quarta-feira, agosto 15, 2007

joel silveira: jornalista não morre, vira garamond

joel silveira: jornalista não morre, vira garamond

(mas aqui usei verdana)



geneton moraes relembra um poema de lawrence ferlinguetti para introduzir o aviso da morte do jornalista joel silveira:

'The World is a beautiful place to be born into
If you don't mind happiness not always being so very much fun

If you don't mind a touch of hell now and then just when everything is fine

because even in heaven they don't sing all the time

(...) Yes, the world is the best place of all

for a lot of such things as making the fun scene

and making the love scene

and making the sad scene

and singing low songs and having inspirations

and walking around

looking at everything

and smelling flowers

and goosing statues

and even thinking and kissing people and

making babies and wearing pants

and waving hats and

dancing and going swimming in rivers

on picnics in the middle of the summer as just generally ''living it up''


Yes, but then right in the middle of itcomes the smiling mortician''



aqui a tradução de nelson archer para o poema "o mundo é um ótimo lugar...."

o mundo é um ótimo lugar
para se nascer
se não te importa que a felicidade
nem sempre tenha muita graça
se não te importa um quê de inferno
de quando em quando
justo quando tudo vai bem
pois nem mesmo nos céus
se canta oi tempo todo

o mundo é um ótimo lugar
para se nascer
se não te importa que alguns morram
o tempo todo
ou sofram só de fome
parte do tempo
o que não é tão mau assim
se não é com voc6e

o mundo é um ótimo lugar
para se nascer
se não te importam
algumas mentes mortas
nos postos mais altos
ou uma bomba ou duas
de quando em quando
nas suas caras pasmas
ou tais outras inconveniências
que vitimam a nossa
sociedade Marca Registrada
com a distinção de seus homens
e seus homens de extinção
e seus padres
e outros patrulheiros

e suas várizas segregações
e investigações parlamentares
e outras prisões
de ventre que nosso torpe
corpo herda

sim o mundo é o melhor dos lugares
para tantas coisas como
encenar diversão
e encenar amor
e encenar tristeza
e cantar baixarias e se inspirar
e dar umas voltas
olhando de tudo
e cheirando flores
e cutucando estátuas
e até pensando
e beijando as pessoas e
fazendo filhos e usando calças
e acenando chapéus e
dançando
e nadando nos rios durante
piqueniques
no meio do verão
e no sentido amplo
"vivendo até o fundo"

sim
mas no meio disso chega
então sorrindo o
agente funerário.

helô., foi por um mail dela que soube. disse ela "O Brasil tá perdendo a graça. Sem Paulo Francis e agora sem Joel." e fez juntada do texto extraído do blog de Geneton de Moraes, um de seus grandes amigos. enviou vários links bons de ver e recordar: quem disse que víbora não fala; deus existe mas não funciona; diário do último dinossauro; e aqui o texto completo.

e seguem frases de joel recolhidas por .bruno garschagen

não deixem de tomar, nessa noitre fria, sopa de tamanco

Joel Silveira: frases que ficam (VIII)
"Eu não entendo o fenômeno do Paulo Coelho. O Bill Clinton lê, o Chirac leu, o mundo inteiro lê e eu tentei ler, mas vomitei. Eu acho horroroso. Mandaram um exemplar para mim, mas mandei devolver porque não quero infectar minha biblioteca. Eu considero isso a sub-sub-sub-literatura, mas ele vende até na Tailândia".

Joel Silveira: frases que ficam (VII)
"Não entendo o fenômeno João Gilberto: é um dos mistérios que minha inteligência não consegue alcançar. Eu até me esforço para entender tanta idolatria, porque, como sou repórter, gosto de saber das coisas. Mas confesso que não consigo."

Joel Silveira: frases que ficam (VI)
"Não existe nada mais grotesco do que um sujeito barrigudo e suado tocando cavaquinho".

Joel Silveira: frases que ficam (V)
"Eu incluiria o turista numa Galeria Internacional do Ridículo.Porque o turista é de um ridículo sem par. De bermuda, cheio de máquinas penduradas no pescoço,suando em bicas, é roubado a toda hora nos restaurantes. Ridículo é também o velho que quer parecer moço - aquele que pinta cabelo, rebola e faz uma operação plástica por mês".

Joel Silveira: frases que ficam (IV)
"Não quero parecer ranzinza, mas alguém pode me dizer para que servem os alpinistas? Por que aqueles idiotas não pegam um avião para olhar as montanhas do alto, em vez de tentar a subida ridiculamente amarrados em cordas? Eu jamais compraria um carro de um alpinista. Não se pode confiar em seres que não têm senso de ridículo".

Joel Silveira: frases que ficam (III)
"O Brasil tem somente dois grandes autores, dignos de serem chamados de escritores: Machado de Assis e Graciliano Ramos. O resto é o resto. Conversava muito com Graciliano, sempre amargo, gostava muito de uma cachacinha. Era uma figura fabulosa. Depois da morte dele, entramos na entressafra literária. Há um ou outro que tenha publicado um bom livro, mas não um conjunto de obras como tinham Graciliano, Machado de Assis, José Lins do Rêgo. Jorge Amado não. Jorge Amado é uma porcaria, sempre foi. Fui amigo do Jorge, depois rompemos. Não gostava da sua maneira de agir, ele não era imoral, era amoral".

Joel Silveira: frases que ficam (II)
"Eu não sou víbora coisa nenhuma. Eu me chateio com isso. Víbora tem veneno. Eu nunca ataquei ninguém em 70 anos de jornalismo. Quando não gostava de alguém eu a tratava de uma maneira sarcástica, bem-humorada".

Joel Silveira: frases que ficam
"Até hoje, acho que o Brasil só tem três grandes prosadores realmente digno deste nome: Machado, Graciliano e Monteiro Lobato, o resto é segundo time. Guimarães Rosa eu acho que é truque. Ele é o Joyce cabloco. Inventou uma língua que ninguém fala".


Joel Silveira na wikipédia

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