segunda-feira, dezembro 29, 2008

e o meu mundo quase acabou

e o meu mundo quase acabou



Um ano depois

By José Saramago


"“Morri” na noite de 22 de Dezembro de 2007, às quatro horas da madrugada, para “ressuscitar” só nove horas depois. Um colapso orgânico total, uma paragem das funções do corpo, levaram-me ao último limiar da vida, lá onde já é tarde de mais para despedidas. Não recordo nada. Pilar estava ali, estava também Maria, minha cunhada, uma e outra diante de um corpo inerte, abandonado de todas as forças e donde o espírito parecia ter-se ausentado, que mais tinha já de irremediável cadáver que de ser vivente. São elas que me contam hoje o que foram aquelas horas. Ana, a minha neta, chegou na tarde do mesmo dia, Violante no seguinte. O pai e avô ainda era como a pálida chama de uma vela que ameaçasse extinguir-se ao sopro da sua própria respiração. Soube depois que o meu corpo seria exposto na biblioteca, rodeado de livros e, digamo-lo assim, outras flores. Escapei. Um ano de recuperação, lenta, lentíssima como me avisaram os médicos que teria de ser, devolveu-me a saúde, a energia, a agilidade do pensamento, devolveu-me também esse remédio universal que é o trabalho. Em direcção, não à morte, mas à vida, fiz a minha própria “Viagem do Elefante”, e aqui estou. Para vos servir.




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coisa semelhante aconteceu comigo, no dia 16 de dezembro deste ano. uma dor insuportável. mal estar, um desmaio sem ter desmaiado como se estivesse me esvaíndo.
apendicite agudo o diagnóstico. ora, ora, seria então uma em um milhão. pois, na minha idade a proporção para per apendicite agudo é esta.

exames à mancheia. soro constante sempre teimava em saltar da veia e o braço já se tornava um pilão. dieta zero, nenhuma água, sequer comida. e laxantes diários, para limpar-me sei lá do que. no quinto dia não tinha mais voz. fraca, mal conseguia mexer na cama. e a dor só calada por injeções que já esqueci o nome.

uma semana de hospital e piorava sem que nenhum exame batesse. um desmentia o outro. e regina branco me avisava, você está com netuno encobrindo seu sol. ele turva qualquer diagnóstico. além disto está propensa a ter uma veia entupida.
ora, ora, que bom ano estava terminando. bissexto, não?

mudei de hospital, de médicos. no primeiro foram 3 que nada conseguiam entender. no segundo, apenas um, matou a charada: intestino inflamado. e lá vou, no início de janeiro, para outra colonoscopia. programão para 2009.

agora estou bem. comi, não uso mais laxantes e bebo água. tomo antiinflamatório e etc...

a droga, é que netuno, como diz regina , é um planeta lento, passa devagar sobre a casa da gente e, enquanto isto, haja estrago!!!!!! só não me entupa nenhuma veia, netuno senão caço-te nos mares e lhe acerto com seu próprio tridente.

Um comentário:

Unknown disse...

Cara Esther,

Com isso, um ano que me trouxe tantas coisas bonitas e interessantes, como o livro novo da Fal e o seu blog, perde a chance de sair de cena com alguma dignidade.
Duvido muito que Netuno ouse enfrentar a sua santa ira.
Melhoras rápidas e que todos possamos ter um 2009 com muita saúde e muita paz (embora tenhamos que nos revirar um pouco para ter "tranquilidade", né não?) e que possamos curtir boa literatura, ótimas músicas, fotos e paisagens deslumbrantes, boas águas e os bons ares que você nos manda aí das Gerais.
Um grande abraço do
Nando