terça-feira, setembro 18, 2007

para sempre

para sempre





o barulhinho tic tic tic do facão desafinado batendo no capim ainda mal crescido, brota, mas é o que resta nestes campos gerais de meu deus. a capineira plantada, adubada, no aguardo da chuva para crescer- só dois diazinhos de chuva e o capim aumenta de tamanho. só dois.

nem precisa de chuva parideira,miúda e constante. pode ser daquelas em que o céu parece abrir as veias. só é justo que dure dois dias. é o que garante tiago, o trabalhor que pega capim.



enquanto isso as pessoas compram feno, que está pela hora da morte e colhem as brotas que , milagrosamente, sem adubo, surgem na estrada de todos os caminhos.

aqui, no sul de minas, no adivinho da primavera, o clima é de deserto; frio pela manhã e à noite. e de dia, tem vezes em que o sol castiga. tempo ventoso, brilhante demais, e com sol que pinica a pele,

veio um deputado para a região e comprou todo o capim que existia. quem tem capineira pouca , nessa época de seca, compra de outros. mas o senhor deputado pagou à peso de ouro o capim que a natureza plantou e os que nasceram por força da mão humana. nada ficou. nem fiapo.

então quem tem carreta pega na estrada o capim napier. só brota, saída do fogo que o pessoal que passa de carro e joga o cigarro pela janela provoca, mais o sitiante que quer ver a terra verde esmeralda logo, não importa se matou os nutrientes. vale a cor.

isso que está escrito acima foi o pensar de um peão que apeou do cavalo e veio comentar. mais exclarecido, parecia, mas duvido que não tenha colocado fogo no pasto dele. são estas conversas que encompridam o tempo nessa de olhar o cavalo dele pastar de boca tão boa que até a da gente mina água.

é assim essa vida de pegar vento e sol e olhar potros recém paridos, uns calcados, outro de cor por igual,, enquanto desenham-se na cabeça estas mal traçadas linhas. dá um sono bom. nem sono, pasmaceira. a vida parece para sempre , de tão macia.


Nenhum comentário: