terça-feira, setembro 18, 2007

sorôco, sua mãe, sua filha




sorôco, sua mãe, sua filha





quando li a história do sorôco pensei no final dela porque ele não cantou antes que a mãe e a filha partissem no trem de grades nas janelas para o hospício, e só depois, ora, se o mal delas era cantar o que ninguém entendia, mas podiam acompanhar cantando, como fizeram as pessoas que foram à estação ver o bota-fora e seguiram sorôco, que resolveu cantar, na sua cantoria; se o mal delas era um colorido numa e o negro noutra, mas a cantação, que todo mundo cantou depois que se foram, sinal de que só elas eram portadoras do som da música; ora, porque só a tristeza de sorôco teve acompanhemnto musical e não a alegria desconjuntada delas?

fico me perguntando e não respondo. mas sei que a felicidade é o que tem de mais complicado na vida. assim, de sentir.

já dizia o camarada nietzsche, em sua lavra de letras, na "origem da tragédia" e nem precisava dizer, que tá ná cara: "o dionisíaco com seu prazer primordial percebido inclusive na dor, é a matriz comum da música e do mito trágico".

grandes coisas dizer isso antes, devia mais era ter avisado sorôco e a cidade para evitar de mandar as duas para o hospício. falta de informação é uma droga. e guimarães rosa, como médico, bem que podia de ter evitado.



(terceiro conto do livro "primeiras histórias" do um joão, o de gruimarães rosa)

nb: a égua não pariu. lembrar que dizem, alguns doutos, que sorôco vem de sorocar que significa estertorar, agonizar. e a gente nem tá podendo....

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