de semântica é o blog de mauro lima. um novo amigo virtual, que me alimenta de conversas interessantes e, sem piedad,e critica meus textos e facilita que eu os melhore. dele é este poema,
PÓS NEXIUM
Espreguiça o campo da noite escura,
Estrelas reluzindo em torres de concreto
Incertos da beleza que procuram,
Derrubada e esquecida atrás de uma cômoda.
Madrugada afora as estrelas riem do seu infortúnio
Um doce Eldorado que me é negado
Atado à vastidão deste vale infinito
Acorrentado à serena e inefável noite escura
Monotonia redunda em ondas elétricas,
Nos copos de cerveja,
Aonde quer que se veja.
Nos ônibus, nos hospitais,
As mesmas faces, os mesmos ais,
A dor monótona da dor de dente
E o grito fingido de um orgasmo ardente.
E como falar de tudo isso é monótono
Vagueando ao som de uma garrafa vazia
Pensamentos esparramados pelas esquinas
De uma noite monótona, de silenciosos gritos
E urros dissimulativos de uma verdade cerrada,
Derrubada e esquecida atrás de uma cômoda.
Se o leiteiro se apressar, talvez o amante ele encontrará
E o jornaleiro as notícias trará,
Indignando-se com o porquê
Da monotonia lavada, esparramada, escoada ao bueiro,
De palavras insanas e vomitadas
Gritos que ocuparam garrafas
E escreveram cicatrizes nos hospitais, outros ais,
Amantes sem rosto, um gosto de desgosto,
Caído, esquecido atrás de uma alvorada.
Estrelas reluzindo em torres de concreto
Incertos da beleza que procuram,
Derrubada e esquecida atrás de uma cômoda.
Madrugada afora as estrelas riem do seu infortúnio
Um doce Eldorado que me é negado
Atado à vastidão deste vale infinito
Acorrentado à serena e inefável noite escura
Monotonia redunda em ondas elétricas,
Nos copos de cerveja,
Aonde quer que se veja.
Nos ônibus, nos hospitais,
As mesmas faces, os mesmos ais,
A dor monótona da dor de dente
E o grito fingido de um orgasmo ardente.
E como falar de tudo isso é monótono
Vagueando ao som de uma garrafa vazia
Pensamentos esparramados pelas esquinas
De uma noite monótona, de silenciosos gritos
E urros dissimulativos de uma verdade cerrada,
Derrubada e esquecida atrás de uma cômoda.
Se o leiteiro se apressar, talvez o amante ele encontrará
E o jornaleiro as notícias trará,
Indignando-se com o porquê
Da monotonia lavada, esparramada, escoada ao bueiro,
De palavras insanas e vomitadas
Gritos que ocuparam garrafas
E escreveram cicatrizes nos hospitais, outros ais,
Amantes sem rosto, um gosto de desgosto,
Caído, esquecido atrás de uma alvorada.
terça-feira, julho 20, 2004
segunda-feira, julho 19, 2004
domingo, julho 18, 2004
fim dos blogs? quantos fecharam nos 2 últimos meses?
muitos estão cerrando as portas de seus blogs. indo para um outro universo. alguns os conservam congelados. no mês passado não encontrei mais o chick peituda de meu amigo hazel. conversamos na janela do msn.e ele explicou. vem com atraso a publicação da conversa. mas veio.
esther diz:
doutor hazel o que houve com chick peituda? por favor
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Oláaaaaaaaa!
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Como vai?
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Eu fechei, ué.
esther diz:
uai!!!!!!!!
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Cansou.
esther diz:
cara!, por que?
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Estava na hora de morrer.
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Deu o que tinha que dar.
esther diz:
ah. não faz isto não
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Algumas mudanças na vida começam por pequenas coisas. Uma delas foi fechar o cp.
esther diz:
lastimo
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Eu tb sinto falta, mas nem tanta quanto achei que fosse sentir.
esther diz:
por causa do orkut
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Não... eu quase não uso.
esther diz:
hazel, onde irei te ler, então?
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Atualmente, local algum.
esther diz:
ahhhhh (isto é um triste suspiro)
o fechamento de chick peituda faz rede mais pobre
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Não tenho muito o que dizer, realmente, sobre mim, que ocuparia páginas e páginas.
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Quem sabe o que o futuro nos reserva, queridíssima Esther?
esther diz:
não desapareça, por favor. te gosto muito
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Não desaparecerei. Não imaginas como sou grato por pessoas da maior importância como vc, Mariza, Servio, Sóter, Lilian, entre outros, que me incentivam a continuar a escrever;
esther diz:
nós é que agradecemos o prazer oferecido e lamentamos a ausência. mas espero, por pouco tempo
beijos, menino.
as mortes podem ser assim: súbitas, mesmo se previstas.
blogs do outro mundo
fim de chick peituda
muitos estão cerrando as portas de seus blogs. indo para um outro universo. alguns os conservam congelados. no mês passado não encontrei mais o chick peituda de meu amigo hazel. conversamos na janela do msn.e ele explicou. vem com atraso a publicação da conversa. mas veio.
esther diz:
doutor hazel o que houve com chick peituda? por favor
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Oláaaaaaaaa!
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Como vai?
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Eu fechei, ué.
esther diz:
uai!!!!!!!!
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Cansou.
esther diz:
cara!, por que?
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Estava na hora de morrer.
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Deu o que tinha que dar.
esther diz:
ah. não faz isto não
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Algumas mudanças na vida começam por pequenas coisas. Uma delas foi fechar o cp.
esther diz:
lastimo
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Eu tb sinto falta, mas nem tanta quanto achei que fosse sentir.
esther diz:
por causa do orkut
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Não... eu quase não uso.
esther diz:
hazel, onde irei te ler, então?
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Atualmente, local algum.
esther diz:
ahhhhh (isto é um triste suspiro)
o fechamento de chick peituda faz rede mais pobre
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Não tenho muito o que dizer, realmente, sobre mim, que ocuparia páginas e páginas.
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Quem sabe o que o futuro nos reserva, queridíssima Esther?
esther diz:
não desapareça, por favor. te gosto muito
.Hazel. [The Good Life Is Out There, Somewhere...] diz:
Não desaparecerei. Não imaginas como sou grato por pessoas da maior importância como vc, Mariza, Servio, Sóter, Lilian, entre outros, que me incentivam a continuar a escrever;
esther diz:
nós é que agradecemos o prazer oferecido e lamentamos a ausência. mas espero, por pouco tempo
beijos, menino.
as mortes podem ser assim: súbitas, mesmo se previstas.
sábado, julho 17, 2004
aos meus amigos, que por mim velaram, esta paisagem de minas, um poema do armando freitas filho e o agradecimento pelo amor que ameniza feridas.
pele de moça
armando freitas filho
a lágrima tem seu perfil
em pé, ao lado da música
feita para piano e voz
virando, lenta, as páginas
da partitura, casual
quase invisível, imitação
do vento, mas também precisa
sem deixar que a mão
resvale e se afaste
para a dura via
onde cresce o mato bravo
que nota a nota se revela.
armando freitas filho
a lágrima tem seu perfil
em pé, ao lado da música
feita para piano e voz
virando, lenta, as páginas
da partitura, casual
quase invisível, imitação
do vento, mas também precisa
sem deixar que a mão
resvale e se afaste
para a dura via
onde cresce o mato bravo
que nota a nota se revela.
do livro "duplo cego" (nova fronteira)
duplo cego= adj. relativo ao teste no qual a composição da droga aplicada, inerte ou não, é desconhecida tanto por quem a recebe como por quem a administrta.
sexta-feira, julho 16, 2004
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
trocando miúdos com a diva.
dona mariquinha, 92 anos. mora sozinha, mas tem a cidade inteira a lhe pedir a benção. hoje , de folhinha na mão, trocava telefones com diva, que os anotava também nas costas do calendário. mora ao lado da peixaria da valéria e do etelier do fernando que esculpe imagens de papel e gesso. a prefeitura fica mais pra frente. ela escora o prefeito, pede aumento para uma ou outra conhecida e ameaça arrancar-lhe os cabelos. hoje visitou um padre que veio passar as férias com a mãe, que mora em frente.
quarta-feira, julho 14, 2004
ute lemper cantando "psalm", de paul celan, do songbook de michael nyman.
PSALM
Niemand knetet uns wieder aus Erde und Lehm,
niemand bespricht unseren Staub.
Niemand.
Gelobt seist du, Niemand.
Dir zulieb wollen
wir blühn.
Dir
entgegen.
Ein Nichts
waren wir, sind wir, werden
wir bleiben, blühend:
die Nichts-, die
Niemandsrose.
Mit
dem Griffel seelenhell,
dem Staubfaden himmelswüst,
der Krone rot
vom Purpurwort, das wir sangen
über, o über
dem Dorn.
Niemand knetet uns wieder aus Erde und Lehm,
niemand bespricht unseren Staub.
Niemand.
Gelobt seist du, Niemand.
Dir zulieb wollen
wir blühn.
Dir
entgegen.
Ein Nichts
waren wir, sind wir, werden
wir bleiben, blühend:
die Nichts-, die
Niemandsrose.
Mit
dem Griffel seelenhell,
dem Staubfaden himmelswüst,
der Krone rot
vom Purpurwort, das wir sangen
über, o über
dem Dorn.
salmo
ninguém nos molda de novo com terra e barro,
ninguém evoca o nosso pó.
ninguém.
louvado sejas, ninguém.
por ti queremos
florescer.
ao teu
encontro.
um nada
éramos nós, somos, continuaremos
sendo, florescendo:
a rosa-de-nada, a
rosa-de-ninguém.
com
o estilete claralma,
o estame auto-céu,
a coroa rubra
a palavra púrpura, que cantamos
sobre, oh, sobre
o espinho.
tradução claudia cavalcanti
diz paul celan, sobre o poema
"O poema quer o Outro, precisa desse Outro, precisa de um parceiro. Ele o procura, adequa-se a ele.
Cada coisa, cada pessoa é um poema que se dirige ao Outro, figura desse Outro."
"...o poema fala sempre somente em prol de si mesmo e de mais nada."
"O poema é solitário. É solitário e andante. Quem o escreve, a ele fica entregue."
"Vivemos sob céus sombrios, e... são poucas as pessoas. É por isso que existem tão poucos poemas. As esperanças que ainda tenho não são grandes; tento conservar o que me restou."
CRISTAL
Não procura nos meus lábios tua boca,
não diante da porta o forasteiro,
não no olho a lágrima.
Sete noites acima caminha o vermelho ao vermelho,
sete corações abaixo bate a mão à porta,
sete rosas mais tarde rumoreja a fonte
.
não diante da porta o forasteiro,
não no olho a lágrima.
Sete noites acima caminha o vermelho ao vermelho,
sete corações abaixo bate a mão à porta,
sete rosas mais tarde rumoreja a fonte
( tradução: Claudia Cavalcanti )
Paul A. Anschel, filho de judeus de língua alemã, nasceu em Czernowitz (Bukowina) em 23 de novembro de 1920. O pseudônimo Celan se origina da transformação anagramática do nome romeno Ancel. Na cidade natal, faz os estudos pré-universitários, para em 1938 iniciar a faculdade de Medicina em Tours (França), e um ano depois a de Romanística em Czernowitz, que em 1941 acaba ocupada por tropas alemãs e romenas. Celan é enviado a um campo de trabalhos forçados; seus pais morrem num campo de concentração.
Os anos que antecedem sua morte se caracterizam por tendências autodestrutivas, mania de perseguição e surtos de amnésia. Paul Celan acaba por suicidar-se no rio Sena, em abril de 1970.
imagens do filme de apresentação do songbook de michael nyman sobre os poemas de paul celan musicados por ele.
terça-feira, julho 13, 2004
olympia
estava revendo "olympia" e "o triunfo da vontade" documentários sobre
os jogos olímpicos da alemanha do terceiro reich e sobre a figura de
hitler e do nazismo de leny riefenstahl.
cada frame, cada take, é maravilhoso. já ouvi cineastas comentando que
leny riefenstahl deu colorido ao preto e branco, da mesma forma
preconceituosa com que se diz que fulano é um negro de alma branca.ela
utilizou o cinza, o preto e o branco de modo a não restar dúvidas de
que o fotografado era a emoção que ela nos passava. viveu intensamente
a busca pela aventura e pela representação da beleza física. após
completar 100 anos ela ainda continuava mergulhando para fotografar
tubarões e outros animais e paisagens submarinas, uma de suas paixões.
morreu aos 101 anos de idade em sua casa em pöcking (baviera, sul da
alemanha). conhecida, banida e indesejada, apesar de negar o rótulo de
nazista é impossível não saudar a beleza de sua arte. procurar separar
o artista do criador sei que é tema de imensas discussões. mas para
banir leny teremos de fazer o mesmo com wagner, ezra pound,heideger e o
papa de hitlerI. dentre tantos.
capturei alguns takes de olympia.
ao ler "outros escritos"de jacques lacan recolhi em seu discurso sobre marleau-ponty, momentos que ilustram , a meu ver, o que sinto em ver as fotos feitas por leny riefenstahl.
"pois, para além desse jogo, o que meu gesto articula, sim, somente aí,
é o eu (je) evanescente do sujeito da verdadeira enunciação.
com efeito, basta que o jogo se reitere para constituir esse eu que,
por repetí-lo, diz o eu que aí se faz.
mas esse eu (je) não sabe o que diz, rejeitado que é, pelo gesto, como
que para trás, para o ser que a ejeção coloca no lugar do objeto que
ele rejeita.
assim, eu quem diz só pode ser inconsciente daquilo que eu faço, quando
não sei o que, fazendo, eu digo."
segunda-feira, julho 12, 2004
abdlaziz lembrou estes poemas para esta árvore, mais focada, que postei em elb
Se cada dia cai
Se cada dia cai,
dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
________________________________________________
Esperemos
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.
Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
sexta-feira, julho 09, 2004
não adianta dizer que está tudo bem porque não está. ou escrever textos falsos, só por que é preciso postar. na realidade, preciso de minha mãe para me consolar da morte dela. eu, uma mulher de 62 anos acostumada às perdas, não sabia que morte de mãe tirava o chão da gente. alguma coisa estranha está acontecendo. é preciso deixar acontecer. enquanto isto, apareço ou não. de concreto percebo que estou vaga. vaga e súbita, se me entendem, pois nem eu me sei mais. nunca poderia supor que mãe fosse verbo definindo.
quinta-feira, julho 08, 2004
para almas altruístas
quem desejar montar grupos de pesquisa para a cura de todas as doenças, inventar máquinas sem pneus, e sem uso de gasolina, resolver o drama mais antigo da humanidade, a velhice e a morte, ajude este rapaz na sua busca. clique aqui me salve. ele me lembra mazzaropi, waldick soriano, pinóquio e gentileza, após passarem por um mixer.
terça-feira, julho 06, 2004
queridos, obrigada pelos sentimentos. fernando victor, filho reencontrado , recebi suas preces; sérvio, meu querido, foi estranho, porque eu estava perdida realmente, sem conseguir encontrar a escada; minha especial e maravilhosa eliane estoducto, vamos nos encontrar, tenho certeza, mas preciso curar esta gripe que me abateu; márcia maia, você sabe o tanto que ela precisava deste descanso!;
benno que lástima não poder ler mais teus escritos, repensa menino sobre esta decisão. é realmente uma lástima; que belo colo helô, obrigada; graça , geórgia, mirian, quando um pensa no outro positivamente recarrega as baterias do mundo; manoel carlos,um abraço, meu amigo: pato, obrigado, filho, saudades; mariza,eu sei, beijos.
mamãe morreu dormindo, com uma das filhas ao lado. foi velada em casa onde lembramos do quanto ela suportou, morreendo de rir, das traquinagens dos filhos sempre muito bem humorada; das rodas de violão quando ela tocava e cantava para nos fazer adormecer. e assim a acompanhamos até a nova casa do corpo enquanto ele se torna em pó : cantando as filhas, acompanhadas pelas netas ao violão. de sara, minha mãe, estavam presentes três gerações , quase quatro: filhos, netos , bisnetos que, em breve ,casarão. ela foi embora, por assim dizer, no dia do aniversário de aline,sua neta, e quando bia, em potugal, soube que estava grávida. no mesmo instante convivemos com a partida e a chegada.
não podemos saber o grau de sofrimento de alguém com o mal de alzhaimer porque há uma degeneração do tecido cerebral e o doente perde qualquer possibilidade de expressão verbal. em pouco ele sequer se move, e parace não perceber a mão que afaga seu corpo ou uma mosca que pousa. não é somente confusãoou ausência de lembranças. a memória esquece como falar, andar, comer e, por fim, respirar. a vida é torna-se vegetativa. podem ser diferentes os sintomas. no último ano, minha mãe foi acometida por convulsões que precisavam ser controladas ao máximo, mas que ocorriam. alguns morrem sem experimentar as convulsões. pequenas isquemias sobrevêem. mas as crises superadas, sem que se percebesse qualquer rito de dor em sua face, ela voltava a sorrir. sorria sempre. não foi uma doente impertinente. muito pelo contrário.
o mal , segundo as pesquisas, surge aos 65 anos de idade, mais ou menos. é genético. parente próximo da doença da bipolaridade. os erros, ou desvios genéticos são semelhantes. para quem tem parentes com o mal é conselhado muito exercício mental. ainda não há cura para o mal. surgiram algumas drogas recentes para estabilizar o mal.mas apresentam efeitos colaterais e seu uso está sendo desaconselhado
consultar: mal de alzhaimer http://www.villafiorita.org/alzhaim.htm
amanhã volto para niterói. depois, como aprendi com minha mãe e avós, uma família matriarcal, a vida continua. mancando, até aprender o novo passo.
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