quinta-feira, março 31, 2005



a cerimônia do adeus*




para nós que aqui estamos mas morreremos..


no livro " a cerimônia do adeus" simone de beauvoir narra os últimos momentos da vida de jean-paul sartre tornando publico o privado e desvestindo o ser público de sartre de vida.

ler suas idéias, conviver com seus textos era compatilhar do seu viver. simone nos encaminha para o momento de sua morte como se caminhássemos por um corredor de gemidos e perplexidade onde ele está mudo.

se este desnudamento que à época provocou divergência de opiniões foi correto ou não eu nunca saberia responder. mas ela nos deixa nos derradeiros parágrafos do livro suas incertezas e certezas humanas:

"há uma pergunta que em verdade não me fiz: talvez o leitor a coloque: não deveria eu ter avisado sartre da iminência de sua morte? quando ele se encontrava no hospital, enfraquecido, sem esperanças, só pensei em dissimular-lhe a gravidade de seu estado. e antes? ele sempre me dissera que em caso de câncer ou de outra doença incurável queria saber. mas seu caso era ambíguo. ele estava "em perigo" mas resistiria ainda dez anos como desejava, ou tudo terminaria em um ou dois anos? todos o ignoravam. ele não tinha nenhuma disposição a tomar , não poderia ter se tratatado melhor do que foi. e amava a vida. já tinha tido muita dificuldade em assumir sua cegueira, suas enfermidades. se tivesse sabido com mais exatidão a ameaça que pesava sobre ele, isso apenas entristeceria seus últimos anos. de toda maneira, eu oscilava como ele entre o temor e a esperança. meu silêncio não nos separou.
sua morte nos separa. minha morte não nos reunirá. assim é: já é belo que nossas vidas tenham podido harmonizar-se por tanto tempo."


para tudo há justificativa, sei. mas suely eu quero fazer as malas antes de partir. creio que esta é a vontade da maioria dos viventes. e até escolher o momento da partida . porque somos propriedade nossa.

guilherme marechal um cavaleiro andante francês que servia aos plantagenetas, lutou ao lado de joão sem tera , ricardo coração de leão e foi o regente do futuro rei da inglaterra guilherme III, quando sentiu que a vida não mais lhe interessava despediu-se dos amigos , da família e deitou-se esperando a morte. aliás este comportamento nada tinha de estravagante naqueles termpos.

ele se sabia doente e que no seu caso não existia cura. dispôs de seus bens, resolveu a vida e dedicou-se à cerimônia da morrer que é indivudual, pessoal e intransferível. assim como a de nascer. a cena pode ser roubada pelos figurantes presentes . mas a solidadão de quem chega ou parte é única e não pode ser partilhada. mesmo quando o ato é público por envolver pessoas públicas.

não há ida sem despedia. ela é fundamentais para que o rito de passagem seja bem sucedido. ao considerar a morte como passagem ou travesia os gregos e egípcios cumpriam este rito com dignidade. o morto saía da vida com seu amor próprio grarantido. e ninguém era enganado que parmanecia vivo porque era necessário ultimar a liturgia que encanta a platéia.


....."Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é."
..........


fernando pessoal






o público privado


o que é público e privado?


e fico aqui com esta pergunta sem resposta: como se estabelece a relação entre o que é público e o que é privado nos dias e nas sociedades de hoje?

onde está a fronteira? em que momento o privado se torna público ou o público exerce supremacia sobre o privado? nosso cotidiano caminha por este fio agudo de faca entre o que julga resguardado e o que resguardar.

quais os critérios para entender o privado e o público? além do banal, além das respostas que sabemos nos dar facilmente sobre as relações entre estado e sociedade?


esta foto pertence ao álbum de família, portanto privado, ou é publica?


e esta, em que ábum inserir?



A dialética brasileira entre o público e o privado

Sintoma da confusão entre o dever público e a liberdade privada é o interesse da imprensa e da população pelos detalhes da vida pessoal dos políticos

Maria Rita Kehl*

A piada, bastante conhecida, talvez só faça sentido em português: "fulano é um político honrado, ele faz na vida pública o mesmo que faz na privada". Diz respeito à corrupção, ao descaso dos políticos em relação a suas responsabilidades, à falta de caráter que parece já ter se tornado uma regra entre os homens públicos no Brasil. Mas a piada revela um erro de avaliação: certamente o político corrupto não faz, em sua vida privada, tanta sujeira quanto em sua vida pública. Quando um corrupto é pego com a mão na massa, é freqüente que o vejamos chorar diante das câmeras de televisão, jurando inocência em nome de Deus e da família. A vida privada, que na sociedade burguesa é a vida em família, representa o altar do indivíduo para o pensamento liberal; mesmo os políticos corruptos estão convencidos de que sua vida familiar está preservada da imoralidade de sua conduta pública. Não é impossível que PC Farias tenha sido um pai dedicado, ou que dona Sylvia Maluf esteja satisfeita com o marido que tem.

tem mais aqui

*Maria Rita Kehl é psicanalista.

SAARA SAARA AO VIVO
DIA PRIMEIRO DE ABRIL

LOCAL : BAR MONTE CRISTO (Antigo ACORDE FM)
HORÁRIO: 23:00HS
ENDEREÇO: ESTRADA PACHECO DE CARVALHO N° 60 – LARGO DA BATALHA – NITERÓI
PREÇO – 12 REAIS (não tem consumação)

(O Bar Monte Cristo fica na antiga Estrada Velha de Itaipú, descida para a região Oceânica)

Mais informações e reservas pelos telefones: (021)8898-1506 ou (021)26096076
miaus

cats para a noite




Fal: : ester, meu amorzinho lindo, tou fora de sampa, mas tou na área. e sigo te amando.

como foi bom encontrar este bilhete da fal no orkut. por isto não te encontro na janela, carolina? o alexandre está permitindo estas viagens disparatadas ou vai fugida? demora que cê vai encontrar o telefone sabe onde.... de qualquer forma tem uns cats do elliot e do andrew lloyd weber procê. saudades.

"I have played". so he says, "every possible part
and I used to know seventy speeches by heart.
I'd extemporize back-chat, I knew how to gag,
and I knew how to act with may back anda my tail;
with an hour of rehearsal, I never could fail.
I'd a voice that would soften the hardest of hearts,
whether I took the lead, or in character parts.
I have say by the bedside of poor litle nell;
when the curfew was rung, then I swung on the bell.
In the pnatomime season I never fell flat,
And I once understudied dick whittington's cat.


t. s. elliot , gus: the theatre cat

"representei", diz ele, os papéis mais diversos,
e guardei de memória uns setecentos versos.
improvisei apartes, pus cacos no enredo,
e sabia em surdina soprar um segredo.
no palco o meu rabo entre aplausos se movia;
com uma hora de ensaio, eu jamais falharia.
minha voz comovia o coração mais cruel,
fosse à frente do elenco ou em pífio papel.
sentei-me à cabeceira do infeliz pinóquio,
e no eco da baleia fui de roma a tóquio.
ator de pantomima e às vezes substituto,
interpretei um certo gato arisco e astuto.


tradução de ivan junqueira

quarta-feira, março 30, 2005



rapidinhas:




Esther,
A minha sobrinha Inês, filha do Zuzu, vai apresentar em Araxá, no próximo
fim de semana (2 e 3/ abril) o show Orlando . É lindo e as músicas são do
nosso tempo. O cantor é Tuca Andrada, interpretando Orlando Silva. Ele é
maravilhoso e tem uma voz de tirar o fôlego, principalmente no final quando
canta Rosa, de Pixinguinha.
beijos
Helena Gilda Duque


helena é amiga de séculos, do jb, hoje está na assessoria de imprensa da prefeitura do rio. tem um bom gosto musical incrível desde que o mundo foi inventado por uma cuíca, um cavaquinho e uma caixa de fósforos.

durante algumas madrugadas de nossa vida com alguns amigos saíamos em serenata pelas ruas do saco de são franciso. no tempo em que são franciso, o bairro, tinha saco.


=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-



Fala minha amiga! Como foi de Pácoa? Tô ensaiando aqui para o show do Saara na sexta . Vai cair no primeiro de abril! hahaha... Tá todo mundo achando que é mentira! Ai meu Deus!!!

SAARA SAARA AO VIVO
DIA PRIMEIRO DE ABRIL

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HORÁRIO: 23:00HS
ENDEREÇO: ESTRADA PACHECO DE CARVALHO N° 60 – LARGO DA BATALHA – NITERÓI
PREÇO – 12 REAIS (não tem consumação)

(O Bar Monte Cristo fica na antiga Estrada Velha de Itaipú, descida para a região Oceânica)

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-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=


o poeta eustáquio gorgone que mora em caxambu e no final do ano passado recebeu o prêmio cidade de juiz de fora lançará seu livro de poemas " ossos naivs" no sábado, às 19 horas no ciber café da nadia, em caxambu.



auto-retrato


eustáquio gorgone



se os ossos da minha face
ainda insistem em harmonia
é pelo vento que preenche
as cavidades dos ossos
o punho faz as vezes de pedestal
[para o queixo
e alli arranjados e sombreados
meus dias citam o espelho-mundi
onde as imagens da noite passad
não se articulam na memória










roubo da vida de nossos filhos e netos



São Paulo - Cerca de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão degradados ou sendo usados de modo não sustentável. Se nada for feito, as conseqüências poderão levar a um cenário desolador em 50 anos.

Estas são as principais conclusões de um estudo realizado por 1.360 especialistas em 95 países: a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM). Lançado em 2001, a partir de solicitação feita no ano anterior pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, o projeto divulgou nesta quarta-feira seus primeiros resultados.

“Dentre os problemas mais sérios identificados por esta avaliação estão: as condições drásticas de várias espécies de peixes; a alta vulnerabilidade de 2 bilhões de pessoas vivendo em regiões secas (...); e a crescente ameaça aos ecossistemas das mudanças climáticas e poluição de seus nutrientes”, diz uma das principais mensagens do relatório, que tem como título Vivendo além dos nossos meios - O capital natural e o bem-estar humano.

Zonas mortas

A perspectiva é alarmante, advertem os especialistas, já que neste ritmo a devastação de 15 dos 24 ecossistemas do mundo provocará novas doenças, mudanças na qualidade de água, aparição de zonas mortas no litoral ou até o desaparecimento da pesca.

"Em alguns casos, se trata de viver com tempo emprestado", assinala o relatório. Por exemplo, o uso do recurso de água em um ritmo muito maior do que se gera se faz "às custas de nossos filhos".

“No último meio século nós alteramos as estruturas dos ecossistemas globais em uma velocidade mais rápida do que em qualquer outro período da história”, afirmou um dos coordenadores da AEM, o norte-americano Harold Mooney, da Universidade de Stanford, em comunicado da instituição.

Ganhos e perdas

Apesar de certas mudanças contribuírem para o bem-estar, como o desenvolvimento das culturas e maiores colheitas, isso ocorreu em troca da deterioração de outros ecossistemas, afetando sobretudo a água e a pesca, ambos com níveis atuais que não poderão agüentar futuras demandas.

Entre 10% e 30% do mundo animal está neste momento em perigo de extinção por causa do uso que o homem fez dos ecossistemas, segundo o estudo. Além disso, o desflorestamento contribui para "a abundância de patógenos, como a malária ou o cólera" assim como o risco de novas doenças.

Por exemplo, 11% dos doentes na África sofrem de malária. Se este mal tivesse sido erradicado há 35 anos, dizem os pesquisadores, a economia do continente teria aumentado por volta de 150 bilhões de euros.

À luz desses dados, o relatório conclui que da humanidade precisa "relaxar as pressões sobre a natureza". Para isso, é necessário adotar "mudanças radicais na forma com que tratamos" o planeta.

Seminário em SP

Os resultados estão sendo apresentados nesta quarta-feira simultaneamente em diversos países. No Brasil, na sexta-feira haverá no auditório do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, um seminário para discutir as conclusões. O evento contará com a presença de especialistas do Brasil e de outros países que participaram do estudo, segundo a Agência Fapesp.

Em setembro, os responsáveis pelo projeto divulgarão cinco relatórios técnicos, com um total de mais de 2,5 mil páginas com as relações entre os ecossistemas globais e o bem-estar humano. Até o primeiro trimestre de 2006 deverão ser divulgados 33 estudos relacionados a diferentes regiões do planeta

Avaliação Ecossistêmica do Milênio
Seminário sobre a Avaliação Ecossistêmica do Milênio


enviado por josé perez gonzales , o pepe do palace hotel de caxambu






sobre a água, a guerra que está por vir e nossa rendição antecipada


diz manoel carlos pinheiro do, do agrete :

"Depois da guerra pelo petróleo, seria a vez da guerra pela água;

mas, no caso do Brasil, primeiro da lista em recursos hídricos, o governo já

entregou tudo às transnacionais; no vulgo, arriou as calças sem nem

negociar."


pois é. manoel. recebi do carlos alberto teixeira no dia 22 a notícia da

entrega da amazônia. fernando henrique cardoso já havia liberado por

decreto lei o uso de nosso subsolo para quem o deseje explorar, desde que

seja entrangeiro.

talvez, para negociar com o fmi o nosso não mais acordo, tenha sido este o

preço a entrega por escrito da amazônia para consagrar o que o mundo inteiro

já sabia.

amigo, estamos banidos do solo onde nascemos. esta é a dura realidade.

a matéria que veio pela goldenlist segue abaixo:


1º tempo:
22/11/2002 - 21h36
Oito países criam Organização do Tratado de Cooperação Amazônica
da France Presse, em La Paz (Bolívia)


Os ministros das Relações Exteriores do Brasil e sete países sul-americanos fundaram hoje na Bolívia a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca), que visa "elevar as condições de vida dos habitantes da região em harmonia com a proteção do meio ambiente".
Segundo a Declaração de Santa Cruz, cidade sede do encontro, Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Equador se comprometeram em sustentar a Otca "mediante o envio de recursos financeiros e tratamento prioritário no âmbito das administrações nacionais, das ações relacionadas aos programas e projetos estabelecidos entre as partes", seguindo uma visão ecológica.
A criação da entidade foi realizada na abertura da 6ª sessão do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), principal instrumento de políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável dos territórios amazônicos.
Os ministros ratificaram o compromisso para adotar medidas apropriadas para cumprir os "objetivos da Declaração do Milênio [da Onu] sobre as metas de desenvolvimento ambiental sustentável'.
Também reconheceram a implantação de políticas de desenvolvimento sustentável em ecossistemas de montanhas e seu valor para a manutenção da bacia amazônica.
Na Declaração de Santa Cruz, os representantes sul-americanos apoiaram o processo de Tarapoto, cidade peruana onde em 1995 foram aprovados 12 critérios e 77 indicadores sobre a utilização dos recursos naturais em benefício aos Estados signatários do TCA.
Além de oficializar o tratado, os ministros apoiaram uma comissão especial de combate às doenças epidemiológicas e endemias, além de melhorar as condições de saúde na região, que conta com 22 milhões de pessoas.
Com uma extensão de 7,3 milhões de km², a bacia amazônica tem 20% da água doce do planeta, um recurso cada vez mais escasso e cobiçado, e conta com uma enorme diversidade biológica.
Neste encontro, que será encerrado hoje, os representantes dos oito países da região também decidiram que a Otca terá sede permanente em Brasília.



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2º tempo:



Agreement Promotes Sustainable Development in Amazon Basin
Accord aims to raise regional living standards while protecting resources


By Eric Green
Washington File Staff Writer

Washington -- A new agreement among eight South American countries has been signed to promote sustainable development of the Amazon Basin's resources, the Organization of American States (OAS)says.

The OAS said in a January 27 statement that it signed the agreement with the Amazon Cooperation Treaty Organization (ACTO) to promote better water quality standards, protect forests, conserve biological diversity, protect indigenous populations, improve health care and education, and cooperate in such areas as transportation, electricity and communication.

The agreement carries out provisions of the 1978 Amazon Treaty that encompasses more than 7.8 million square kilometers and a population of over 250 million people. That treaty called for a joint commitment to cooperate in managing the world's largest freshwater river basin network, containing one of the world's most important areas of biological diversity, a term which describes the number and variety of plants, animals and other living organisms.

Signatories of the Amazon Treaty are Brazil, Bolivia, Peru, Ecuador, Colombia, Venezuela, Guyana and Suriname.

OAS acting Secretary-General Luigi Einaudi praised the new agreement, calling it a "practical program" that would promote shared interests among the South American nations. Einaudi said "one of the great challenges of countries and their people is to balance the urgent demands for economic growth and development with sustainable management."

ACTO Secretary-General Rosalía Arteaga, who signed the accord on behalf of her organization, described the agreement as a "mechanism to promote sustainable development and fight poverty while seeking to lift the standard of living of the region's population."

Arteaga, from Ecuador, expressed concern about threats to the Amazon region's biodiversity unless it is protected.

"Anything we do in the Amazon affects climate change, and influences tsunamis in Asia. It affects the entire world," she said.

The U.S. Agency for International Development (USAID), through its program to assist countries in the Amazon Basin, has been involved in helping to identify, promote and adopt policies for sustainable land use and forest conservation in target areas.

One program developed by USAID is an initiative to fight illegal logging in developing countries in the Amazon Basin, as well as in Central America, Africa and Southwest Asia. The initiative includes combating the sale and export of illegally harvested timber and fighting corruption in the forest sector.

USAID says illegal logging destroys forest ecosystems, robs national governments and local communities of needed revenues, underprices legally harvested forest products on the world market, finances regional conflict and acts as a disincentive to sustainable forest management.

The World Bank estimates that illegal logging results in annual losses of $10-$15 billion in developing countries.


Created: 28 Jan 2005 Updated: 28 Jan 2005


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3º tempo:


Washington anexa la Amazonia: las cancillerías latinoamericanas se duermen (I)

Heinz Dieterich

Rebelión



1. El avance de Washington

El 28 de enero del presente, en Washington, D.C., la Secretaria General de la Organización del Tratado de Cooperación Amazónica (OTCA), Rosalía Arteaga, y el Secretario General Interino de la Organización de Estados Americanos (OEA), Luigi R. Einaudi, firmaron un acuerdo sobre “Manejo Integrado y Sostenible de los Recursos Hídricos Transfronterizos en la Cuenca del Río Amazonas”, que constituye un nuevo paso trascendental de Washington hacia la apropiación final de la Amazonia.

En una primera etapa, la OEA administrará 700 mil dólares del Fondo Mundial para el Medio Ambiente, conocido como GEF, Global Environment Facility, y dará apoyo técnico. La OTCA coordinará regionalmente el proyecto. El tratado tiene el objetivo de desarrollar un “modelo de gestión del agua”. Considerando que más del 20 por ciento del agua dulce del mundo se encuentra en la Amazonia, en la cuenca de agua dulce más grande del mundo, y que el área abarca una superficie superior a los 7.8 millones de kilómetros cuadrados, ese acuerdo con fines paradigmáticos es de importancia histórica.

El Acuerdo no se limita, sin embargo, al vital líquido. Prevé también proyectos en los áreas de medio ambiente y salud, protección del medio ambiente e integración económica y conservación y gestión sostenible de la biodiversidad. Fuera del engorroso discurso diplomático-jurídico, las cláusulas más preocupantes del Acuerdo son las siguientes.


2. El Acuerdo Arteaga-Einaudi

“1.1. Las Partes cooperarán recíprocamente en aquellos asuntos que sean de interés común dentro de sus esferas de competencia y de sus respectivos programas de actividades. Particularmente, las Partes cooperarán en proyectos relacionados con las siguientes actividades:

e. Apoyar el desarrollo de trabajos conjuntos en la ejecución de las áreas programáticas de acción y compromisos prioritarios contenidos en el Plan Estratégico 2004-2012 de la OTCA aprobado por la VIII Reunión de Ministros de Relaciones Exteriores de los Países Miembros el pasado 14 de septiembre de 2004, y el Programa Interamericano para el Desarrollo Sostenible 2004-2007 de la OEA.

1.2. Para efectos de esta cooperación, si fuere necesario, las Partes celebrarán acuerdos suplementarios conforme a los lineamientos establecidos en este Acuerdo.

3.2. La SG/OEA y la OTCA también podrán financiar aquellas actividades o proyectos que estén siendo ejecutados por alguna de ellas, sin perjuicio de la contribución o participación de otras organizaciones o instituciones.

4.1. La dependencia responsable dentro de la SG/OEA de coordinar las actividades de la SG/OEA, según este Acuerdo, es la Oficina de Desarrollo Sostenible y Medio Ambiente (en adelante OSDE), y su coordinador es el Director de la OSDE, señor Scott Vaughan.

4.2. La dependencia responsable dentro de la OTCA de coordinar las actividades de la OTCA, según este Acuerdo, es la Dirección Ejecutiva de la OTCA, y su coordinador es el Doctor Francisco Ruiz Marmolejo.

4.3. Los coordinadores definirán las directrices generales de los proyectos a desarrollar…

4.4. Todas las comunicaciones y notificaciones que se deriven de este Acuerdo tendrán validez únicamente cuando…estén dirigidas a los coordinadores…

5.1. Las Partes se reconocen mutuamente los privilegios e inmunidades de que gozan en virtud de los acuerdos sobre la materia que sean pertinentes y los principios generales del derecho internacional.”


3. El gran triunfo de Bush

George Bush ha de estar festejando este acuerdo. Todas las fichas latinoamericanas caen como dominós, facilitando la apropiación de la Amazonia, la regionalización del Plan Colombia y la destrucción de los movimiento sociales del área.

El primer paso fue la colocación imperial del Coronel rastrero Lucio Gutiérrez en la presidencia del Ecuador, en enero del 2003. El segundo paso la colocación de la candidata de Gutiérrez, Rosalía Arteaga, en el puesto de primera Secretaria General de la OTCA, en marzo del 2004, con el apoyo unánime de los cancilleres de los ocho países miembros de la OTCA, Bolivia, Brasil, Colombia, Ecuador, Guayana, Perú, Surinam y Venezuela.

El tercer paso se dio en la VIII Reunión de Ministros de Relaciones Exteriores de los Estados miembros de la OTCA, en Manaos, Brasil, el 14 de septiembre del 2004, donde los delegados nacionales “celebraron la aprobación del Plan Estratégico” de la OTCA, elaborado por Arteaga, el cual define “los Ejes Estratégicos de Acción, las Áreas Programáticas e Instrumentos Operacionales para orientar las actividades de la Secretaria Permanente desde el año 2004 hasta el 2012”.

Habiendo sometido la Amazonia a un protocolo de inspiración neoliberal y neocolonial, (ver “América Latina: los cuatros intereses estratégicos de Washington y el papel de la FLACSO-Ecuador, en rebelion, la página de Dieterich, 16.10.2004), solo faltaba meter la Organización de Estados Americanos (OEA) ---el Departamento Colonial de Washington, como decía el Che--- en el proyecto de expropiación regional. Este cuarto paso acaba de realizarse con el Tratado Arteaga-Einaudi.

El punto 1.1 e del Acuerdo ratifica el “Plan estratégico” de Rosalía Arteaga; la cláusula 3.2 abre la Amazonia a “terceras instituciones”, y los párrafos 4.1 a 4.4 dan prácticamente carta blanca a un par de burócratas de la OTCA y de la OEA, para crear los hechos consumados que después ningún gobierno nacional podrá revocar.

Solo ha habido un punto de luz en esta oscuridad que se dio cuando el Ministerio de Ciencia y Tecnología (MCT) de Venezuela frustró una cábala entre el “Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo” (CYTED), de España, y el Consejo Nacional de Ciencia, Tecnología e Innovación (CONCYTEC) del Perú, que hubiera abierto las puertas de la Amazonia al subimperialismo español.

Todo lo demás es deprimente: con cancillerías de ocho Estados latinoamericanos que tratan a la Amazonia como si fuera el puesto de tamales de la abuela en la esquina de su casa, y no la región de materias primas estratégicas más importante del mundo con una extensión territorial equivalente al 73 por ciento de la superficie de Estados Unidos.

La ineptitud de esos aparatos diplomáticos, su falta de visión estratégica y de una doctrina diplomática latinoamericana a la altura de un naciente sistema mundial multipolar y del estatus de sujeto de la Patria Grande, son tan profundas que hay sectores que proponen que el imperialismo francés participe en la OTCA, a raíz de su colonia en Guyana (Departamento de Ultramar), supuestamente para “equilibrar la influencia de Estados Unidos”.

Esa posición, sostenida incluso por personajes de la diplomacia venezolana, refleja el neocolonialismo mental absoluto de estos funcionarios que no logran, ni les interesa, concebir el mundo sin la mano conductora de las potencias mundiales. La solución al problema de la Amazonia no es tratar de equilibrar el imperialismo estadounidense con el europeo, sino de mantener a ambos expoliadores fuera y formular un plan maestro de desarrollo latinoamericano-bolivarianista para esa región, con plena participación de los pueblos indígenas y de las fuerzas patrióticas latinoamericanas.


4. La subversión balcanizadora o el Destino Manifiesto del Imperio

El proceso de subversión balcanizadora que observamos desarrollarse actualmente en la Amazonia tiene sobradas antecedentes en la historia del imperio. El expansionismo intervencionista fue congénito a la elite estadounidense que liberó a las trece colonias de Gran Bretaña, hecho por el cual ha demostrado siempre una consumada destreza en apoderarse de riquezas y tierras ajenas, bajo la bandera del Manifest Destiny y modalidades muy diversas, entre ellas: la compra, con o sin amenazas militares, como en el caso de Louisiana y Alaska; la intervención militar directa, como en Puerto Rico (1898); la creación de una Quinta Columna interna, como en el modelo de secesión utilizado por James Monroe para separar a Texas del Estado mexicano (1829); la cooptación o el apoyo a un sector secesionista de la elite nativa, paradigma utilizado por Theodore Roosevelt para separar Panamá de la República colombiana (1903); el uso de resentimientos étnicos, históricos o diferencias religiosas, como en la balcanización de la Unión Soviética y, actualmente, la manipulación electoralista y callejera de “fuerzas de la oposición”, financiadas, dirigidas y mediatizadas desde Washington y las fundaciones de George Soros, para convertir las exrepublicas soviéticas de Asia Central en satélites estadounidenses.

La Amazonia puede ser comparada en términos de geopolítica y geoeconomía con la estratégica zona de Asia Central o con el Medio Oriente, de tal manera que toda diplomacia latinoamericana que no conceptualiza a la Amazonia como blanco de la subversión balcanizadora estadounidense, es simplemente diletante o cipaya.


fonte: - c.a.t. catalisando



van gogh no google


meu querido paulo,

não se deve recomendar a uma pessoa afeiçoada às letras lavar a roupa suja em casa. já não existem mais casas! os muros e muralhas são peças de museus, alguns foram derrubados. veja bem: o conceito de casa surgiu para proteger o ser humano das intenpéries e de assaltos de animais.

a defesa foi aperfeiçoada com a construção de muralhas, muros, fortalezas onde os reis e senhores feudais guardavam seus reinos. nesta época, para o bem ou para o mal a figura do senhor feudal, do patriarca não era questionada sequer. hoje, meu querido, este momento da história humana faz parte do passado na maioria do mundo.

é bem verdade que o feudalismo foi substituído pelo neo colonialismo econômico, diria mais, pela ditadura econômica que faz de seres suportamente libertos ( falo libertos, não livres) escravos. os patriarcas, de feições antigas caíram em desuso para dar passagem a outros de porte agressivo, já não mais o guardador de seu rebanho mas o lanceiro , o comandante que envia este mesmo rebanho à luta que por ele deveria ser travada. para o mal, que bem não é.

é bem verdade que os bafejados pela deusa fortuna, as famílias mais bem postas na sociedade preservam o culto à imagem de um e outro que ocupe o poder para que seus direitos sejam preservados em detrimento de todo um povo e da própria natureza.

mas como as casas não têm parede , não há dentro. entende? só existe este exposto osso de mundo que a cada dia que passa é cada vez mais obrigado a se desvestir de sua carnadura. e os tanques são públicos!

ademais nossa casa que não existe é o mundo. este vasto mundo tão pequeno onde aprendemos com kierkgard "lembrar para frente", como cunhou harold bloom. nunca, mas nunca mesmo assuma ares patriarcais e conselheiros com uma pessoa afeita às letras e com espírito crítico.

manchará sua biografia.

ps. desejo encerrar este assunto porque aqui escrevo para meu prazer e ele precisa ser renovado. freud explica bem como o doente vê em tudo, seja até no mais corriqueiro gesto de amor, uma pedrada. atentem para isto.

terça-feira, março 29, 2005



e tem gente que ainda acha que água não é importante


O monte Kilimanjaro está sem neve e gelo pela primeira vez nos últimos 11 mil anos. Segundo a organização Climate Change, que distribuiu a fotografia aos ministros da Energia e do Ambiente que estão reunidos em Londres para discutir as alterações climáticas, este facto confirma a rápida mudança em curso sobre o maciço vulcânico, que tem 5892 metros e está situado entre o Quénia e a Tanzânia.

roubado na leda cruz telling stories





Fragmentos



brian higgin




Embora o sol brilhasse lá fora, aqui dentro, mais dentro do que dentro, no meu interior, onde corre o sangue que carrega minha vida de um lado para o outro e que passa, inevitavelmente, pelo meu coração, só pensava em você. Dos pingentes celestes escorriam gotas de mel transparente que brilhavam contra o sol criando estrelas foscas e multicoloridas, estrelas de arco-íris. E me perguntava de onde vinha aquele meu sorriso frouxo e levemente otimista que tanto me espantava pela raridade prévia das visitas que agora, inversamente, rareavam rarear. O estômago revirando como criança no ventre de quem carrega vida dentro de vida, dando pequenas piruetas e, se pudesse falar não falaria, só suspiros, leves e agudos suspiros. E, a julgar pelos meus bolsos, acreditava estar aprendendo mesmo a ser feliz. Aprendendo a ser feliz. Já ouvira essa expressão antes e me soava tão sem sentido. Agora entendo e aprendi como tudo muda ao se ajudar a puxar um pouco, um pouquinho, os cantos da boca para cima.
Mas quando eu pensaria que sentado nessa mesa estaria de novo escrevendo palavras coloridas? Nesse carnaval sem promessas, sem amanhã. Agora me surge uma pequena chance de sorrir. Uma pequena enorme chance!


E em algum momento, por alguns minutos, tudo ficou silêncio. Como o silêncio que antecede uma visita extraterrestre. Como o silêncio que existiu entre nós dois na noite de ontem. Como o silêncio que meu coração fez ao ver que o seu nem olhou pra ele. Como o silêncio que se fez dentro de mim em perceber a leviandade das suas palavras que em algum momento denotaram algum carinho e desejo.

E quando resolveu me ligar perguntou da praia que iríamos eu, Lena, Yuri e Rita. E, ironia ou presságio, justamente naquele dia o tempo estava tenebroso. Nuvens cinzas e pesadas se espalhavam pelo céu encoberto de branco. Eu disse que se eles quisessem vir a praia mesmo assim eu os acompanharia, mas não era dia de praia. Não era dia de encontro. Não era dia pra ficar pensando nela, muito menos ter com ela.

segunda-feira, março 28, 2005





a reação de uma cidade ao holandês voador*



tudo começou quando narrei neste blog as aflições de um brasileiro logrado por um holandês. suely coelho, a blogueira dos enta, ecoou o assunto até a jornalista cora ronái. e na última página do segundo caderno de "o globo" ela divulgou a história verídica do mineiro desesperado e do holandês voador.

ninguém poderia imaginar que houvesse uma repercussão tão grande, no brasil e exterior. além do mais contava eu então o problema da cidade que tem 12 fontes de água mineral medicinal mas um pequeno movimento de turista numa cidade nascida com vocação turística, onde a economia empobrecida provoca o fechamento de hotéis e lojas.

tudo bem que estamos falando de uma cidade no brasil. e o brasil inteiro vive há décadas uma crise de falta de tudo com a implantação de uma política neoliberal. além disto existe o mundo inteiro, com muitos países em crise econômica, inflação e desemprego.

mas como reagiu a própria cidade?digo, os que detém o poder político no município? poderiam ter aproveitado a divulgação e o atual prefeito ou algum assessor apresentaria seus planos para o crescimento, a recuperação da cidade. mas não. primeiro reagiram com raiva, depois resolveram ignorar.uma tática de assessoria de imprensa que pega bem quando o assunto repercute pouco. mas fica mal quando adquire as dimensões atuais.

alguns moradores da cidade não compreendem, pois não leram a matéria dda cora ronái publicada em "o globo", apenas seguem a opinião do pastor, como um comportado rebanho .outros, esclarecidos vêem em caxambu na mídia por 0,0 centavos uma oportunidade de sacudir a cidade. ainda hoje os comentários fervem em todos os grupos de conversa. mas o poder ignora.

os hoteleiros confabulam se desmentirão o fato de que a cidade não tem turistas. mas eu me pergunto: desmentir como? é bem verdade que o atual prefeito, recém empossado pegou a prefeitura totalmente falida, telefones cortados, nenhuma verba. mas todos sabiam que isto iria acontecer.

é bem verdade que os motivos para a cidade estar minguando são de outra espécie também: um deles , por exemplo, é a sucessão política que segue uma tradição de capitania hereditária às vezes e em outros momentos o poder troca de mãos para o outro lado. na realidade a política local só tem dois lados que se alternam no poder, e nos dois lados as lideranças são as mesmas, ou quase.

mas por que eu me preocupo com isto? devem estar se perguntando as pessoas daqui e dali. simples: sou cidadã brasileira, escolhi caxambu para viver os últimos anos de minha vida por sua beleza, por seu povo amigo e por suas fontes de água mineral. fico triste quando uma loja cerra as portas quando um projeto acaba em água. quando um amigo diz: "tenho um comércio há anos e nunca pensei que estaria na hora de fechar pois ninguém pode comprar. o dinheiro não circula aqui."

tenho certeza que está fase má da cidade pode ser superada, principalmente porque na prefeitura há um bom administrador. mas é preciso ter os olhos mais abertos, a mente mais receptiva e o coração seguro de que o futuro se constrói com planejamento e não com mágoas.

esta história não era para ser transformado na política municipal de uma cidade que não quer crescer, por várias razões, apesar de seu povo que precisa trabalhar e comer. mas, infelizmente, assim aconteceu.

caxambu como está, este interior, ainda é bom. para mim, para nós que temos salário seguro no fim do mês. eu a quero assim, tranqüila e pacata. mas não posso pensar somente em mim. e por isto, junto com um holandês e um mineiro desesperado a história está sendo contada dentro de um balaio de gatos.


* Holandês Voador, o lendário navio fantasma que aterrorizou marinheiros durante séculos. apesar de todas as súplicas de sua tripulação, um Capitão Holandês, déspota, insistiu em atravessar o Cabo Horn (próximo ao Estreito de Drake) em meio de uma violenta tempestade. Então o Espírito Santo apareceu, mas o Capitão disparou sua pistola contra ele e amaldiçoou o Senhor. Por sua blasfêmia, Deus lhe rendeu uma maldição, o barco foi condenado a navegar por toda a eternidade, sem nunca poder parar em um porto. Desde então, os marinheiros dizem que um encontro com o Holandês Voador é um prenúncio de desastre.


ler mais aqui: holandês voador



a sina das cidades



a sina das cidades é como a das gentes. umas podem marcar definitivamente o imaginário e o real, enquanto outras até mais bem dotadas desaparecem, somem, minguam.

assim acontece com a macondo de gabriel garcia marquez e a comala de juan rulfo. macondo ficou para sempre. mas comala, quem lembra desta cidade?

até entendo o sentido das coisas; em comala quem determina como será a cidade são os mortos que perambulam por ruas e casas e conversam de si para consigo e no cemitério casos do passado. nem quando mortos se comunicam entre eles. cada um na sua cova com sua história, sua lembrança que remoem nos olhos vazios das caveiras mesmo que tenham virado pó. portanto, nunca há um diálogo, sempre um monólogo.

bia lessa disse em brasileirinho, o dvd ópera da maria bethânia que a grande revolução é o riso, a alegria. ficar triste é fácil, saber encontrar a alma da gargalhada feliz é muito difícil pois a felicidade sempre foi tida como irresponsável, por isto reprimida. tem razão a bia lessa quando convoca à revolução pela alegria.

nesta mesma obra o poeta ferreira gulllar enfatiza que o importante é reinventar-se, refazer-se. comala é triste. perdeu o riso entre as assombrações. não sabe conviver com a alegria.

como algumas gentes e cidades reinventam-se e ampliam com isto sua longevidade e seus prazeres outras ficam à deriva em circunavegações em torno de um mesmo tema, bajulando seus botões.

a comala de "pedro páramo" , o livro de juan julfo, é bem mais trabalhado do que os "cem anos de solidão" de gabriel garcia marquez na minha opinião leiga e de muitos entendidos. juan rulfo publicou pouco pois preferia trabalhar mesmo depois de publicados os seus textos aprimorando-os, secando-os, fazendo-os semelhantes à terra mexicana: que as palavras tivessem o sabor da terra.

assim a cidade e as gentes. em algumas somente os ventos confabulam nas esquinas. em outras há brisas também além de perfumes e burburinhos criativos. umas sabem reinventar-se , como o fez a própria maria bethânia na ópera brasileirinho. outras perdem o trem da história. o trem. o trem mesmo, uai!

domingo, março 27, 2005



Procissão





Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu
E Jesus prometeu vida melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver
Muita gente se arvora a ser Deus
E promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido pra Maria
E promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem
Meu sertão continua ao deus-dará
Mas se existe Jesus no firmamento
Cá na terra isto tem que se acabar.

Gilberto Gil
ainda em baependi.
sexta-feira santa em baependi.

sábado, março 26, 2005

em caxambu

recebi este email do carlos alberto, mais uma voz a ser ouvida.


Carlos Alberto Motta Lara to me


Prezada Esther, (email recebido ontem)

como de costume, li hoje, logo cedo, a coluna da Cora Rónai em O Globo e me

surpreendi com o tema abordado.


Meu nome é Carlos Alberto Motta Lara, resido no Rio de Janeiro e tenho uma

casa em Baependi, a vetusta vizinha cidade mãe de Caxambu.


Gostaria de parabenizá-la pelo texto citado pela jornalista e tecer algumas

breves considerações sobre o mesmo.


Primeiramente, devo alertá-la que no caso do calote sofrido pelo azarado

artesão, a ausência de obrigação entre as partes, supostamente ocasionada

pelo fato de ser o contrato verbal, não procede.


Não se faz necessária a formalidade da escrita para que haja obrigações entre

contratantes. Farta, unânime e definitiva é a doutrina jurídica nesse

sentido.


Portanto, não obstante sua ingenuidade, comum aos artistas, o nosso Fernando

mantém dele inarredável a chance de ver seus direitos salvaguardados, se

assim os desejar.


Trata-se de uma questão de prova.

O direito não ignora tal circunstância, vez que a prevê.

Baependi é uma grande produtora e exportadora de artesanato na região.

Sofrem os artesãos, entretanto, do mesmo ataque vil, ignóbil e covarde dos

abutres atravessadores.


A falta de organização em forma de cooperativa faz deles vítimas de si

mesmos.


Não conseguem fazer preço, pois ficam, individualmente, à mercê de quem o

impõe.


Não fosse a lógica dessa filosofia cruel que banaliza a miséria, o próprio

espírito do capitalismo, eu diria que enquanto uns poucos donos dos meios de

produção se enriquecem, outros muitos donos do trabalho se empobrecem na

mesma proporção.


Aqui do lado, a quatro quilômetros, o cenário não é diferente de milhares de

pequenos lugarejos no Brasil, como Caxambu, e milhões no mundo, como Tendaho,

na Etiópia, onde o sistema, ignorando a cultura, a equidade e a isonomia,

engole os fracos e poupa os fortes numa verdadeira e macabra “seleção

natural” econômica.


É triste, mas é vero.

Para as mazelas produzidas pelos atuais políticos e as abandonadas em nosso

colo por seus antecessores, não vejo solução imediata.


Essa nossa cultura política arraigada é que afasta os bem e atrai os mal

intencionados, todos em sua maioria.


Verdadeira reforma política se faz necessária com urgência.

Vejo poucos mandatários de poder com esse discurso.

Tudo parece conveniente como está.

Tanto para a direita quanto para a esquerda e vice-versa, pois já não sei

quem é quem nessa geléia geral.


Entradas de cidades esburacadas, cinemas fechados, turismo abandonado,

riquezas seqüestradas...., certo está o povo quando, do alto de seu

incompreensível bom humor, decreta: a merda continua a mesma, só mudam os

mosquitinhos.


Grande abraço,

Carlos Alberto

mottalara@ig.com.br

as flâmulas penduradas nas janelas, lençóis e toalhas rendadas.
semana santa em caxambu






a sexta feira é o dia em que jesus morreu no calvário após carregar a cruz pela via dolorosa.

um poema de marcia maia publicado em tábua de marés

cheguei das cerimônias agora . fiz esta foto para ilustrar seu poema, márcia.
não que ele precise de ilustração. mas o povo estava bem, as músicas e a
descida da cruz emocionaram enquanto o padre falava sobre o mal que faz ao mundo o
imperialismo , das desigualdades sociais, sobre os abusos de poder, a usurpação da coisa pública.. as guerras.
então vi seu poema .
era o que bastava para ficar tudo perfeito. e ficou.


um poema para essa sexta:


A chuva enxágua as calçadas
da sexta-feira
deserta.


Encharcada, a miséria se abriga
sob os pórticos das igrejas
antigas
pintadas de novo


- preciosamente preservadas -


sombria imagem de esquecidos.


Não há páscoa, nesta cidade
de vivos-mortos.


Sem ressurreição e sem saída
aqui é sempre
- e todo dia -
sexta-feira da paixão.


Márcia Maia



sexta-feira, março 25, 2005



mais uma viagem



brian higgin . este é o nome do viajante. enviou esta flor e avisou "estou numa nova viagem".



ele tem blog, ofazendo barulho/ com a seguinte epígrafe: "Mudou um pouco mas eh a mesma coisa. Cheguei atrasado mas cheguei na hora." e lá ele só conta o dia da semana, do mês e o ano. parou em
Quarta-feira, Março 17, 2004.


suponho então que a história deste dia deva ser muito longa. tão comprida que passado um ano ainda não parou de ser contada. talvez até um pouco dolorosa como uma novena, ou como carpir vários defuntos. quem sabe perdeu-se o contador em alguma neblina espessa e não sabe como retornar para mudar a data?

perguntei como fazia para de uma folha construir esta flor de folhas. ele explica e envia mais dois exemplos amarelo e verde.

"Basta achar uma folha e ter um scanner. A montagem (muito simples) foi feita
no Photoshop. Me inspirei no trabalho de um cara que eu vi no Paço na
quarta-feira. Ele usava uns elementos da natureza (penas, folhas...) para
compor seus quadros que eram todos ilustrações a grafite feitos numa folha
A4, só que em todos os trabalhos ele abria uma janela no pass-partout (é
assim que escreve) e, elegantemente, punha algum elemento real: um pedaço de
tela, um fragmento de cartão postal, um recorte de uma embalagem antiga de
sabonete e... penas, folhas.... Então ontem, enquanto esperava um amigo para
ver um filme sentado na escada do Teatro da UFF, olhei para o lado e tive a
minha primeira inspiração. Veja só. Parece ou não parece uma pintura? Adorei
essa viagem!"

Beijos,
Brian



obrigada por me permitir te acompanhar no seu caminho, brian. beijos. mas o máximo que consegui desta brincadeira foi este efeito:




quinta-feira março 24, 2005 em post copiado em a blogueira dos "enta"

O mineiro desesperado e o holandês voador


"Jan Piets da vida enriquecem em Amsterdã, enquanto Fernandos vão à falência no interior do Brasil"

Cora Ronái.



Profissional sério não é só aquele que atende nos quesitos laborais, mas aquele que se entrega de corpo e alma.
suely coelho a blogueira dos "enta"


foto usada por cora ronái para ilustrar o artigo. inspiradamente suely lembrou a música.

Condor

Oswaldo Montenegro

Quando voa o condor
Com o céu por detrás
Traz na asa um sonho
Com o céu por detrás
Voa condor
Que a gente voa atrás
Voa atrás do sonho
Com o céu por detrás

Quando voa o condor...


Feliz páscoa para todos vocês e Fernandos Brasili são os votos de Suely que faço meus também.






corra para refazer a declaração anual do imposto de renda


sempre torturantes as questões com o governo. se cometemos um delito, como por exemplo deixar de recolher uma parcela do imposto de renda, imediatamente somos punidos.

quando o governo comete um delito ou engano ou erro, seja qual for o sofisma, ou silogismo erístico que use para definir suas mancadas, recebemos ameaças também em vez de um pedido formal de desculpas.

como esta:.... ""4. Dessa forma, torna-se necessária a adoção de providências no sentido de retificar os comprovantes já emitidos, para incluir como rendimento tributável, item 3.1, o valor da devolução em 2004 da Contribuição
para o PSS (função) e como Contribuição Previdenciária Oficial, item 3.2, todo o valor efetivamente descontado a esse título em 2004 do servidor, do aposentado ou do pensionista."

Dentro em breve estaremos disponibilizando no SIAPEnet as mesmas para os servidores abrangidos por esta medida.

Comunicamos, ainda, aos servidores que já enviaram suas Declarações de Ajuste Anual, ano calendário 2004, que deverão fazer declarações retificadoras, evitando, com isso, possíveis transtornos junto ao Fisco Federal.

Julio Cesar Gomes Larratéa
Diretor do Departamento de Administração
de Sistemas de Informação de RH"


eles criam oproblema por pura incompetência e nós que já cumprimos com nossa obrigação cidadã de pagar imposto, pois ele vem descontado em folha, -que dizem servirá para melhorar o país, mas que vai para onde não sabemos- ficamos sujeitos aos "transtornos junto ao fisco federal", conforme explica o sr. Julio Cesar Gomes Larratéa.

o primeiro caso foi criado pelo governo. antes da medida ser aprovada iniciaram o desconto do inss do funcionalimo público aposentado.depois perderam a causa no supremo (STF) e esqueceram de computar nos Comprovantes de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte do ano-calendário 2004 , o valor devolvido e liberaram o os comprovantes sem este acréscimo.

todo início de ano é para os brasileiros uma visita ao inferno: pagar iptu, ipva , apresentar a declaração do imposto de renda, acrescida da necessidade de fazer prova de vida, para quem aniversaria no início do ano, o que eles chamam de recadastramento. e outras quitandas mais.

não programamos mais as festas natalinas mas sim o que economizar para pagar o quinto ao governo no início do ano seguinte.

desta vez a dose de fel foi acrescida: o governo , juntamente com líderes sindicais, aprovaram um plano de cargos e salários para as IFES, instituição federal de ensino superior, e todos foram obrigados a abrir mãos de suas antigas situações e posições para entrar em novo regime de cargos.

sim. havia opção, claro: "ou você fica no pucre que será extinto no final do ano ou assina a nova papelada."

para variar todo o pessoal de nível superior dançou feio com direito a tombos e fraturas. agora, no planalto, uma mesa de negociação tenta resolver o problema pois foi concedido step 1 e dois, quando deveria ser cinco. mas o que significa cada step nem eu nem você saberemos.

e lá iremos retificar nossas declarações de renda sob ameaça, quando bastava que eles mesmos fizessem a correção. aliás, um pedido de desculpas não vai mal.

salário ser renda é um assunto que sempre debati com o delfim neto e afins no banheiro de minha casa: salário não é renda, salário não é renda , sempre argumentei. isto é mais um sofisma para definir roubo, punga, assalto.

mas ele, nenhum deles, nunca me ouviu.

cordeira, sigo com minha papelada para retificar a declaração do imposto de renda que já fiz . e eu, que cantava feliz "pai, afasta de mim este cálice,/ afasta de mim este cálice / de vinho tinto de sangue."

desta vez ainda não deu, milton.


definições interessantes no aurélio:

salário
[Do lat. salariu, 'ração de sal', 'soldo'.]
Substantivo masculino.
1.Remuneração paga pelo empregador ao empregado, de forma regular, em retribuição a trabalho prestado..

renda1
[Dev. de render.]
Substantivo feminino.
resultado financeiro da aplicação de capitais

render
obrigar a capitular; vencer a resistência de; sujeitar, dominas,vencer.

imposto
(ô) [Do lat. med. impositu, subst. do lat. impositu, part. pass. de imponere.]
Adjetivo.
1.Feito aceitar ou realizar à força. [Flex.: imposta (ó), impostos (ó), impostas (ó). Cf. imposto, do v. impostar, e emposta, s. f.]



quinta-feira, março 24, 2005




matéria de cora ronái pode ajudar caxambu


a jornalista cora rónai publicou a matéria abaixo em "o globo" de hoje.

e aqui está meu agradecimento a ela:


acabei de ler sua coluna em "o globo". você não imagina o quanto está ajudando a cidade de caxambu , a todos os artesãos e ao próprio fernando.

é de jornalistas como você que o mundo precisa. eu sou apenas uma senhora aposentada de 63 anos que mora no interior e como suely coelho, a blogueira dos enta, que não tem a minha idade, mas a indignação, sentiu como se dela fora o drama de um brasileiro.
e o é. nós carregamos o sofrimento da humanidade e a perplexidade de nada poder fazer e ver que, em muitos casos, contribuímos por omissão e sabe-se lá mais o que, para que os fatos que nos maltratam se sucedam, repitam e tripliquem.


mais uma vez agradeço a suely que ampliou o que no meu blog eu contava, e a você que ouviu e fez ressoar para o brasil uma história do interior que é mais um retalho desta nossa colcha de misérias.

como tantãs na selva os blogs minam a burocracia da imprensa. e você, cora ronai, é nossa mestra e a ponta de lança desta história que um dia será escrita. a nossa história brasileira de resistência aos agravos do corporativismo econômico e da afetividade e amor que apesar de tudo usamos como estandarte.

peço sua benção, JORNALISTA E IMENSO SER HUMANO.

um abraço.

esther



SEGUNDO CADERNO
Publicado em 24 de março de 2005
Cora Rónai




Blog do Colunista cronai@oglobo.com.br


O mineiro desesperado e o holandês voador

Fernando Henrique Ferreira, 48 anos, casado, pai de família, tem um ateliê em Caxambu. Fabrica peças em papel machê, que vende para o exterior através da ONG Mãos de Minas. Em novembro de 2004, durante uma feira de artesanato em Belo Horizonte, um importador holandês chamado Jan Piet Hartman ficou interessado no seu trabalho, apresentado no estande do Sebrae e, por telefone, convidou-o para um encontro no Hotel Boulevard.

Fernando pôs o mostruário no carro e foi para a capital. As peças que levou causaram tão boa impressão que o holandês encomendou, no ato, 1.500 peixes e 3.325 objetos de decoração variados — araras, tucanos, galinhas d’angola, pequenas cenas de praia. Os dois acertaram o preço total de R$ 25.450, dos quais 25% seriam pagos no início de janeiro, e o restante contra a entrega, em princípios de março.

Fernando voltou entusiasmado para Caxambu: não é todo dia que um artesão do interior recebe uma encomenda dessas. Para poder aprontá-la a tempo, contratou seis auxiliares diretos e 40 terceirizados. Investiu tudo o que tinha na compra de material e no pagamento dos trabalhadores.

Quando janeiro chegou, a encomenda ia adiantada. Fernando telefonou para a Brasil Trade, em Maceió, para pedir o adiantamento prometido. Mas Marcelo Gomes, sócio brasileiro de Jan Piet Hartman, disse que o parceiro se enganara, e que o sinal só seria pago no fim do mês.

Sem capital, Fernando se viu obrigado a vender o carro e os poucos bens que possuía — um freezer e uma televisão — para dar continuidade ao trabalho. No fim do mês, ainda sem notícias do dinheiro, ligou para o próprio Jan Piet, com quem havia combinado a transação. Ficou sabendo então que o gringo mudara de idéia: agora, estava às voltas com um negócio de calçados em Franca, e não tinha mais interesse no artesanato.

No ateliê humilde de Caxambu, mais de três mil peças bonitas e coloridas esperam por comprador. Hoje, porém, elas são a única coisa alegre da vida de Fernando, que está atolado em dívidas, sem o carro de que depende para viver e sem esperanças de resolver a situação. É que, como acontece regularmente no artesanato, não há contrato escrito entre as partes; Jan Piets da vida enriquecem em Amsterdã, enquanto os Fernandos vão à falência no interior do Brasil.

***



Esta história, assim mesmo como está aí, mais ou menos com essas mesmas palavras, foi contada por Esther Maria Duarte Bittencourt, moradora da região e autora do excelente blog “Porca e parafuso” — um perfeito exemplo do jornalismo individual que a internet permite.

— Este senhor já era meu comprador, só que a gente não se conhecia antes — me disse Fernando, ao telefone. — Ele adquiria as peças através da ONG (Mãos de Minas). Desta vez me procurou diretamente. Não dava para imaginar que faria uma coisa dessas. É um homem educado, bem vestido, de fino trato. Ficamos amigos. Sei que fui ingênuo, mas, acredite, acordo apalavrado é o que mais tem aqui no interior, a gente trabalha sempre assim. Aceitei também porque, sem a ONG, a transação ficava mais lucrativa.

Pela transação “mais lucrativa” que o levou à ruína, Fernando receberia cerca de R$ 5 por peça. Descontem-se daí todas as despesas envolvidas e o resultado é um grande nó no estômago.

Ler o que Esther escreve, aliás, é descobrir mais um pedaço de Brasil desesperado:

“Caxambu é uma cidade no Sul de Minas Gerais com tudo para dar certo”, diz ela. “Doze fontes de água mineral medicinais e um parque agradável, sem qualquer projeto turístico. Imagine uma única fonte de água mineral medicinal numa cidade do exterior e como estaria o turismo nesta cidade!

Caxambu está às moscas. Hotéis fecham as portas, outros demitem os funcionários. Lojas vão à falência. O Hotel Glória, um dos mais tradicionais, lançou um plano de demissão voluntária, mas nenhum funcionário deseja perder os direitos trabalhistas. O único cinema local fechou as portas porque não consegue pagar o IPTU.

Então, se não tem para quem vender na cidade sem turista, o que faz o artesão? Ou fica nas mãos do atravessador, o que acontece com freqüência, ou filia-se à ONG que não tem como absorver toda a produção da região. Entre um talvez ou 80 centavos, melhor a última opção.

E é assim que acontece. Para nós que temos ferramentas tecnológicas, que lemos jornais e livros, temos educação formal e estamos antenados com o mundo, esta história beira o realismo fantástico. É por isso que as novelas da Globo que abordam este tema fazem tão pouco sucesso no interior. Aqui, a realidade supera qualquer coisa que a imaginação invente.”

***



Quem desejar mais informações sobre o trabalho de Fernando pode acessar o site http://www.ateliedepapel.com.br/oficina.html. Enquanto existe.

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como uma cidade pode crescer

cora ronái deu o empurrão. cabe ao prefeito empossado em janeiro deste ano aproveitar o momento e dizer dos planos de sua administração para o crescimento da cidade. creio que a primeira medida seria contratar uma firma perita em turismo para desenvolver e divulgar o potencial do município. mas não o conheço . sei que ele está zangado comigo. e muito . pois acredita que joguei uma pá de areia na administração dele recém iniciada.

há várias perspectivas para analisar o assunto: uma delas é aproveitar a cidade na mídia e fazer caxambu crescer. a outra ... bem, a outra....


quarta-feira, março 23, 2005



vinícius de moraes e noel rosa cantam caxambu



ficou a lembraça; um pouco de colonial, um ponto barrôco, as marcas, os burburinhos antigos. e de saudades a cidade vive. de tomaras, quem sabe,será? talvez...

esta semana eu me maltratei dizendo mal da cidade que escolhi para morar. tudo verdade e há muito mais. mas agora é hora do afago, dos beijos, de confessar meu amor plantado junto com os pêssegos de meu pomar.

sei que com as rugas da história bordadas em água definha lentamente caxambu imersa em platonismo. nutrea-a lembranças do passado. caxambu alimenta-se de seu tempo imperial o momento em que gloriosamente a princesa isabel conseguiu emprenhar ao tomar de suas águas.



quando vinícius de moraes esteve aqui num fim de semana deixou esta crônica gostosa falando de figos, os figos que crescem nos quintais das casa, vendidos na quintanda verdes para o doce.

durante um carnaval em que aqui estve noel rosa fez para a cidade uma música.


Caxambu Les Eaux



Depois de uma temporada como a que tive no Zum-Zum, nada melhor que esta moleza, este vago tédio em que me encontro, específicos de uma estação de águas. Cheguei, além do mais, asilando uma gripe que se não é a "russa", anda por perto. Estou derreado. Servem-me as águas a domicílio, numa garrafa vestida de uma linda fantasia de palhinha, um negócio para o baile do Municipal: eu, astênico, vagotônico, no fundo feliz de me sentir de novo disponível. Cai-me bem, de quando em quando, uma doença. É, não só, de certo modo, um treino para a morte, como um grande pretexto para a meditação. O tempo, que se faz tão rápido nesta minha quadra da existência, como que se relaxa. Fica tudo mais sensível, mais acústico. Esse binômio "gripe e estação de águas" é muita felicidade junta. Sinto que me recuperarei de modo total, e com muita sabedoria.
E uma certa tristeza.


*

Tenho figos no quarto. Se acordo de madrugada e sinto fome, como um figo. Ou chupo, em solo mineiro, uvas paulistas, tal um herói de Kazantzakis. E antes de voltar à cama, e aos braços de mme. de Rênal, com quem na pele de Julien Sorel, traio a minha bem-amada, ainda respiro à janela o ar das Alterosas. Em que país, fosse mesmo escandinavo, poderia eu ver três senhorazinhas encantadas passarem pela rua, às duas da manhã, tremulando valsas em bandolins afinadíssimos? Em que ficção, fosse mesmo japonesa, poderia eu ler uma cena destas? Ó prosadores destas Minas que sois amigos meus: por que me ocultastes isto tanto tempo?

*

Hoje fui ao parque: melhor dizer Parque, assim com maiúscula. Passeei minha convalescença por entre outras senhorazinhas encantadas, mas desta vez encantadas de serem aquáticas, de estarem trafegando assim por entre a flora bem-comportada do jardim, parando para beber as águas e fazer uma fofoca rápida; senhorazinhas, algumas, ainda esperançosas, justiça lhes seja feita, a julgar pelas calças compridas que portam, mais justas que as da Mariazinha do Posto 5.
Bravo, senhoras minhas! Nada de entregar os pontos. Bebei na Fonte Duque de Saxe, lavai o rosto na da Beleza e os olhos com o colírio alcalino da Viotti. Em seguida, fazei massagens de duchas, e se necessário for, metei um Pitanguy. E em desespero de causa ide para o Jardim Botânico em dia de chegada de navio holandês. Há sempre um viúvo rico dos Países-Baixos correndo o mundo, disposto a negociar os dólares da própria solidão. Ora, o Jardim Botânico, para um flamengo, é atração turística obrigatória. Sentai-vos num banco com o vosso tricô e ao vê-lo que se aproxima, gordinho e rubicundo, pedi-lhe fogo. Se ele não fumar, isso já é assunto bastante para um passeio juntos. Não paga dez. À noite recebereis uma cesta de tulipas e um mês depois estareis em Amsterdã, dona de casa entre canais, tomando a vossa genebra bem gelada e nem lembrando mais deste país subletrado e subdesenvolvido. Eu tive uma prima idosa que casou assim: e ela era mais feia que a necessidade. Casou-se com um suíço. A linha é mais ou menos essa...
Ontem minha mulher foi assistir, no circo local, a uma pantomima sobre Caryl Chessmann, o famoso Bandido da Luz Vermelha, de Los Angeles, cuja execução na câmara de gás, há uns quatro anos, deixou o mundo em suspenso. Contou-me ela que, num determinado momento, a mulher do bandido vai visitá-lo na prisão e ao vê-lo pergunta-lhe, asssim mesmo à gaúcha:
– Então, como vais?
Ao que Chessmann responde:
– Encarcerado, como vês...


*

Como existe esperança no mundo... Que beleza! É de ver o movimento que vai por estas fontes, mesmo agora, já um pouco fora de estação. Uma trançação constante, cada um com o seu copinho de plástico onde há escrito: "Lembrança de Caxambu."
E as águas balsâmicas desengurgitam figados cirróticos, acordam vesículas preguiçosas, dissolvem litíases antigas. É a saúde! Uma esticada de mais dez anos, mais cinco, mais seis meses, mais um mês, mais 15 dias... – poxa! – mais uma semaninha só, tá?
A Velha da Prestação não tem outro jeito:
– Tá.


*

Mas ao vê-la sentada lá no alto do outeiro, com o maxilar apoiado nas falanges, numa atitude de Pensador de Rodin a gente sente que a Morte está chateada da vida. Assim não é vantagem, com essas águas... E ela fica, pensando que não há nada como se ter dinheiro.
O que ainda lhe vale é que para a paisanada local, pobre e mal nutrida, a carência de iodo nas águas da região é bócio certo. De qualquer modo, para ela não deixa de ser uma esperança...





esta foi a última música composta por noel rosa, e cujo tema é o carnaval de caxambu.



Chuva de Vento
(Noel Rosa)


Quem nunca viu
Chuva de vendo a fantasia
Vá em Caxambu, de dia
Domingo de carnaval!
Chuva de vento
Só essa de Caxambu!
Domingo chove chuchu
E venta água mineral!
Um espanhol
Que está me ouvindo desconfia
Dessa chuva a fantasia
Que abala Caxambu
Esse espanhol
Que na mentira não me ganha
Garantiu que lá na Espanha
Chove bala pra chuchu!
Chuva de vento
É quando o vento dá na chuva
Sol com chuva - céu cinzento
Casamento de viúva
Zeca Secura
Da fazenda do Anzol
Quando chove não vê sol
Vai comprar feijão no centro
Bebe dez litros
De cachaça em meia hora
Pra aguentá chuva por fora
Tem que se molhar por dentro
Vento danado
É aquele lá de Minas
Sopra em cima das meninas
Diverte a população
Até os velhos
Vão correndo pras janelas
Pra ver se algumas delas
Já usa combinação
Fez sol com chuva
Uma viúva lá da Penha
Disse que não há quem tenha
Tanto pretendente junto
Mas um por um
Dos pretendentes é otário
Pois o vencedor do páreo
Ganha resto de defunto
Quem nunca viu
Chuva de vento a fantasia
Vá em Caxambu de dia
Domingo de carnaval
Chuva de vento
Só essa de Caxambu
Domingo chove chuchu
E venta água mineral!
Um Zé Pau-d'água
Tem um amigo parasita
Não trabalha e sempre grita
Viva Deus e chova arroz!
Gritando assim
Do seu povo ele se vinga
Viva Deus e chova pinga
Que arroz nasce depois
Chuva de vento
Muita gente desconfia
Dessa chuva fantasia
Que eu vi em Caxambu
Se o espanhol
Contar a dele não me ganha
Vai dizer que na Espanha
Chove bala pra chuchu!


terça-feira, março 22, 2005


"reclame e ame sua terra"*


Agradeço à Suely por sua sensibilidade e capacidade de motivar pessoas para debater um problema e encontrar soluções; à Cora Ronai, à eliane estoducto e a todos os amigos que ao questionar o caso do artesão Fernando Henrique Ferreira, estão debatendo o Brasil e seu povo do interior acostumado aos contratos feitos através do apalavrado e apertos de mãos.

A ong mãos de minas nada tem a ver com esta transação do Fernando. Através da ong este senhor, Jean Piet Hartman, da brazil trade, comprara as primeiras peças dele. "depois ficamos amigos -diz o fernando_ pessoa gentil, de fino trato e a transação sem a ong como intermediária é mais lucrativa."

Caxambu é uma cidade no sul de minas gerais com tudo para dar certo. 12 fontes de águas minerais medicinais, um parque agradável. Mas sem qualquer projeto turístico.

Imagine uma fonte de água mineral medicinal no exterior e como estaria o turismo nesta cidade.

Caxambu está às moscas. Hotéis fecham as portas, outros demitem seus funcionários . Lojas vão à falência. Um dos mais tradicionais hotéis da cidade lançou um plano de demissão voluntária mas nenhum funcionário deseja perder seus direitos trabalhistas. O único cinema local fechou porque não consegue pagar o iptu.

Então, se não tem para quem vender na cidade sem turista o que faz o artesão? Ou fica nas mãos do atravessador, o que acontece com freqüência ou filia-se à ong que não tem como absorver toda produção da região. Entre um talvez ou oitenta centavos, melhor a última opção.

E é assim que acontece. Para nós que temos ferramentas tecnológicas, que lemos jornais, livros, -sabemos ler- temos educação formal e informal, estamos antenados com o mundo esta história quase beira o realismo fantástico. Por isto as novelas da globo que abordam este tema pouco sucesso fazem no interior. Pois a realidade aqui é incrível e inimaginável.

Obrigada amigos. Muito obrigada.

o título deste agradecimento foi retirado da comunidade criada por suely coelho, "reclame e ame sua terra" no orkut http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=57249 e ela a descreve assim:

"Todo mundo sabe que o Brasil (como qualquer outro lugar) tem seus problemas. Entretanto, pela sua grandeza seus problemas passam a ser de todos.

Todos sabem que a melhor maneira de resolvê-los é se manifestando, fazendo isso de maneira coerente em alto e bom som. Portanto, essa comunidade está sendo criada para você pôr a boca no trombone (de maneira incoerente se quiser) sobre o Brasil. Suas reclamações podem ser justificáveis ou não--desde que compartilhe com os outros, bem-vindos!"

segunda-feira, março 21, 2005



amiga, sua indignação faz crecer meu orgulho e minha admiração por você.

ontem estive com a casa cheia, como todos os domingos, e só de manhã
acesso a internet. depois chegam os amigos. por isto a demora na resposta.



o artesão é muito explorado pelo comprador ou turista.

aqui vai a resposta a sua pergunta suely,/ pois a jornalista aqui falhou.

entre o fernando henrique ferreira e o senhor jan piet
como informa o artesão "não existe contrato algum. o
acordo foi feito verbalmente, como todas as outras transações. entre
as partes nunca rola contrato. é um mercado informal e a compra
e venda de mercadorias é feita sem nota fiscal. é de praxe. é uma
constante no mercado de artesanato no brasil inteiro.


o artesão não tem como emitir uma nota fiscal e em conseqüência as
lojas também não a emitem."


continua fernando a informar:

"o senhor jan piet hartman já era meu comprador antigo. adquiria
minhas peças através da ong mão de minas. desta vez ele me procurou e
firmamos acordo apalavrado, o que se usa muito no interior."


fernando mora e tem ateliar ("atelier de papel") na rua doutor enout 171 centro , caxambu, minas
gerais, cep 37440 000. telefone 3341 25 59 código da cidade 35.


os preços das peças variam entre 9 a 19 reais.

ah, ele hoje procurará falar com a dona maria emília , bordadeira oficial de
caxambu, para ver se existe esta feira em hotéis de luxo de são paulo como informou o fernando nimam .


domingo, março 20, 2005


infelizmente é verdade, suely

infelizmente é, suely, verdade. o fernando está desesperado. aqui é uma região de muito artesanato e todos ligados à ong mãos de minas que paga pouco por cada peça, mas paga. fernando foi contatado para fazer uma venda fora da ong, ganhando mais e entrou pelo cano.


cartão da firma de jan piet hartman estabelecida em são luiz do maranhão

para você ter uma idéia do absurdo sobre os preços vamos dar um exemplo: você já viu uns balaios de bambu, compridos, que aqui usam para colocar roupa suja? já viu por aí? já anotou os preços?

aqui eles são vendidos para o atravessador por 0.80 centavos. mas não é um só. são três. um dentro do outro.
o atravessador fornece o bambu e eles fazem o trabalho.


ninguém pensa , no entanto ,em plantar bambu na própria terra. planta que dá à toa.

estas bolsas de vime usadas aí, aqui são compradas por vinténs. assim como as peneiras, cestinhos de palha de milho etc.. .

e eles, os artesãos, estão nas mãos dos atravessadores . a gente não pode falar muito pois eles morrem de medo de perder a oportunidade.

aqui se tem a dimensão exata do que é o brasil.

os contrastes são escandalosos, ao lado de uma tapera no meio do mato perto de uma cachoeira hoje cercada, ergue-se uma mansão. todas as terras estão sendo compradas pelos gringos à preço de banana. ( aqui tem água a dar de páu. estamos sobre o aquífero guarani. se um dia acabar a água de superfície é só cavar um poço)

é uma lástima.

em airuoca, em região de apa (área de preservação ambiental), eles compraram terras e construíram casas (isto é proíbido) e como o acesso pela estrada é calamitoso, principalmente na estação das águas, eles estão forçando o governo do estado a permitir a construção de um aeroporto. mas como eles chegam com muito dinheiro, dólar! é dado como certo que o estado permitirá. o parque das águas de são lourenço não foi vendido para a nestlé?

esta região que compreende baependi e segue até itatiaia está sendo tombada como patrimônio da humanidade e você sabe que quando falam em humanidade estão excluíndo o povo do terceiro mundo. é o mesmo processo vivido no amazonas e no pantanal.

mas este dinheiro não circula por aqui não. as lojas, até as tradicionais, assim como os hotéis estão fechando as portas!

e os miseráveis cada vez mais miseráveis e sem terra pois o homem ingênuo supõe que com o dinheiro ganho na venda poderá ir para a cidade grande e viver bem. quando depara com a realidade....
aqui não existiam desabrigados. hoje as ruas estão cheias. veja a foto que fiz ontem.



um hotel desempregou na semana passada 48 pessoas. isto é muito grave para uma cidade do interior que vive de turismo. é grave em qualquer lugar, mas aqui o reflexo disto é impressionante, pois são várias famílias que dependem daquele emprego . mas o hotel não terei como arcar com o salário destas pessoas.

é isto amiga. tudo isto.

e assisto sem nada poder fazer. certa vez estava sendo criada a associação dos artesãos com apoio da ong mão de minas. mas a instrução do povo é nenhuma e pouca coisa contece. eles ficariam livres dos atravessadores

agora há um outro sonho "a estrada real", que já existe. mas de sonho em sonho lá seguem os brasileiros comendo poeira.

um abraço

ps. ah, te assutei por que? será que não estou sabendo me comunicar? conta, por favor.

beijos
esther