sexta-feira, setembro 30, 2005




o revórve do tropeiro






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moro num condomínio rural em caxambu, minas gerais. a chácara mais próxima da minha dista 500 metros. a portaria do condomínio, outro tando. a área é cercada por fazendas, pastos e rios com passagem fácil para qualquer casa. não há vigilância no condomínio, somente a portaria com seu porteiro que aperta um controle remoto para permitr a pasagem de carros. se alguém resolver entrar em minha casa armado, ou não, com a certeza de que estarei desarmada, quem me protegerá?

a delegacia de polícia fecha às 19 horas. noutro dia, perto daqui, à noite, dois traficantes trocaram tiros. um morreu. e se resolvessem entrar na minha casa para se proteger das balas? ora, se as autoridades são protegidas por militares, soldados, homens armados e desde que este benefício não é estendido ao povo brasileiro, ... aliás, se nada é perigoso , e por isto todos devem se desarmar, porque elas, as autoridades não dão primeiro este exemplo? taí, campanha contra o desarmamento do exército da marinha, aeronáutica e bandidos devem caminhar juntas, desarmamento toal. aí sim, poderia começar a crêr em boas intenções....

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lembro ainda desta imagem e de muitas outras semelhanters. quem irá desarmar estes gajos?

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"Quanto mais corrupto um Governo, mais leis contra a posse de armas"
Cornelio Tacitus, historiador romano, 116 DC, em The Annals of Imperial Rome (trad. M. Grant 1956)


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"Ora, meus senhores, não houve um só regime ditatorial no mundo que não tivesse começado pelo confisco das armas, nas mãos dos cidadãos.Foi assim na Rússia de 1917, na Alemanha hitlerista, na Itália de Mussolini, na Espanha de Franco, no Portugal de Salazar, na Cuba de Fidel Castro e - para não esquecer, é bom lembrar-se que o regime instalado em 1937, mandou fechar até os Tiros de Guerra, uma instituição, até então, tradicional no Brasil."
leia aqui sobre o assunto

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chilling effects




poderemos daqui para frente congelar e aterrorizar a quem desejarmos, por motivos justos ou não. aqui. o projeto é desenvolvido por

Berkman Center for Internet & Society
DePaul University College of Law
Electronic Frontier Foundation
George Washington University Law School
Samuelson Law, Technology and Public Policy Clinic
Santa Clara University School of Law High Tech Law Institute
Stanford Center for Internet & Society
University of Maine School of Law
USF Law School - IIP Justice Project

fiz uma pergunta ao google: quem é pirisca greggo? e no pé da página de informação encontro este aviso:" Devido a exigências legais feitas ao Google de acordo com a legislação local, 1 página(s) desta página de resultados de pesquisa foram removidas. Para ler a queixa que causou a remoção, acesse ChillingEffects.org." veja aqui.

desejava saber sobre o autor do "revórve do tropeiro" , pirisca grecco, que fez poema/música protesto que está citado em 10 entre 10 blogues e que se tranformou no hino contra o desarmamento . em todas as página sobre desarmamento existe esta refer6encia. assunto difícil, suponho, e que não deve ser pesquisado. mas vamos ao poema.



O REVÓRVE DO TROPEIRO

Piriska Grecco


Seu Delegado eu vim trazer meu revorvinho,
Que eu ganhei do meu padrinho Quando me tornei rapaz.
Há 30 anos mora na minha cintura,
Escorando a lida dura De tropeiro e capataz.
Com esse revórve nessas volta do destino
Já salvou muito teatino de apanhar sem merecer,
Botou respeito sem precisar falar grosso,
Com ele muito arvoroço Não deixei acontecer.
Mas deu no rádio
Que ninguém pode andar armado, E no rumo do povoado
Eu vim tirando a conclusão,
Que eu fiquei louco ou não entendi a notícia,
Pois pensei que a polícia
Desarmava era ladrão.
"Ô mundo véio, que tá virado,
Seu Delegado, preste atenção:
Vê se devorve o revórve do tropeiro,
Vai desarmar desordeiro
E deixe em paz o cidadão!"
"Ô mundo véio, que tá virado,
Seu Delegado, preste atenção:
Vê se devorve o revórve do tropeiro,
Vai desarmar desordeiro
E deixe em paz o cidadão!"
Seu delegado, se um ladrão bater na porta
Devo fugir pela outra?
Me "arresponde", sim senhor!
E se um safado me desrespeitar uma filha,
Quem vai defender a família
Do homem trabalhador?
É muito fácil desarmar quem é direito,
Quem tem nome e tem respeito, Documento e profissão,
Muito mais fácil que desarmar vagabundo,
Desses que anda pelo mundo
fazendo mal-criação.
Pra bagunceiro O País tá encomendado,
povo tá "desdomado"
E quem manda faz que não vê,
Nosso governo, Quem tem que prender não prende,
Não vigia, não defende
Nem deixa ser defender!
"Ô mundo véio, que tá virado,
Seu Delegado, preste atenção:
Vê se devorve o revorve do tropeiro,
Vai desarmar desordeiro
E deixe em paz o cidadão!"
"Ô mundo véio, que tá virado,
Seu Delegado, preste atenção:
Vê se devorve o revorve do tropeiro,
Vai desarmar desordeiro
E deixe em paz o cidadão!"
"Vê se devorve o revorve do tropeiro,
Vai desarmar desordeiro
E deixe em paz o cidadão!"


eles explicam o que deve ser punido para manter a legalidade das relações na internet

Question: What are "actual" and "punitive" damages?

Answer: Actual damages are damages awarded to a winning party to compensate them for a proven injury or loss; damages that repay actual losses.
Punitive damages are damages awarded in addition to actual damages when the defendant acted with recklessness, malice, or deceit. Punitive damages are intended to punish and thereby deter blameworthy conduct.
(Black's Law Dictionary)


quinta-feira, setembro 29, 2005






"a vila global".




"aprecie o que você tem e faça a sua parte para um mundo melhor! "



imagine o mundo com somente 100 pessoas, vivendo no modelo atual! clique aqui e ligue o som
veja a terra em miniatura
o texto " the global village" foi escrito por donella meadows que faleceu em 2001. os dados foram atualizados por allysson luccca.


eu guardo minhas roupas no armário, conservo minhas frutas e verduras... frutas!!!!!! - é, posso comer frutas.-na geladeira... mas onde deixo o meu amor? cara, frustrante! amei muito pouco o meu próximo, pelo que deduzo do mundo em chamas, chamas que ajudei a atear principalmente por omissão. tudo bem que trabalhei pacas. às vezes acumulava dois ou três empregos, porque o que pagavam a um jornalista de antigamente nem chega perto dos salários de hoje. sei... montes estão desempregados ou subempregados. os meios de comunicação sempre pagaram mal mesmo, mas tem meia dúzia que consegue bom salário. todo micro reproduz o macro, né mesmo?! no entanto, nada disto nos impede de constatar que poucos têm muito e a maioria, grande parte do mundo, vive abaixo da linha da miséria.

pegando o exemplo de minha casa, esta pequena vila onde moram duas pessoas e trabalham 3 para sua manutenção, posso dizer que a situação é trágica: eu pago plano médico; minha empregada precisa ligar para o 0800 da policlínica e marcar consulta. o telefone está sempre ocupado e ninguém consegue falar por ele, a não ser que consiga amigos lá dentro. e minha empregada não tem telefone em casa. precisa usar o orelhão. o povo destrói o orelhão, aí ela vai em busca de outro, mais longe, que esteja funcionando . resultado, a pressão arterial dela chegou a 22 por 20 quando a levei ao médico particular. mas foi só uma consulta. são necessários medicamentos também e exames extras. ela está em casa, repousa e morre de aflição porque um filho isto, o outro aquilo e todos desempregados. a pressão sobe mais ainda com a preocupação. ela precisa trabalhar, mas já tem idade! e a pressão sobe...

está em casa e faz exames, não sei como passa, ainda não encontrei tempo para visitá-la. e amanhã faz uma semana que tudo aconteceu! mas preciso ensinar a que ocupa o seu lugar o serviço a ser feito. Sei que para tudo há um limite: o meu limite, de pagar duas empregadas para o mesmo trabalho.. ah, se o governo não me levasse tanto imposto de renda , desconto de inss para sua particular caixa dois, eu poderia ajudar mais minha empregada que não é assistida pelo governo que nos cobra esta taxa extra para assisti-la e aos demais.

mas o que quero dizer é o seguinte: neste universo de 5 pessoas, -sem contar o empregado de fora que só trabalha pela manhã pois de tarde vê televisão, e não abre mão disto; compra roupa de grife, como faz questão de informar, e viaja todo fim de semana faltando ao trabalho nos sábados , e fico com ele porque não rouba! - há o outro que vem na parte da tarde e se esforça, tem mão boa para o plantio, sabe fazer uma poda como ninguém, casquear a égua, dar banho nela, mas só pode vir à tarde pois de manhã trabalha em outro lugar... neste universo de cinco pessoas, 3 têm o primário incompleto, dependem do 0800 da policlínica, as frutas que comem, colhem cá em casa, os legumes, as verduras também. então, neste universo, uau!!!!!!!!!!!! preciso falar mais?

onde está o erro, o engano? e nem adianta colocar a culpa nos deuses!



o texto em interlíngua


aqui está o texto do documentário em interlíngua

uma breve gramática da interlíngua



LE MUNDO IN MINIATURA . version online . 2002 edition

Si nos poteva cambiar le population del mundo a un communitate de 100 personas reteniente le mesme proportiones, que nos ha hodie, le

resultato devinerea alcosa como si:
61 asiaticos
12 europeos
14 americanos de America del Nord e del Sud
13 africanos
1 australiano (Oceania)
50 feminas
50 viros
67 non son christianos
33 son christianos (catholicos, protestantes e orthodoxos)
6 persones possede 59% del ricchessa del communitate
13 ha fame
14 non sape leger
solmente 7 son educate a un nivello secundari
Del expensas annual del village son un poco plus de 3.000.000

dollares:
181.000 se dispende pro armas e guerras,
159.000 pro education e
132.000 pro sanitate
Si tu ha un refrigerator pro tu alimento
e un guarda-roba pro tu vestimentos,
tu es plus ric que 75 % del population de tote le mundo.
Si tu ha un conto in banca,
tu es uno del 30 plus ric del mundo.
25 lucta pro viver de 1,00 dollar american pro die, o mesmo

minor...
47 lucta pro viver de 2,00 dollares american pro die, o minor...
Labora con passion
Ama sin besonio de esser amate
Apprecia lo que tu ha
e face tu optime pro un mundo melior









quarta-feira, setembro 28, 2005



"hollywood é aqui bem perto"



ó nóis aqui
puta que pariu




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nada mais gostoso no mundo do que dizer sou fulana, filha de sicrana. ainda mais se a mãe estiver viva. é preciso crescer para perceber isto. na adolescência garantimos aos amigos que nascemos espontaneamente. pai e mãe não existem, nunca existiram! afinal , estas pessoas estranhas que um dia fizeram o que sonho fazer ao me apaixonar e produzir um filho, arghhhh!!! não têm nada a ver comigo! eles se beijaram foram para a cama e se amaram, quer coisa mais indecente?

é bem verdade que farei de forma diferente, segue com seu pensar a adolescente, haverá muito romantismo, flores perfumes vinhos e gostosos beijos na boca, não o rápido beijo na face que as criaturas com quem convivo trocam rapidamente entre si; uma mulher com o avental sujo da cozinha e um homem carregado de papéis e pastas.

Fred Astaire And Ginger Rogers.jpg


acredita a ingênua que em seu tempo ninguém comerá, ela e o amado viverão de vento, como em hollywood, onde ninguém vai ao banheiro e os desencontros são resolvidos com música e sapateado.

ahhhhhh, tempos de musicais e bang-bang! adolescentes espertas cochichavam entre si as mais recentes descobertas sobre o que acreditavam ser sexo. ai, minha geração era alimentada pela ingenuidade, sonhos, laços de tafetá , anágua, combinação, lesie, organdi, cianinhas, entremeios e babados.

eu era banida, por ser a mais baixa da turma da qual faziam parte minhas irmãs mais novas e viver enterrada em livros. e tanta coisa que gostaria de saber, como elas, que ainda não haviam descoberto o sentido desta palavra, entre ouvida em algum lugar , puta que pariu.

era minha grande oportunidade para ser aceita! aproximei-me do grupo e disse que já sabia o que era. interesse absoluto: contei então ser puta que pariu uma prateleira que crescia na barriga das mães quando elas esperavam bebê. mal o pai acabava de fazer àquilo uma prateleira começava a nascer para receber o neném. elas me olharam e, pela primeira vez, soube o que era um olhar de pena. afastaram-se sem nada dizer deixando em minhas mãos uma bicicleta com a qual brincavam. "chorei, chorei, como é cruel chorar assim": e disse: puta que pariu é você, você, você, e eu também, bem baixinho, rilhando os dentes!

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nenhuma estrela de cinema, e nesta época eram tradicionais os seriados de super-homem no antigo cine mandaro , de tom mix, flash gordon, tarzan, e o que assobiava e o cavalo ficava na posição certa para ele cair em cima, sem machucar nada, diga-se de passagem, roy roger, cercados por belas mulheres apaixondas desempenharia este ridículo papel.

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a bela lois lane nunca faria isto, de mostrar raiva e dizer um nome daqueles, ainda mais se estivesse voando pelo universo nos braços dele. mas, sem querer, eu havia descoberto para que servia a tal palavra que nunca mais pronunciei, era meu estígma. se nossos pais soubessem!

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terça-feira, setembro 27, 2005




beba garbo, engasgue com frida




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serão vendidas somente 350 garrafas do "greta garbo brut rosé", criado especialmente para comemorar o centenário de nascimento da atriz. as garrafas de vinho são decoradas com sua imagem e custarão US$ 42 .
a partir de 1º de outubro estarão à venda apenas em napa valley, na califórnia. imaginem quanto valerá depois em leilões!


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no ano que vem será vendido nos estados unidos, com um teor alcoólico mais alto,a "frida kahlo tequila" para homenagear a pintora mexicana frida kahlo.




google's birthday

7th_birthday.gif

domingo, setembro 25, 2005






mergulha ensanguentado
neste céu e foge o sol
em fogo insano aponta
a lua que estrela e traz
perfume de tarde doce
manacá dama-da-noite
jasmim-do-cabo chuva
caída longe se na serra
ainda um pássaro voa
este momento de flores
quando a tarde queda
sua o sereno primavera
em sangue o inverso
de uma folha em flor
aborta aberta a fria
cauda do inverno


esther lucio bittencourt





sexta-feira, setembro 23, 2005


o bom de reler

antigos livros quase mudos nas estantes é também encontrar este tipo de creio, marcador, dentro deles.


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quinta-feira, setembro 22, 2005




(É amanhã!) É HOJE!!!!!!!!!!!!, sexta-feira!




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Na Cronópios a entrevista que a jornalista e escritora Ana Laura Diniz fez com a moça do drops, a Fal.





deu no noblat e acredito


deu no Blog do Noblat


É por algo assim que espero. Por este tipo de informação que ainda sangrará. Não de que o blog errou, mas que muita coisa ainda aparecerá. Pois há muito lixo embaixo do tapete.


"22/09/2005 � 18:33

Este blog errou. E a senadora Ideli mentiu

Este blog errou ao informar que os senadores Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios, e Ideli Salvatti (PT-SC) estiveram reunidos em um hotel de luxo da cidade de São Paulo por volta das 15 horas de hoje com um importante empresário da área de construção e de informática. E que dele haviam recebido documentos que provariam uma falcatrua no valor de 100 milhões de dólares cometida em licitação de 1999 da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

O encontro não foi em São Paulo em um hotel de luxo. O senador Delcídio Amaral não estava presente - embora estivesse em São Paulo para gravação de um programa da TV Globo. A senadora Ideli Salvatti não estava em São Paulo - estava em Brasília, como aliás fez questão de dizer em discurso transmitido pela TV Senado. Peço desculpas pelo erro. Aproveito para afirmar que a senadora Ideli Salvatti mentiu. E fez uma declaração cínica.

Porque ela se reuniu, sim, por volta das 15 horas em seu gabinete com o tal empresário - Edson Brockveld, dono da Brockveld Equipamentos e Indústria Ltda., com sede na capital paulista. Participou do encontro o deputado Carlito Merss (PT-SC), amigo da senadora. E ela recebeu, sim, farta documentação entregue por Brockveld a respeito de uma licitação dos Correios de 1999 para construir e equipar centros de distribuição da empresa em diversos Estados.

Tais documentos provam que a licitação foi superfaturada. O valor original dele era de R$ 45 milhões na época. Acabou saindo por pouco mais de R$ 90 milhões. Quatro empresas participaram da licitação - uma delas a Siemans, vencedora junto com outra. No ano anterior, havia sido realizada uma licitação no valor equivalente a 100 millhões de dólares também superfaturada e cheia de outras irregularidades.

O encontro de Brockveld com a senadora foi marcada ontem à noite por intermédio do deputado Merss. Foi o industrial que teve a iniciativa do encontro. Brockveld desembarcou em Brasília esta manhã. Pouco depois das 14 horas, foi direto ao gabinete de Merss, de número 273, no anexo 3 do prédio da Câmara. Merss avisou por telefone a Ideli que Brochveld havia chegado. Ela pediu que o levasse ao seu gabinete de número 23 na Ala Senador Teotônio Vilela no prédio do Senado.

Quando este blog publicou a notícia sobre o encontro, Ideli, Merss e Brochveld ainda estavam reunidos. Uma assessora de Ideli entrou esbaforida no gabinete levando uma cópia da notícia. A senadora teve um acesso de raiva. Levantou-se da cadeira. Começou a gritar com os assessores. A certa altura, disse: "Meu telefone só pode estar grampeado, é, deve ser isso". Em seguida, partiu para o plenário do Senado onde o senador Romeu Tuma (PFL-SP) presidia a sessão. Pediu a palavra.

E desancou a notícia e este blog. Disse que não tinha o dom da ubiquidade - estando em Brasília não poderia estar naquela mesma hora em São Paulo. Negou que tivesse se reunido com qualquer industrial, que tivesse recebido documentos sobre falcatruas no governo Fernando Henrique Cardoso, e ainda acrescentou mais ou menos assim:

- Claro que gostaria de receber qualquer coisa sobre os tucanos. Mas não recebi."

quarta-feira, setembro 21, 2005






"Os Meninos da Rua Paulo"




os-meninos.jpg


reli hoje "os meninos da rua paulo" e resolvi, e por, escrever com letras maiúsculas o que com maiúscula couber. Lição aprendida com o pequeno Nemecsek. Recomeço: Reli hoje "Os Meninos Da Rua Paulo" . A edição da Cosac e Naify é primorosa. O Livro se aconchega na mão, o desenho da capa me remete aos antigamentes quando minha mãe colecionava uns postais alemãs interessantes e cômicos, alguns, outros poéticos à moda rococó. Lembro especialmente de um do qual gostava muito: um homem em cólicas estirado na tábua de passar aquecendo seu ventre com o ferro em brasa.

Nemecsek ficou muito triste quando o consideraram, injustamente, traidor e escreveram numa ata seu nome com letras minúsculas. Maior ofensa não poderia ser feita. E ele , logo ele que nos encaminha junto com Boka a um mundo onde havia honra, amizade e regras, muitas regras que os próprios meninos elaboravam para manter seu comportamento nobre. Lembro do tempo em que comecei a escrever com letra minúscula. Foi na década de 50. Motivada pelo movimento concretista e pela ordem da época em contradizer tudo, sem exceção.

Mas voltando à edição: o que incomoda no texto é o excesso de referências que a todo momento nos remetem ao rodapé. Resolvi ignorará-las para que a leitura fluísse e depois as li. Uma a uma. No posfácio Nelson Archer fala sobre o tradutor, Paulo Rónai e o autor, Ferenc Molnár cujo nome quer dizer Francisco e Molnár, moleiro. E mais, situa o livro no momento em que foi escrito, no entre guerras de libertação da Hungria e compara sua trama com os tempos de hoje. De tarde vi um pouco de CPI.
O mundo mudou demais............

Mas nem sempre foi assim que Molnár se chamou. Nelson Archer conta que seu nome de judeu era Ferenc Neumman e quando houve a integração dos judeus na Hungria, foi necessário adotar um nome magiar , a língua de sua terra natal, que bem poucos não húngaros conhecem e que é defendida como os meninos da rua paulo lutaram pelo seu pedaço de terra, seu grund. À época a Hungria fazia parte do império Austro-Húngaro e Buda, que era o centro medieval do país ficava numa margem do rio Danúbio. Em Buda tudo é montanhoso. Na outra margem ficava Pest, uma cidade pobre, mas plana. Com o tempo as duas cidades foram unidas em Budapest, a capital da Hungria. Uma capital que foi formada há apenas 132 anos junto com a pequena Óbuda. Dividida entre a Europa Ocidental e Oriental e pelo rio Danúbio, hoje tem o lado mais tradicional Buda, e o mais cos- mopolita no Peste. Mais referências, aqui.

Mas esqeucia de comentar uma análise de Archer baseada no relacionamento dos persongens do livro que me deixou a pensar. Segundo ele o que forma o caráter dos jovens não são as relações paternas ou as da escolas. Mas a conviv6encia com seus pares, os demais jovens. "Dizem-me com quem andas que te direi quem és". Será Adelaide?



Os Maias de Eça de Queiróz em Nirtual Books. Sei que nada tem com o assunto tratado. Mas fica a dica.

terça-feira, setembro 20, 2005




luiz alberto machado deixou-me um recado no orkut para apreciar seu blog erótico. não é bem minha praia. os homens são eróticos, as mulheres podem sê-lo mas não fazem disto seu canto. ou fazem? sei lá. já esqueci um monte de coisas.

o homem, o corpo, as construções musculares, o cheiro de sua pele, sua textura, a voz, as unhas, o formato do pé, o próprio ventre, a bunda são objetos de desejo das mulheres. sim, as conversas sobre eles é fugidia. entrecerradas bocas dizem das preferências. mas canto ao homem ainda não ouvi, ao homem como objeto do desejo, ao seu corpo, linhas, definições.

não falo do homem pijama , balofo, refestelado na modorra dos dias sensaborosos, com a barba por fazer, o hálito corrompido pela inércia. estimo o que surfa a alma e se solta ao espaço , o que sabe ficar em silêncio e neste silêncio apreender as relações do formigueiro.

mas quando as mulheres falam sobre eles é com alguma lástima, determinada tristeza, pontuam dores e faltas. exatamente porque os recebemos na cama de nosso corpo como seres especiais que nos podem dominar, virar-nos ao contrário que estaremos sempre gratas por sua atenção. é como se eles fossem a única razão de nossas vidas. já senti assim!

a partir do convite de luiz alberto machado fui instigada a cantar o corpo do homem como objeto sexual, com erotismo. mas descobri que não sei fazer isto. não sei ser erótica. que coisa!

com a consciência de que mesmo se o soubesse repetiria o já dito e feito, apenas com novo olhar na voz, se tanto! pedi ao michelangelo que lograsse o que não consigo :

S'i' vivo più di chi più m'arde e cuoce,
quante più legne o vento il foco accende,
tanto chi m'uccide mi defende,
e più mi giova dove più mi nuoce.

quarteto para um soneto não concluído, de michelangelo buonarroti. in "michelangelo-poemas" da editora imago. tradução abaixo de nilson moulin.


se vivo mais de quem me queima e dana,
quanto mais lenha ou vento o fogo acende,
tanto mais o que me mata me defende,
e mais me contento onde mais me fere.



angelo.jpg
davi (1501-04), umas das mais cultuadas
obras do artista


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escravo, 1519-36

escravbo 1513.jpg
escravo, 1513


sobre ele disse Rainer Maria Rilke: ..."Os que viveram antes dele conhecaram a dor e a alegria; mas apenas ele sente, agora, tudo o que há na vida, e sente que abraca tudo como uma coisa só."...

segunda-feira, setembro 19, 2005


aquarela



veja só! antonio kleber de araújo postou na lista de ouro:


aquarela, (clique aqui) . o desenho ajuda a entender a letra da música despretenciosa de toquinho.


a letra de aquarela, com um beijo para : helô


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando contornando
A imensa curva norte sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faco chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá

..............


aproveite para ver aqui: o sublinhado
e mais este, desta moça em tpm não conheço, mas chamam-na de ro



sábado, setembro 17, 2005




além do lobo



a crise do lobo é como a da loba? depois dos 60 anos qualquer crise tem algum chamado, um uivo ou se rotula apenas como senilidade? pois é, creio que os sentimentos, atemporais, na realidade têm idade; fica-se mais cordata, contemporiza-se, com -tempo- riza por que há o tempo já vivido e, de repente, esta pergunta sem sentido, sentida, vivido? gente o que é viver, preciso de uma pista, de um fragmento de sugestão: urgentemente , por favor diga alguém se sabe , ensine o que é viver, o que é vida afinal?
sabe o vazio que nunca foi preenchido? a saudade sempre sentida e não se sabe do quê? conhece a ausência mesmo saciada, a lembrança do lugar onde nunca esteve mas que povoa sua retina, o cheiro que nunca sentiu mas é entranhado nas suas narinas, e a dor pela partida de quem nunca chegou, em nenhum momento esteve, ah,............... conhece? conhece o vazio do completo e o pleno completo vazio da ignorância? sabe da mente dizendo ao corpo ser possível e o corpo tombar na primeira esquina? supor o bisturi na mão para o corte preciso mas costurar com linhas grosseiras para inventar possibilidades.. . eu não sei mais, aliás, não mais nada sei do que, tanto atrevimento, acreditava conhecer...
é preciso solidão e isolamento para reconhecer o corpo que perdeu a juventude, a mente que se atrapalha nas lembranças e esta angústia indizível, das letras que faltam ou sobram em cada escrito. há um tempo, sim! há um tempo em que é necessário aproveitar os últimos raios da lucidez para ferir-se de morte.


alem-do-lobo1.jpg


há um tempo! antes que, definitivamente, se esqueça que o momento chegou e que nada, absolutamente nada, pode fazer retroceder as horas, os dias, os anos e que a bravura de ontem é a tolerância de hoje. e como é péssimo tolerar!


quinta-feira, setembro 15, 2005






"crônicas de quase amor"


em "o blog nas esquinas do cotidiano" publicado no condomínio brasil , escrito por fal azevedo, ardida que nem mentho , e que foi apresentado no sexto salão do livro de minas gerais, é um ensaio onde é explicado este companheiro nosso de todo dia.

lógico crianças que ela não leu as páginas digitadas. para começar a fal não lê nada que precise de fala; ela executa um improviso em forma de diálogo que tende ao monólogo. improviso ... pode ser, vejamos: a apreensão do coletivo no singular e sua concomitante trasformação em expressão plural. tudo bem? (mal, né, definições precisam ser simples. foi mal. errei! ) que tal esta: um desafio, que a partir do imperfeito faz a pelota atingir a meta, ou permite que o que ninguém tenha coragem de falar seja fraseado.. não é como trabalho sinfônico onde existe partitura a ser seguida com rigidez, mas (mal novamante e com excesso de ques). bem, improviso é fal; que é winton marsallis e bird, o charlie, na voz de billie. consegui?

sei, nada mais didícil que definições. once upon a time, li num livro da clarice lispector que, para ela, dar o nome às coisas era sentir-se alistada. ela falou mais ou menos assim. o sentido era este, não as palavras. mas como não se lista nem se alista fal, lyptus que convoca os alvéolos a dar conta do oxigênio, quero apenas informar que no dia 23 de setembro, a partir das 17 horas , ela estará se despedindo do livro "crônicas de quase amor" para lançar outro cujo nome só ela pode dizer.


taí o convite:


cronicas.jpg




staccato gosto! muito bom!



improviso


poema e li tai po, traduzido por madan e haroldo de campos ( depois eu conto quem é madan. o haroldo, quem é contra o concretismo e a experimentação, sabe dele)



Nuvens
são
cambraias

Pétalas
tuas
faces

Brisa
que farfalha
nas varandas
altas

Cristaliza
orvalho
diamantes
de água

Se não posso
vê-la
nos píncaros
de jade

Sob a lua
ei-la
no pavilhão
de jaspe




dia bom para morrer



ceu-de-abril.jpg



segunda é um dia bom para se morrer. sempre dissera isto para a família. quem sabe, sequer acordar do domingo, principalmente se o domingo estiver imerso em azul e cálido de sol?

a mãe recomendava, bata na boca, onde já se viu dizer tamanha bobagem? a avó se benzia e da cozinha ouviam venina fazer toc-toc na madeira. ela sabia que venina, em seguida, se trancaria no quarto e com o crucifixo apertado nas mãos, o nó dos dedos brancos pela perda de sangue, tanta a força de sua devoção, rezava pela vida. intuía a vó agarrada no terço e encomendando ladainhas.

conheceu o moço num domingo. chovia. mas que sol a chuva trazia, que luz, tanto azul!

no final da tarde ele todo promessas, ela imensa crença, caminharam sob as águas do céu rumo ao campo do clube. pegariam os cavalos e ganhariam os céus, ele lhe prometera. emmeio do caminho ela a beijou, um beijo de tirar o fôlego e seu ar já não entrava no pulmão. tentou se desprender daquelas mãos, lutou, caíram na lama. mas a respiração no voltava; ele trazia o nó dos dedos brancos apertados na sua garganta e a boca presa na sua.

lembrou do baile da semana seguinte. do vestido, do perfume novo que comprara e do cavalo que neste fim de semana ainda não fora montado. lembrava aos borbotões, como quem sufoca. chorava sincopado e sabia que naquela hora, cercada por réstias de alho com que enfeitava seu quarto, venina ouvia no programa do cesar de alencar, emilinha borba.

sentia a lingua dele fechando sua glote. quase macia. e a mordeu. com a gana da vida. e a cortou. o sangue escorria em sua boca como o jato de água do dentista. ele rolou pela terra longe dela.

retirou a língua da boca, a língua dele e correu até a sede do clube. nada dizia, apenas mostrava a língua.

socorrida, foi para casa. dormiu sob calmantes e nunca mais, nunca mais disse que segunda era um bom dia para se morrer porque quando acordara ainda sentia o afago da mãe em seus cabelos e viu, com estes olhos que a terra, um dia, há de comer o rosto preocupado do pai e no cantomais escuro do quarto sua avó com o rosário nas mãos. ao seu lado venina segurava uma fumegante caneca de café com leite. ah, e sempre sempre trazia nas roupas que usava o perfume do alho que enfeitava seu quarto.





quarta-feira, setembro 14, 2005







por que a oficina literária de João Silvério Trevisan e o Balaio de Textos foram excluídos da programação do SESC SP?





blogues, oficineiros, balaieros e nós, que assistíamos a programação citada acima perguntamos o que motivou o cancelamento da mesma. por este motivo enviei email ao Sr. Válter Vicente Sales Filho, Gerente de Relações com o Público do SESC e ao Sr. Ivan Paulo Giannini, Superintendente de Comunicação Social do SESC. do primeiro recebi a resposta abaixo, com a ressalva de que esta mensagem "destina-se exclusivamente ao destinatário deste email." como a abordagem foi pública, através deste blog citado no email, torno pública a resposta que não explica nada, apenas posterga para outra ocasião os esclarecimentos, o que é de uso corrente em nosso rincão.

perguntei o seguinte, a partir da notícia recolhida na vera, do rosebud:




Ao Sr. Válter Vicente Sales Filho - Gerente de Relações com o Público - SESC SP -


"O SESC SP acaba de cometer uma barbaridade. Tira da sua programação, depois de mais de 7 anos, a Oficina Literária de João Silvério Trevisan. Não contente com isso, também elimina o Balaio de Textos."

Esta medida era realmente necessária? Ou imposições superiores ou de mercado ditaram a decisão? Pois veja bem, num país como o nosso Brasil, pobre em opções culturais perder a Oficina Literária e o Balaio de Textos é empobrecer mais ainda nosso povo desnutrido de cultura. Sem contar que talentos novos ali eram descobertos, exibidos . Saíamos do oficial consagrado para respirar novos ares de novidades criadoras.

Será, caro senhor, que nenhum argumento de consciência pesa nesta decisão? Porque acredito sinceramente que este é mais um ato inconsciente perpetrtado contra o povo brasileiro que precisa, deseja através da cultura e do conhecimento recuperar sua cidadania.

Afinal, por que estes programas foram extintos? Quais as razões reais?

Cordialmente

Esther Lucio Bittencourt
porcas e parafusos
condomínio brasil


---------------------


a resposta

Prezada Sra.

Agradeço seu contato com o SESC São Paulo e informamos que suas observações foram encaminhadas às áreas responsáveis para a devida apreciação.
Aproveitamos a oportunidade para convidá-la a conhecer a programação do SESC Paulo no síito www.sescsp.org.br


Valter Vicente Sales Filho
Gerência de Relações com o Público
Superintendência de Comunicação Social
SESC São Paulo


O conteúdo desta mensagem destina-se exclusivamente ao destinatário deste email.
Antes de imprimir, avalie o seu compromisso com o meio ambiente.



lamentamos ainda o desmanche de tais programas ficamos no aguardo de demais explicações. vejamos se o trevisan nos responde.






terça-feira, setembro 13, 2005




fechada a oficina trevisan



"O SESC SP acaba de cometer uma barbaridade. Tira da sua programação, depois de mais de 7 anos, a Oficina Literária de João Silvério Trevisan. Não contente com isso, também elimina o Balaio de Textos.

publicado em rosebud

Conta Inquieta: "Fui oficineira do Trevi. E foi uma experiência impar, assim como para todos os que tiveram essa sorte. O Balaio é um reduto. O que aprendi lá não existe maneira de agradecer.

Mandem seus protestos JÁ para:

- Sr Ivan Paulo Giannini - Superintendente de Comunicação Social - SESC SP -

ivgiannini@paulista.sescsp.org.br

- Válter Vicente Sales Filho - Gerente de Relações com o Público - SESC SP -

valter@paulista.sescsp.org.br

Coloquem nos seus blogs. Divulguem na sua lista de e mails. Peçam adesões.

****

Na Morte De Um Combatente Da Paz

À memória de Carl von Ossietzky


Aquele que não cedeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não cedeu.
A boca do que preveniu
Está cheia de terra.
A aventura sangrenta
Começa.
O túmulo do amigo da paz
É pisoteado por batalhões.
Então a luta foi em vão?
Quando é abatido o que não lutou só
O inimigo
Ainda não venceu.



B Brecht"






<b>AÇÃO PARA LEITURA DE JORNAIS NAS ESCOLAS


proposta pela Associação Mundial de Jornais


A Associação Mundial de Jornais, World Association of Newspapers WAN e a Associação Nacional de Jornais do Brasil , ANJ , realizarão nos dias 29 e 30 de setembro e 1 de outubro um debate para educadores com o tema " Os jornais na educação na América Latina, compartilhando idéias". São anfitriões do projeto os jornais "O Globo"e "O Dia" no Hotel Sofitel Rio Palace, Avenida Atlântica, 4.240, no Rio de Janeiro

Carmen Lozza , a coordenadora do projeto "Quem lê periódicos sabe mais" programa que há 22 o Jornal o Globo desenvolve diz que a intenção do debate é promover um trabalho enfocado na leitura, na liberdade de expressão e no pluralismo das idéias com o fito de, a partir da escola, formar leitores e cidadãos.Objetivo do jornal na escola


Recordar Paulo Freire:

A ESCOLA

Paulo Freire

Escola é...

o lugar onde se faz amigos,
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda,
o coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente, que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente, cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de "ilha cercada de gente por todos os lados".
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que
não tem amizade a ninguém, nada de ser como o
tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se "amarrar nela"!
Ora, é lógico...
numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se, ser feliz!


domingo, setembro 11, 2005







SENTIMENTO DO MUNDO, DRUMOND, TEM ADELAIDE AMORIM


adelaide amorim, de umbigo dos sonhos


é a conversa da vez, com muito prazer! (2)


antes da conversa abaixo já postada, quando estava ainda em fase de edição percebi que precisava perguntar mais. e mais. e mais. meu desejo seria não parar de conversar com adelaide. e percebi isto em minhas idas e vindas de solicitações. normalmente, a conversa acontece e eu a posto. peço foto e pronto. mas com adelaide estava diferente. eu queria mais. e quero mais conversar com ela, pois ela carrega o mundo nos sentimentos. se, realmente, poeta drumond, alguém tem o sentimento do mundo, este alguém é adelaide amorim. portanto aqui segue a continuação da entrevista que adelaide nem sabe que foi postada num dia.

1-como algo pode estar conosco e ser contra nós?

Tanta coisa! Pra começar, a gente se boicota com mais freqüência do que sonha nossa vã filosofia: quando se quer muito alguém ou alguma coisa que mexe com a gente; quando surgem oportunidades ditas imperdíveis que a gente dá um jeitinho de perder; quando é imprescindível acertar e a gente erra. Por outro lado, criamos defesas para evitar determinado sofrimento, e acabamos construindo mais condições de sofrimento, como a solidão; ou quando se evita todo envolvimento, quando se teme e reprime um sentimento, uma emoção com medo de perder o controle da situação. E às vezes esse algo é tão sutil e bem racionalizado que a gente não se dá conta dele.

2-muitos artistas preferem carrear a energia da libido para a criação, vários até se privam de sexo enquanto criam. seria a produção artística um imenso orgasmo?

Quase todo mundo se realiza produzindo alguma coisa, é um dos mandamentos para viver bem, ter motivo de auto-estima. O trabalho de criação em especial envolve tanto e é tão prazeroso que guarda uma analogia com o tesão, mas é um trabalho solitário. Pessoalmente não acho que substitua o gosto pelo outro, a velha e boa trepada bem dada. Mas as pessoas variam tanto que não dá pra categorizar ou listar casos e condições. Uma coisa acho que é certa: a libido funciona em muitas direções, o sexo é só uma delas. A motivação e a mobilização para criar têm a ver com libido, assim como toda arte e cultura humana e seu acervo. Uma ilustração muito rica disso é A tragédia brasileira, do Sérgio Sant’Anna, que só li recentemente.


3- mas imaginação e memória não são antagônicas. o quanto de imaginação tem na memória e vice-versa? isto não tiraria a credibilidade da história que é feita de memórias e fontes primárias, como jornais e registros cartoriais? poderíamos ter a mémoria do redator da história como fidedigna?

Que história você conhece que não traz em si um traço de interpretação? Quantas versões existem para o grito do Ipiranga? E para o suicídio de Getúlio? O registro de jornal envolve o ponto de vista de quem o fez, por mais imparcial que tenha sido o jornalista. Até mesmo os ensaios sobre qualquer assunto, os texto acadêmicos mais respeitáveis têm em si um rumo impresso ou sugerido. Não estou falando de imaginação livre e anárquica, subjetiva, mas dos pontos que infalivelmente vão ser acrescentados por quem conta o conto. Empresta-se ao fato histórico um caráter predominante, que fala de seu significado dentro de um contexto e que pode ou não corresponder à versão oficial dada a esse fato. Interpretar isso é um trabalho sempre muito interessante mas muito difícil, porque cada acontecimento é uma trança de muitos acontecimentos e envolve muitas subjetividades.

4- afinal, de que material é feita a depressão?

Não é material. A depressão é um vazio, uma desesperança total, uma morte sem cadáver no sentido de que a vida perde a razão de ser. A vida da gente é um jogo em que o presente é o dado que se tem na mão e o futuro é aquilo que visamos ou desejamos, o objetivo. Na depressão, o dado está em branco e nem mesmo isso nos mobiliza, porque não interessa ter um objetivo.

5- há quanto tempo você acumula influências.pelo que me consta, as minhas têmn a idade da terra. fazem parte do dna.

De que influências você está falando? Pelo que estou entendendo, você fala do ambiente familiar, cultural etc. A todo instante estamos recebendo influências, é um fluxo que só pára quando se morre, e obviamente começa quando se é concebido. Essa idéia fica o tempo quase todo em off, e é preciso ficar atento para não cair na idealização ou numa identificação que engesse a espontaneidade. Mas ninguém consegue ser integralmente original. Também no trabalho de criação nada se perde e nada se cria de modo absoluto.


a primeira conversa está abaixo deste post.


THE END







quinta-feira, setembro 08, 2005







adelaide amorim, de umbigo dos sonhos


é a conversa da vez, com muito prazer!





"esther, acho que ficou faltando te dizer alguma coisa. do jeito que foi ficou ainda mais tosco do que eu sou de verdade. mas sou tosquinha tosquinha, demoro pra cair as fichas, por isso fiquei processando essa pergunta-chave: você falou na marca, no que motiva afinal essa escrita que eu faço meio freneticamente, sem pensar muito, estudando pouco. acho que é um desejo de mais compreensão e mais acolhimento entre as pessoas. não é bastante ter gestos de polidez e boa educação, é preciso mais, tentar entender a si e aos outros. vejo que faço a volta e retorno a uma pose de clarice que não queria ter. mas o que me impele é isso mesmo: tentar entender e por causa disso viver melhor. porque se você não fizer nada pra isso, que me parece tão essencial, a vida fica muito difícil (já é o bastante). não quero dar a entender que meu ideal é ser irmã paula, porque é quase o espelho disso: preciso entender e queria que me entendessem porque preciso, é por mim que faço isso."

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o primeiro livro: "umbigo dos sonhos"

"não falo da solidariedade que se propala na mídia global, embora reconheça que eles até conseguem resultados práticos. mas é que eu acho que ser feliz depende de saber acolher mas também de saber ser acolhido. Que é preciso ter a medida do bem que um gesto de empatia pode fazer, e só quem se sente compreendido e bem recebido pode ter esse gesto. É preciso ter espaço interior de manobra para deixar uma vaga para os outros, e o grande mal de hoje (que não nasceu hoje, mas está atingindo hoje uma tensão insuportável) é uma intolerância que nasce exatamente do não-entender, do não saber se identificar com algum traço de quem está à tua frente. É preciso saber refletir, e isso exige mais que nascer."

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adelaide amorim

acho que de alguma forma derrida fala nisso quando analisa a cordialidade, a necessidade de ser o anfitrião do outro. "Le Pardon, La Vérité, La Réconciliation: Quel Genre?"


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o segundo livro,um romande, "como se livrar de glória"

adelaide amorim mora na usina da tijuca, no rio. diz que os anos que tem são muitos. tem cinco filhos, "hoje todo mundo criado, e tenho três netas, uma gata e dois livros publicados - o "umbigo do sonho" e "como se livrar de glória", um romance". é, é adelaide amorim de "o Umbigo dos sonhos" a entrevistada.

conversa leve, nem conversa é. parece poesia que afaga a tarde. foi numa tarde de sol. Aanda inverno e o tempo seco de poeira aqui em caxambu. a nos separar havia um papel de parede que era uma amarílis vermelha que fotografei na primavera passada. e, de repente, o pólen caído sobre as pétalas de veludo da flor retiveram o rosto de adelaide para mim. sim, seu rosto é como a pétala da amarílis , os pistilos, o pólem... adelaide é uma flor. depois recebi a foto dela. e continuou flor. é ela, a que "troca os sapatos para não trocar de vida".

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"outra questão ficou por conta dos blogues, que peguei truncada, mas acho que você têm razão - em alguns casos eles são um documento da vida privada de hoje, sim, sem disfarces nem muita maquiagem.
e a coisa do didatismo de que falei não é ao pé-da-letra, é alguma coisa que já existe em blogues muito informativos como inagaki e ildelber e uns tantos mais, mas também em boas literaturas de prosa e poesia, levando em conta que motivar já é parte do processo de aprendizado. "

"quando se fala em estender a mão ao próximo se pensa logo em paternalismos e populismos. não é disso que falo, mas da necessidade efetiva que existe de antes de mais nada abrir os olhos das pessoas. isso é angustiante em nosso país (em outros também, mas aqui dói mais porque os olhos vêem a toda hora), porque sai governo entra governo e a educação continua sendo um supérfluo.
no fundo, as questões estão interligadas, porque não há como fazer entender a necessidade de ser cordial sem que o sujeito se perceba percebendo os outros. não mora aí a raiz e todas as guerras, na falta dessa capacidade?
por isso queria explicar melhor o que ficou dito pela metade".



adelaide amorim é escritora. formada em filosofia, com mestrado em literatura brasileira. publicou "o umbigo do sonho" pela editora litteris em maio deste ano. tem um blog com o mesmo nome. este ano lançou “como se livrar de glória”? estranha maneira de nos convocar a pensar sobre os nossos anseios de outra glória que muitas vezes implicam em fama e fortuna é fazer a pergunta através do título de um livro. desta vez um romance. pois ao fim e ao cabo nossos anseios cabem numa imensa biblioteca da história da humanidade.

este ano lançou "como se livrar de glória"? estranha maneira de nos convocar a pensar sobre nossos anseios da outra glória que muitas vezes implicam em fama e fortuna, e ver o tamanho deles, é fazer a pergunta através do título de um livro. desta vez um romance. pois ao fim e ao cabo nossos anseios cabem numa imensa biblioteca da história da humanidade.


umbigo do sonho

por que umbigo do sonho?

ah, o nome do blog veio do nome do livro. são contos, cada um com um ponto meio obscuro, meio canhestro. sabe como é difícil entrar no mercado de livros, aí achei o título chamativo. além de ter a ver com o freud.
quis chamar a atenção para o que havia de não-lógico nas histórias. freud fala exatamente em umbigo do sonho como aquilo que ninguém explica durante um sonho. ele foi o primeiro a se preocupar com isso como estudioso, deu um tom acadêmico, enxertou na teoria dele.


o que veio primeiro o livro ou o blog? de que trata o livro? contos?

primeiro foi o livro. são contos, todos chegam num momento meio desafinado, fora do racional.

a memória é uma maneira de narrar e de ficcionar? isto não estaria fora do racional?

o que está na memória fatalmente vai parar nas narrativas que a gente desenvolve. mas pode ou não servir a uma linha racional, depende do uso que se faça dela e dos dados que traz. o que a gente inventa em ficção não tem mesmo um compromisso muito firme com a razão, mas em geral segue uma linha de verossimilhança. os contos do umbigo às vezes saem bem dessa linha.

onde começa o delírio e acaba a vida?

se você está falando de vida real, vai pro segundo plano quando a gente senta pra escrever. mas delírio propriamente pode até não pintar. ou pode, dependendo do momento.

além de blogar e ser escritora de livros o que você faz mais, adelaide?

tenho uma microempresa que faz desde revisão até redação tipo ghost-writer. faz também programação visual, sites etc. além disso tive até o meio deste ano um consultório de psicanálise, mas agora quero mais tempo pra escrever, o que estava ficando impossível.

já existe acompanhamento de pacientes no vitual?

se há, eu não faria. é preciso ver o paciente, a expressão corporal, facial, as reações. já ouvi falar disso, mas não levo fé.

quem é glória?

na orelha do livro, está definido que glória é o que sai mal no retrato. é o que está conosco mas é contra nós. no livro, é uma personagem, mas o significado que eu quis dar a ela é por aí.

a sua escrita parte da necessidade de reconstruir o passado, de sua vivência como analista, das memórias, da precisão em mentir que todo escritor e poeta sente, enfim, por que você escreve? por que escrevemos?

não sei porque todos os outros escrevem e também não estou muito certa de mim, porque às vezes é uma coisa muito imperiosa, muito forte, que obriga você a catar um pedaço de papel pra anotar uma frase, uma idéia. é uma coisa um pouco compulsiva. acho - pela teoria - que tem a ver com uma energia libidinal que não consegue se esgotar nas atividades do dia-a-dia, que te pressiona e precisa de expressão.

o que torna singular sua escrita? como vê ainda não li livro seu, o que farei em breve, mas leio seus textos no umbigo e sinto que muitas vezes, mais do que a memória prevalece, para te guiar, a bengala da imaginação.

eu acho que as duas andam juntas, imaginação usa o material da memória quase sempre (ou sempre).

uma amiga , analista também , me disse que uma hora o povo brasileiro não suportará tanta pressão, e desilusões e acabará em depressão. o que ainda o salva é o carnaval e o futebol.

tenho a impressão de que o povo brasileiro - a maioria de baixa renda e necessitada de tanta coisa que nem chegou ainda à consciência - já é um povo a caminho da depressão. a alegria do carnaval e o futebol são paliativos , mas o dia-a-dia é massacrante o bastante.

a depressão estaria associada à violência?

acho que não. violência é um outro tipo de coisa, é o negativo do que seria alegria.

mas o que torna singular sua escrita, adelaide. esta ficou sem resposta... (posteriormente, ela respondeu. é como começamos a conversa.)

mas a escrita de todo mundo não é singular? assim como cada pessoa é uma só?

não sei. harold bloom tem um livro que fala sobre "a angústia da influência" e o começo de nossa escrita sempre denuncia influências até que nossas braçadas acreditem abrir novos caminhos...

bom, se houve influência, e é claro que houve, foi acima de tudo de clarice, meu tema de monografia de mestrado. mas houve jorge de lima, que sempre amei. rilke e outros nomes. claro que não cheguei a ser como nenhum deles. mas foram queridinhos meus e ainda são.

pode ser singular no sentido de que uma pessoa é única. mas este singular compõe o plural, não é mesmo?

com certeza, a gente é um feixe de influências e nem só de outros escritores. mas não fica muito claro pra mim quem seria mais importante. lembrei do proust, que me balançou durante uns anos, mas não sei se ficou muito dele. olha, a gente vai lendo e pegando alguma coisa, no sentido mesmo de aprender, de assimilar. clarice está na frente disparada. mas há um cara chamado heinrich boll, um alemão, que me impressionou muito. teve garcia marquez, o saramago de "todos os nomes" (mas também só esse livro), e agora o cristoval tezza, que estou amando. além do sérgio sant'anna. Mas não consegui aproveitar tudo que devia desses escritores.

pior do que lembrar um bom passado/ perdido embora, porém bem vivido,/ é pensar tão-somente o quanto agora/ a vida já perdeu todo o sentido. (poema de adelaide amorim publicado na garganta da serpente . perdeu?

e teve também virginia woolf. não, a vida não perdeu sentido nenhum, acho que agora estou até começando a ter tempo de perceber o relativo sentido dela. mas o poeta é um fingidor, você sabe!...

como foi sua infância, adelaide? também gostava muito de açúcar cândi.

infância é um tempo de coisas maravilhosas e de coisas terríveis. tive das duas. mas o balanço foi ótimo, porque me ajudou a "decifrar" algumas pessoas, me ajudou a desenvolver defesas também, sou uma tímida furiosa, e me recuso a ficar uma velhinha conformada.

esta convivência com a mais idade é fácil para você ou complicada ?

pois é. É difícil lembrar a idade, mas o espelho insiste em ficar dando conselhos sensatos. ainda bem que ninguém segura os pensamentos e os sentimentos. mas com as ações e as palavras,às vezes é preciso ter cuidado.

você disse algo que dá o sentido da vida, aliás nos define : as palavras. este afã em fazer das palavras nosso instrumento de comunicação.

é o que nos resta. as utopias se esvaziaram, então é preciso que a gente aproveite a matéria delas com outras finalidades que não o de se embalar. fica dom quixote pra gente gostar e admirar. todo mundo tem seu quixote. agora é preciso fazer outras artes e as palavras são materiais multiuso.

por que você diz que todos, os seus contos, os blogs chegam num momento meio desafinado , fora do racional?

falo isso especificamente dos contos do umbigo. com os outros isso pode acontecer, não se sabe se vai ser assim. mas ficção é sempre um terreno inseguro.

você também ama coisas, e as coisas assumem na maioria das vezes um papel importante na sua escrita? como uma pedra, a curva de um rio...

esse lado visual é muito importante pra mim. além disso as coisas que convivem com a gente vão ficando familiares, fazem parte da vida. acho que é isso. e há as que a gente ama e as que a gente não quer mais. os sentimentos marcam as coisas e os lugares e os definem.

aual a repercussão deste seu segundo livro e como foi a do primeiro?

nenhum dos dois é best-seller , mas venderam um tantinho. O umbigo está mais viajado, já anda até na alemanha, com o vítor rodrigues, do botequim poético. eles estão no paraná, em porto alegre, em aão paulo, em recife, em macapá, em goiás, brasília e aqui no rio. os contos venderam mais (são de 2003) e glória já vendeu perto de 100 exemplares, e é deste ano.
se a gente pensar no tamanho do país e na quantidade de gente que lança livros e escreve na mídia, por exemplo, não é nada. continuo praticamente anônima. mas preciso lançar esses livros pra não ficar engavetada.


você acredita que os blogs ajudam a fomentar o desejo pela leitura e formam leitores em potencial?

a história dos blogs é meio difícil de definir assim em poucas palavras. Há de tudo. alguns deles, acredito, são bem positivos para despertar o desejo de leitura de boa qualidade. o problema é que as pessoas estão cada vez menos informadas e formadas para saber distinguir. acho que os blogs poderiam por exemplo ser mais usados como material didático que não fosse chato.

esta opção é bem interessante, mas como se faria isto num país onde a tradição é a da oralidade, como o brasil, e onde a cultura , o conhecimento são sonegados, e a inclusão digital é uma peça de mal gosto para fazer os tolos acreditarem em democracia? como se poderia atingir este povo? e que povo?

há gente de todo tipo na internet. a maioria, eu acho, quer encher o tempo e se comunicar sem maiores complicações. é fácil dizer que tem zilhões de amigos na internet. fora umas exceções, não tem amigo nada, tem outros tantos em busca de comunicação. povo é uma coisa indistinta, mas as pessoas que estão do lado de lá poderiam se beneficiar. como fazer isso, é outra história.

para encerrar nossa conversa e conversa não se encerra, mas para fechar a obra, e obra não precisa ser fechada, fica esta última pergunta que nos remete ao contrário da fala e seu ruído: pelo que vejo sua linha de trabalho é freudiana, quando a gente entra na sala e o analista espera que se fale alguma coisa , mas se não falar , tudo bem. a mudez, o silêncio, o nada dizer também são formas de expressão e comunicação, concorda? fiquemos em silêncio então, ou ...

é, o silêncio é um modo de dizer alguma coisa, que fica menos clara, talvez, mas tem consistência própria. gosto muito do silêncio, e em alguns casos é um indício de que alguma coisa está se processando. dependendo de como se articula com as palavras, às vezes vale por uma palavra ou várias.







o mundo em 20 quilômetros



márcia bacco, veterinária daqui , às terças-feiras trabalha em campanha, um município que dista uns 60 kms de caxambu. no final da tarde, de volta para casa, já nos últimos 20 kms ela passou por todos os transes da natureza; ventos fortes, chuva grossa e finalmente a estrada coberta por folhas e árvores derrubadas. mais em frente derrapou no gelo que já caíra . aguardou que árvores fossem retiradas da pista, conseguiu, como muitos, passar com seu carro em baixo de uma tão grossa que não encostara no asfalto e esperou que o fog provocado pela evaporação do granizo , pois o dia fora de sol e muito calor, permitisse ver pelo menos um palmo adiante do nariz. os dias têm sido assim . a natureza em revolta nos assusta com seus roucos gritos, faíscas pontiagudas, nuvens enlouquecidas e negras.

enquanto comíamos uma tilápia recém pescada ela contou a aventura ou desventura, não sei. faltou uma câmera para registrar esta multiplicidade de acontecimentos durante 20 kms. em alguns momentos parecia a ela um outono europeu tal a atura que o tapete de folhas atingia na estrada. em outros deu para perceber a eficiência municipal, pois, máquinas já haviam amontoado o gelo no acostamento da estrada. mais adiante, em pouso alto, uma chuva de granizo, com pedras maiores do que bolas de tênis, acertaram e feriram um motoqueiro, destruíram carros, pára-brisas, destelharam casas.

e entre estas duas cidades estão caxambu e são lourenço que escaparam do terror. até quando? é preciso que abracemos as árvores, acarinhemos o chão, conversemos com riachos e riachões palavras de amor para acalmar a terra necessitada de carinho. que nosso pisar nela seja macio e que tenhamos a sabedoria de a afagar com passadas. esta terra que nos ama e a quem nunca dissemos, eu te amo, terra. EU TE AMO, PLANETA TERRA. não por desespero ou temor digo isto. é que nunca te fiz uma declaração de amor com palavras em alto e bom som como agora, nesta noite em que olho seu céu nervoso e uivo para entabular conversa e confessar minha animalidade.







exposição de orquídeas




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orquídeas do meu jardim

começa amanhã às 9 horas e irá até o dia 11 a XII Exposição Nacional de Orquídeas na Quadra Charlo Lage- em são lourenço, sul de minas gerais. a promoção é da caobi- associação dos orquidófilos do brasil. às 12 horas serão julgadas as flores expostas de acordo com sua forma e perfeição. maria lucia palermo caetano, orquidófila, moradora em são lourenço e presidente do núcleo orquidófillo da cidade promove esta exposição desde 1992 . desta vez 23 cidades de minhas gerais, são paulo e rio de janeiro estarão presentes. leia mais em domínio da matéria







quarta-feira, setembro 07, 2005

a morte de quem não nasceu: a independência!





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palavras tortas, que legal! não entendi como você faz mas sei que consegue. que legal!!!! do gmail vim até aqui! impressionante!!!!! beijos, comadre . ainda bem que você saca o que acontece. precisamos fazer com que as pessoas percebam. mas faltará sempre o povo que não alcançaremos nunca. beijos tristes porque vou morrer sem ver este brasil resolvido, porque nossa geração lutou tanto pela reformulação dos valores e talvez apenas tenha escancarado a imundície.

estes jovens que foram presos, banidos, mortos, abriram mão de uma vida pacata para dizer: todos os códigos que vocês instituíram , desde esta falsa concepção de família, onde o homem tudo pode, até agredir moral e fisicamente sua mulher e sob o tacão de suas botas fazer tremer seus filhos- de acordo com a disciplina imposta pela religião que legou aos cordeiros os dez mandamentos, para deitar e rolar como lobos com a propriedade da humanidade-, até a organização do estado; estes valores estão nus e fedem .

eles, esta geração , pediu apenas para que surgisse, através de seu trabalho, o chamado poder jovem, um mundo novo de solidariedade e amor! o paz é amor não eram palavras vazias, mas um exercício diário de aprender o outro, conviver consigo mesmo e amar o todo.

esta juventude que abandonou suas casas, empregos e estudos e não só ela! -recordo de uma das primeiras feministas desta terra, a carmen da silva, desfilar pela rio branco com várias outras mulheres, em protesto pela adoção de falsos valores, vestida de noiva singela- desejava que toda a ação contivesse autenticidade.

não era queimar sutiãs que importava. mas a simbologia! significava romper correntes enferrujadas para criar elos fortes e mais verdadeiros. não pretendíamos ser proprietários da verdade, mas seus agentes, pois sabíamos que o que seria hoje teria sua ampliação amanhã, suas arestas aparadas, melhor resolução. foi um tempo bonito de brasil e no mundo.

onde todas as mentes e corações estavam contaminados pela idéia de verdade, sabe? esta verdade que permite com que um possa olhar nos olhos do outro, pois a enunciação dos sentimentos está sempre à tona. pedíamos o fim do capitalismo, do feudalismo, tão presente ainda nas ações sociais e de governo, de toda exploração do homem pelo homem, enfim, ah, dias! de luta e felicidade, mas de sonhos.
e se abraçávamos o comunismo, o anarquismo ou o socialismo é porque acreditávamos encontrar neles uma saída, para derrotar o capitalismo. no fim e ao cabo desta história concluímos que a única solução seria o fortalecimento das característica que definem o ser humano, que hoje nem sabemos mais quais serão!

sonhávamos, desejávamos, lutávamos. não éramos está massa amorfa e destituída de emoções que se interessa apenas pelo próximo capítulo, pelo mais novo gadget, e nomeia como reis , cultua os baderneiros de plantão, ou sejam, os jogadores de futebol, os cantores da hora, as modelos, apresentadores/as , os televisivos, os atores, as atrizes, o traficante, o assassino da onda como ícones.

esta geração, a minha geração, não abdicou do chamado sucesso pessoal, de vantagens individuais, de usufruir da facilidade dos bens familiares só por onda. acreditávamos no coletivo! que poderíamos construir um mundo melhor para nós, nossos filhos e netos. e hoje, o que está aí é o que chamam de mundo. "mondo cane", isto sim, filme daquela época! mundo imundo.

porque te juro, li , não contávamos que o poder econômico fosse tão forte, já naquele tempo, a ponto de destruir a juventude- as mentes brilhantes, que foram expatriadas- e remetê-la ao mundo das drogas, que eles traficavam. enterrar os sonhos, transformar a felicidade, que era simples, neste desejo de consumo desenfreado a nos deprimir por não conseguirmos atingir as metas indicadas por eles ao mesmo tempo em que nos acena com a felicidade do dia seguinte, quando outra propaganda estará no mercado - é clichê- mas digo: a alimentar nossas utopias.

o poder do primeiro mundo conseguiu anular definitivamente o terceiro e quando falo em mundo digo gente. o tudo pelo social foi a maneira que encontraram para fazer emergir um proletariado que conquistou sua ascensão social por meios escusos. estes que são praticados impunemente e exibidos como filmes do bem para a nação.

sem educação ou cultura este proletariado, que deveria emergir através da conquista destes fundamentos, hoje dita as regras a partir de seu desconhecimento de valores éticos e dignos. e os que sabem, quem conhece e pode falar sobre uma história, contar de uma luta, um sonho, que deveria ser realidade, morreu, está mudo e, quando fala , é louco.

desculpe-me o desabafo, querida li , neste sete de setembro quando é comemorada a independência do brasil.

te deixo um abraço e mais , uma pergunta: independência de quê?
afinal, que palavra é esta?

terça-feira, setembro 06, 2005




adorei! obrigada.




ontem vim ao porcas, creio que antes do meio dia. aqui, neste exato lugar um novo panorama se falasse de paisagem, um layout renovado já que é um desenho, eu vi. mas quem me garante que desenho não é paisagem? quem me conta alguma história, um fato, um acontecimento para descrever o que é paisagem? se o desenho também me toma com a força dos ventos? nos toma a todos , aliás.

ao acordar e abrir a janela de meu quarto vejo o bambu japonês aprisionado por romário para que não transborde sobre a janela e primaveras, ou bouganvilles, como queiram, vermelhas, dobradas caprichosamente estendem suas flores aos sabiás- laranjeiras, sanhaços, tico-ticos , ben-te vis que povoam este recanto. imediatamente um perfume de cipreste evola da cerca viva.

da-janela-1.jpg

o dia inicia a nascer. chove, mas há sol nas flores e nas plantas. tomo o café da manhã e vejo as mensagens. não sem antes ter ficado a ler um bom livro dividida entre a paisagem das letras e a que está lá fora, depois da janela. então olho o porcas e.... surpresa.

uma nova paisagem. ou como preferirem um novo lay-out. lindo! pasmo enquanto abre a página. li replantou o jardim e imagino a cumplicidade de meu irmão mais velho, o juliano, ao desenhar as letras no photoshop . o sorriso dos dois varando insones a noite para me oferecer e aos que aqui vêm o a-de-anarquia.jpg símbolo da anarquia. depois, colocar os links em ordem alfabética, renomear os pastéis, como ela diz, e olhei... Olhei e olho até hoje sem saber o que dizer para a minha querida e seu filho, juliano .

até agora não sei . a página está tão bonita! reparem no pano de fundo e no desenho caprichoso, quase barroco das letras, viu ju? agradecer é pouco. gostei e roubei umas frase do blue dragon .

cai agora lá fora uma chuva macia. o cheiro de terra molhada inunda o micro. esta paisagem que vocês bordaram sabe que a chuva é parideira. para que a grama brote e os frutos nasçam. e estamos os três aqui, mesmo que estejam aí, em minhas emoções , neste momento olhando felizes pelos dias idos e vindos para a mais nova consoante: uma bordadura de entre-meios que em porcas surgiu.

da-janela.jpg



Frases tecnicamente perfeitas

1. O pai da Malu Mader é o Malu Fader

2.Você não tem, mas o Frankstein

3.Eu não vou furar. O Juca Kfouri

4. Aquilo todo mundo viu. Até o Clodovil

5.Todo mundo só morre uma vez. Mas Alanis Morrissette

6. Eu pulo do barranco. O Luciano do Valle

7. Você já morou nos EUA? A Marylin Monroe

8.Você faria papel de trouxa? A Betty Faria

9.Eu acordo mais tarde. E o Edir Macedo

10. Ninguém queria pagar a conta. A Cássia Kiss

11.O marido da Hilda Furacão é o Tony Tornado

12. Eu estou perto de casa. O Silvester Stalone

13.O Pateta usa o teclado. O Mickey Mouse

14. Eu escovo os dentes três vezes ao dia. O Joãozinho Trinta

15. Você já esteve na Europa? Adriana Esteves

16.Eu fumo. O Celso Pitta

17. Eu gosto de chá gelado. O Clark Kent

18. Eu fujo. O Chiquinho Scarpa

e repito que, "Na verdade, a "Conquista do Pão" parte do pressuposto criado por Proudhon de que a herança da humanindade é coletiva e que, sendo impossível medir a contribuição de qualquer indivíduo isolado, essa herança deve ser desfrutada coletivamente" Kropotkin .

vocês deixam de herança seu saber, eu o rego com meu amor. obrigada.

dajanela3.jpg


segunda-feira, setembro 05, 2005






solo new orleans





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buddy bolden foi um jazzista que tocava cornetim . não deixou registro de sua obra mas influenciou meio mundo bom do jazz e blues. ele morreu durante uma parada pelas ruas de nova orleans botando sangue com música pelo instrumento. é um dos precurssores do jazz. michael ondaatje escreveu um romance sobre sua vida. o livro tem o ritmo do jaz nos cortes e no tratamento da escrita. às vezes um percurso completo da progressão dos acordes de um tema, em alguns momentos só o início da frase musical em contraponto com outro compasso. ou como fazia dave brubeck com predileção por compassos em números primos : 5/4, 7/4, 11/4 . é uma história triste e fiel que nos conta o livro. a vida de buddy bolden é pouco conhecida .sabe-se que era barbeiro e tocava à noite com as bandas locais. enlouqueceu aos 31 anos e passou grande parte de sua vida em um hospício.

o livro de ondaatje, "buddy bolden's blues" nos leva a caminhar pelas ruas de new orleans, que já conhecemos de filmes e histórias das big bandas. é um improviso sua escrita. bela, pungente e nos encaminha à experiência em ouvir frases de jazz através das letras com swing que determinam a tensão e um relaxamento. jazz é como cópula. ondaatje ajuda com toques sábios o leitor a percorrer todas as gamas do prazer profundo até sua sublimação no gozo.

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hoje, ao olhar as ruas que não mais existem, um corpo na rua, uma praça que é ilha nesta cidade situada dois metros abaixo do nível do mar só um solo de miles davis , wynton marsalis ou sachtmo e, talvez nem eles, conseguissem dizer da desolação que tinge a terra de luto. mesmo armstrong que conseguia levar alegria com sua música talvez, desta vez, ficasse mudo.

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sexta-feira, setembro 02, 2005


poema de alice ruiz

ruinaseso.jpg
foto elb


Paris 1996


sonhar uma cidade
sonhar tanto
sonhar até a saciedade
um dia
sentimos a vaga sensação
de já ter estado lá
talvez num filme
quem sabe num poema
frase
flash
flecha
feeling
a sina de ser cidade
dobra a esquina da memória
entra em cena
vira enigma
e se ilumina
assim a cidade se imagina


Alice Ruiz



ruinaseso1.jpg