caxambu: saída do fundo do poço

caxambu: saída do fundo do poço





“Há mudança no Brasil. Ela não corre, mas anda. Não corre, mas ocorre.”
Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997), em 1994.




"somos um povo dito subdesenvolvido não porque a economia do país anda mal das pernas mas porque as mentes ainda se orgulham em torcer contra, em fazer gol contra, sem perceber, que é contra nós que estamos o tempo inteiro. abdicamos então da felicidade em nome do que poderia ser mas , ora veja só, não foi.
no entanto, a realidade é simples: ela é."
ana laura diniz, 2009






quase toda cidade do interior aqui de minas tem um cristo, como o da guanabara, instalado sobre o mais alto morro, de braços abertos. aqui em caxambu temos o nosso. perto daqui , em várias cidades, idem. e por aí vamos nos caminhos das gerais.

não há mar em minas, a não ser no município de mar de espanha que tem mar só no nome. portanto, nosso cristo nunca está de braços abertos sobre o mar.

no de resto temos as estradas molhadas, embarreadas e vermelhas no verão, quando chove de dar medo, e a poeira da estação seca, o inverno. e as trilhas, as cachoeiras, as montanhas azuis da mantiqueira, a paisagem e o povo que a ilustra.

nas cidades do interior a rivalidade política também é um fato marcante. em caxambu, nem se fala! ora, somos cerca de 16 mil habitantes. beirávamos os 30 mil. mas as pessoas por falta de emprego, de faculdades, foram embora. e foram. e foram. muitos, milhares.

mesmo consciente disto, a cidade está dividida em várias facções. não soubesse eu que mineiro tem forma mansa de ataque logo estaria sempre, como uma esgrimista, en garde .

ora, o atual prefeito de caxambu tem, em sua maioria, o apoio do povo , o chamado povão, o que participa da elite como trabalhadores domésticos, pedreiros, jardineiros, etc.
os patrões, também estavam lá, na posse. a classe média, média.
menos a oposição. estes estão nas trincheiras atirando com paint-ball no ainda adversário, mesmo após terminada a disputa eleitoral e o sucessor já estar em trabalho.

tem muita gente torcendo para que tudo dê errado. gente da cidade que deseja mal à cidade em que vive.

corre por aqui um dizer que nhá chica, beata de baependi , disse certa vez que caxambu não progrediria. se o povo ajudar poderá mudar esta lenda.

ontem , enqunto tomávamos um cafezinho no bar avenida passou um adversário do atual prefeito e disse: vamos torcer para que ele não afunde a cidade de vez no brejo.
um amigo, de espírito alerta, respondeu: afundar como? já estamos no fundo do brejo....

este o espírito de caxambu. sabemos que estamos no fundo do poço. corre o boato de que a prefeitura está falida, sem um tostão, e a única luz no final do túnel é o prefeito empossado, o médico luiz carlos pinto. mas a turma torce contra.

a maioria, pois ele ganhou com margem folgada de votos, tem fé ,orgulho e esperança e, como disse um orador na ocasião da posse, "não ficaremos deitados em berço esplêndido esperando que caxambu possa oferecer emprego , saúde, educação e dignidade à sua população. vamos trabalhar!"

a luta é de todos. quem está puxando o cabo de guerra para que ele arrebente deseja que os 16 mil habitantes que ainda restam em caxambu fujam daqui. almejam, em síntese, uma cidade fantasma. que pena!

é preciso que as pessoas saibam que a derrota de um time de futebol faz parte do jogo; que a eleição de um candidato, em detrimento de outro, é regra democrática e que nos cabe, à todos, sem excessão, com pensamento positivo fazer figa e trabalhar para que tudo dê certo. e que se o prefeito eleito não estiver cumprindo sua missão , nós o conhecemos, sabemos que ele costuma e gosta de ouvir as pessoas, é só falar com ele .

mas convenhamos, a gente vota porque acredita que fulano fará melhor administração para o país ou cidade onde moramos ou porque supomos que levaremos vantagens ?

coisa de baixa estima. porque, amigos, não há nada mais difícil no mundo do que ver acontecer o almejado, enfim, usufruir da tal felicidade de realização.